segunda-feira, 27 de junho de 2011

Uma luta velada, um grito no peito, uma angústia...



Frente de afinidade: Professor de Sociologia do Cursinho DCE da Unicamp
Duração: fevereiro/2011 a maio/2011 (sim, já foi)
Perspectivas: conscientização além vestibular através da Sociologia e do cotidiano dos estudantes
Desenvolvimento e Resultados: segue abaixo...

Um dia, um cartaz anunciando a inscrição de professores voluntários para o um cursinho pré-vestibular do pessoal da gestão Cantando por Liberdade do DCE da Unicamp (formada por um coletivo chamado Domínio Publico, claramente baseado em concepções políticas de um dos núcleos internos do PSOL, embora não declarem isso).
Teoricamente, um cursinho coletivo, com participação de professores,  coordenadores pedagógicos E estudantes. Teoricamente... Na prática, a vanguarda... Sim, nas palavras de um irmão em liberdade, a Vã-Guarda. Me disseram que isso hoje está mudando, eu espero que sim, pois sei que existem pessoas lá insatisfeitas com a forma que está. O paradoxo da necessidade de compreender como os estudantes encaram o cursinho, mas ao mesmo tempo a não convocação dos mesmos para as reuniões. A afirmação da abertura que os estudantes possuem de recorrer aos coordenadores para conversar sobre alguma angústia, mas ao mesmo tempo o distanciamento entre os coordenadores e estes mesmos estudantes.
Não, não dava para encarar apenas como um cursinho pré-vestibular. Não apenas por ser um cursinho popular, mas também pelos motivos acima. Não há explicação para uma proclamação de cursinho popular e democrático, mas que possui pretensões de selecionar apenas professores que  possuem um “engajamento político”. Que eu saiba o processo pedagógico não é só entre professor e estudante, mas também entre professores pois, afinal, é democrático. E se é assim, alguém que quer entrar no cursinho pra ganhar experiência deve ter a mesma oportunidade que alguém que possui o suposto engajamento, pois dentro do cursinho é um lugar onde se dá a dialética entre os diferentes interesses de estar ali. Realmente, talvez, como algumas pessoas da LER-QI me disseram uma vez, MEU conceito de democracia seja deturpado. Esqueci de perguntar a eles se a democracia deveria ser só para alguns então, e quais seriam eles, pois 95% da população não pensa de forma democrática ou sequer igualitária...
Só discutir nas reuniões não resolvia, principalmente, pois elas levavam horas sobre os mais variados temas. Só restava um lugar, e o mais importante: a sala de aula. A frente foi ali, semana sim semana não (as aulas eram alternadas com as de filosofia), ela se manifestava, por 45 minutos.
Para alguém que quer se contaminar com um verme temido pelos grandes (sejam eles posição ou “oposição” ao sistema), não dá para entrar numa sala e falar justamente sobre sociologia, sem falar sobre a vida das pessoas que estão ali. Seria absurdamente mais fácil dar aula se desse para fazer isso, fato, mas FELIZMENTE não dá!
Não sei dizer como foram aquelas aulas para cada um dos estudantes, principalmente pq a margem de desistência é enorme em um cursinho popular. Mas lá estava eu, tentando estabelecer pontes, mostrar que a vida deles é o maior exemplo do conteúdo da disciplina, e justamente da forma deturpada e de foco neoliberal que se apresentam os conteúdos.
Sei dizer sobre duas pessoas, que não vejo necessidade de citar nomes, pois elas sabem quem são, e sabem da importância que foi tudo aquilo. Um dia, tive que sair do cursinho. E eis o maior resultado de uma aula com uma perspectiva libertária:
Na ultima aula que eu ia dar, ia ser a abertura do tema Ideologia. Me lembrei de uma frase que conheci no Museu da Resistência em São Paulo, ouvindo os depoimentos dos presos onde era o “saudoso” DOPS. Um desses depoimentos falava de uma frase escrita em sangue na cela, que era algo assim: “Meu amor, resisti o tanto quanto pude, mas não tanto quanto você resistiu a mim”
No depoimento, a ex-prisioneira falava que haviam tomado aquilo como um poema de resistência. Escrevi essa frase na lousa e comecei falando que era minha ultima aula, e que começava com aquela frase justamente pela “história” dela, para retomar a idéia de ideologia e contra-ideologia. E terminei falando em luta, contra si mesmo, contra a ideologia, contra as influências inconscientes que nos afastam da liberdade.
Eu vi um choro, possivelmente dois, mas um era nítido. Eu senti vontade de chorar também, por  tudo. Talvez devesse ter chorado, talvez não. Acabou a aula e fui ao banheiro. Quando volto, vejo duas pessoas dos choros paradas em frente a sala. Fomos pro bar, e ali conversamos sobre tudo o que foram as aulas, sobre tudo o que pode ser lutar, sobre liberdade, sobre amor, caos,  angústia, solidão, esperança, dominação, disciplina e medo... E ali, vendo aqueles dois dizendo o que aquelas aulas foram pra eles, eu percebi que é preciso lutar, sempre, em qualquer brecha que surgir, e que em todo momento ela se faz necessária, pois a pressão, a condução de nossas vidas pelas mãos de outros, é constante, enraizada, e tem respaldo e base de atuação com formação de séculos...
Se alguém me perguntar um dia de que adiantou se só dois se sentiram assim, eu respondo com um pedido, o de perguntar a estes dois a mesma coisa que me perguntaram...

PS: E não, não são meras impressões, mas sim pautadas no que me foi dito.

Anarke Vicius

Ser educador e libertário - Federation Anarchiste Française


A educação é a garantia de reprodução dos valores, das normas, das formas de relação entre humanos. Ela é, a bem dizer, a corrente de transmissão de nossas sociedades que funcionam sob um sistema hierárquico e por isso mesmo, autoritárias.

Dessa forma, nas instituições de ensino e formação, ela tem uma finalidade adaptativa, preparando os indivíduos à aceitar o contexto societal e mesmo a reforçar as bases pelo processo de interiorização de princípios que regem a ordem social. Dessa maneira, os indivíduos desejam contribuir para perpetuar esse sistema e suas práticas. A socialização opera então pela via da educação. A expressão “Ordem pelo poder” é bem aceita e se tornou mesmo uma doxa. Dessa forma, nós somos preparados para entra na fila pelo o nosso próprio bem – digamos: para nos integrar.
 
A reprodução social, pela via institucionais, foi largamente demonstrada por numerosos trabalhos em sociologia da educação realizados – entre outros – por Bourdieu e Passeron, e Baudelot e Establet ¹. As pesquisas nessa área destacam principalmente a segregação social, a reprodução das desigualdades no que diz respeito ao acesso ao saber.
Os anarquistas mesmo sempre criticaram - verdadeiramente condenaram - esses dispositivos acadêmicos, conscientes de seus efeitos de formatação. Para nós a educação visa a “se formar” mais que “ser formado”; encaramos a educaçã como a aquisação de saberes que seriam as armas intelectuais para a emancipação. Incitar à reflexão, à análise, é sustentar o pensamento e suscitar o desejo de agir para transformar a sociedade em outra que não aquela onde a pessoa é dominada e explorada.

Nós sabemos que uma outra educação é possível, uma educação contributiva, em oposição ao obscurecimento das evidências, a análise das relações de poder, e mesmo a compreensão de nossa própria situação na sociedade. Como enunciado por Fernand Pelloutier, ela pode destrinchar “a ciência de nosso próprio infortúnio”.

Essa “ciência” suscita interrogações relativas à “vislumbrar”, a conjuntamente construir outros cenários possíveis para uma sociedade diferente. Ela pode permitir aos indivíduos se construir, com a vontade de não ser mais simples expectadores ou de serem reduzidos ao estado de meros executantes. Nesse sentido, a educação pode ser vetor das transformações sociais, de evolução social, verdadeiramente de revolução social.

A educação fundada sob um estado de espírito libertário, através de diferentes declinações pedagógicas, pelos seus princípios mesmos e suas práticas, responde a uma ambição que deveria ser aquela de toda educação: favorecer a autonomia.

Claro, ela aspira o desenvolvimento do anarquismo por intermédio de indivíduos capazes de analisar a ordem estabelecida e de propor um outro modo de vida conjunta, sem relações de dominação, fundada sob igualdade e ajúda-mútua. Por outro lado, isso não se preocupa em “fazer” os indivíduos afim que eles se tornem anarquistas, já que isso é totalmente contrário ao objetivo de independência. A finalidade é que os indivíduos se erijam como seres tendentes à liberdade de pensar e de ação.

Para um educador – libertário -, o saber é sobretudo pensado como emancipador. Ele é fator de conscientização. Pelo saber, nós compreendemos melhor nosso desenvolvimento econômico, social o contexto político, os assuntos internacionais... O saber é uma arma de defesa e de ofensiva. Então, para um libertário educador, exercer nas instituições convencionais pode parecer contraditório aos seus ideaiss. Bem evidendentemente, a posição não é confortável, e nós somos atravessados por dúvidas, por maus-estares. A maior parte dos assalariados libertários não conhecem além, eles também, esse dilema: pôr em questionamento toda a sociedade e ao mesmo tempo estar incluso e participante?
 
Nós desenvolvemos práticas educativas em ruptura com aquela que é a mais corrente: A PALESTRA, colocando o estudante numa posição subordinada de receptor e não de atuante. E nisso até as pedagogias ditas ativas ensaiaram alguma evolução.

Agora, para nosso posicionamento, nós tentamos situar o aprendiz como sujeito, guardando dentro de nós toda atitude de superior. Dessa forma, é possível favorecer a consciência, o interesse, a curiosidade pela responsabilização, a participação, o trabalho cooperativo, a pesquisa. Nós poderemos emprestar uma abordagem libertária: favorecer a concepção, a construção da pedagogia com ou pelos aprendizes mesmos. Nós podemos mesmo alargar, a sua iniciativa, os conteúdos incontornáveis e/ou obrigatórios.

Nossa relação com os aprendizes foi fundada sobre a troca, sobre um verdadeiro diálogo coletivo e individual. Nós procuramos ser mais “facilitadores” que “transmissores”. Mas trasmitir os conhecimentos se faz indispensável para dar aos aprendizes as bases, os esclarececimentos, os pontos de início. Mas isso não implica que eles sejam passivos. Pôr-se à escuta é também agir, mobilizar suas capacidades intelectuais. À nós, encorajar os questionamentos, a tomada de voz, de posição.

Nós nos inscrevemos na filiação das pedagogias qualificadas de libertárias, portadoras de um humanismo anarquista que lhas são intrínsecas, implicadoras de uma concepção de educação pela liberdade, recusando que o saber seja um poder e visando a despertar a vontade de se engajar na sociedade (entre muitas formas, também pela ajuda-mútua) Todas essas pedagogias põem à frente uma educação integral, tanto intelectual e também manual, permissiva de produzir de maneira autônoma. Todas propõem a aprendizagem pela experiência, o tateamento, as tentativas e erros.

Todo educador deveria se perguntar como favorecer a autonomia simultaneamente possibilitando um ambiente para a apropriação dos conhecimentos, pela experimentação. O libertário se encontra, mais que todos outros, confrontado com isso que pode parecer contraditório: a associação dos termos “educação” e “liberdade”, com a consciência de que educar supõe uma ligação com seu projeto educativo.

Em outro, a não-diretividade, strictu sensu, promovida por certos pedagogos para favorecer a “conquista da liberdade”, foi questionada. Não se agita em se inscrever num “laisser-faire” que pode ser inseguro, verdadeiramente assustador. 
 As crianças, os adolescentes precisam se confrontar com os “limites” para aprender a viver com os outrém, para suportar a frustração, poder diferenciar seus desejos, suas necessidades, poder se projetar. Dessa forma, o anti-autoritarismo não se confune com a abstenção da autoridade necessária às crianças para uma aprendizagem progressiva do uso da liberdade.
Mais, a aquisição dos conhecimentos, dos métodos de trabalho, a reflexão, análise, não são possíveis sem certas condições: as instruções, as regras muitas vezes são garantias. O anti-autoritarismo não deve ser assemelhado à abstenção desestabilizande de um ambiente que possa remeter a uma sensação de vazio.

Um educador libertário quer elaborar tal quadro, o mais possível, com os aprendizes, verdadeiramente para esses últimos. Não obstante, ele possui as competências para propor as etapas de uma aprendizagem nos dominíos onde ele possui conhecimentos para partilhar.

Seu anti-autoritarismo o conduz a se explicar, a estar à escuta dos aprendizes, a avaliar sua pedagogia através de suas reações, de pôr em consideração os comentários de seus alunos. Ele privilegia suas proposições, as mudanças a partir de uma reflexão coletiva para rever os conteúdos e as modalidades de aprendizado. Ele aceita que seu saber seja colocado em questão.

O Fuzilamento de Francisco Férrer - de Flavio Constatini


Para concluir, ser educador e libertário é se inspirar nas pedagogias praticadas pelos libertários (William Godwin, Paul Robin, Sébastien Faure, Francisco Ferrer), mas também daquela de Célestin Freinet que insistia sobre a noção de centro de interesse e sobre o trabalho cooperativo. É também possuidora de ideias na pedagogia institucional que incita os estudantes a serem atores de sua aprendizagem e lhes deixar, progressivamente, tomar para si a vida da classe.
Todas essas aproximações são pontos em comum e são influências umas das outras. Elas põem mais acento sobre a autoconstrução do indivíduo que sobre os conhecimentos enquanto eles mesmos. É porque as relações, as trocas, a curta vida de classe, da promoção ou do grupo são consideradas como eixos da educação, não negligenciáveis, e por isso, independente da idade dos alunos. Dessa forma, ser educador e libertário significar propor espaços, tempos, dispositivos para iniciar a autoformação, a responsabilização, tomada de decisão, cooperação, mutualização. Em suma, é permitir a experimentação da autogestão. Para um educador, é se posicionar como um ajudante, uma acompanhate permitivo da utilização de todos os recursos que os aprendizes dispuserem.
Ao deixar um máximo de margem de manobra aos aprendizes, nós não nos opomos apenas aos colegas de profissão, à direção de ensino. Mas sobretudo nós escolhemos o inconforto, a dúvida, a critica sobre nossas intervenções, afim de tentar nos posicionar numa caminhada libertária, no seio duma sociedade que propõe o autoritarismo e a repressão.

Agnès, grupo Louise-Michel da Federação Anarquista – FRANÇA.

1. Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, Les Héritiers, Édition de Minuit, 1964 ; idem, La Reproduction, Éditions de Minuit, 1970. Christian Baudelot et Roger Establet, L’École capitaliste en France, Maspéro, 1971.

[retirado do site da site da Federação Anarquista – FRANÇA. Tradução (porca? ajude-me!) por Tio TAZ]

sábado, 25 de junho de 2011

SOBRE O USO DO TERMO "SKINHEAD"

Galera... aproveitando a discussão no post abaixo sobre o uso do termo “skinhead” tive a idéia de fazer este post pra desmistificar um pouco o uso termo... (um pouquinho de História...)

Com a crescente imigração jamaicana (resultado de uma crise econômica) para a Inglaterra em meados dos anos 60, a maioria dos jamaicanos vai morar nas periferias inglesas. Nos subúrbios encontram os mods, ingleses que admiravam musica jamaicana. Dessa forma, a cultura skinhead começa a se delinear na Inglaterra numa associação de negros e brancos que tinham como ponto comum o gosto pela música jamaicana. O movimento atinge seu auge nos anos de 69. É importante lembrar que neste período não há associação entre política e questões raciais. A questão de união era unicamente musical.


É no final dos anos 70 que a mistura de fatores políticos passa a infiltrar ganhando grande importância dentro da cultura skinhead. Com o surgimento do movimento punk (que engloba cultura e política), muitos skinheads simpatizantes da ideologia do-it-youserlf passam a adotar este modo de vida em um início de associação entre música e ideologia política, o correndo um início de fragmentação dentro da cultura skinhead.

Mas é finalmente em meados dos anos 80 que o termo passa a ser associado com o preconceito racial por diversos fatores, entre eles por conta de alguns skins se associaram à ideologia nacionalista (influencia do Partido de Extrema Direita National Front), pela confusão que a mídia inglesa fazia ao usar o termo “skinhead” usado tanto para definir  grupos nacionalistas e hooligans (grupo que promovia/promove confrontos nos estádios de futebol) e pelo fato de os skinhead reggae usarem vestimentas parecidas com os grupos de direita. (coturno, suspensório, cabeça raspada...).  Essa foi a grande cisão que ocorreu dentro da cultura skinhead e isso ocasionou na crescente confusão acerca do tema.

Bastas darmos uma pesquisada na internet pra vermos a associação direta que se faz entre skinhead e nazistas, sem se pautar em uma explicação mais profunda sobre quais skinheads estão falando.

Ps: só pra esclarecer, qualquer informação equivocada peço desculpas antecipadamente pois não sou especialista no assunto... apenas alguém que se interessa pela musica jamaicana (leia-se Ska) e se sente profundamente indignada com o uso do termo  muitas vezes injustiçado.

Fica aí um vídeo que fala um pouco mais (e muito melhor) sobre o tema e pra que os skinheads “tradicionais” (skinhead reggae) não sejam tão injustiçados.


Fica a dica do blog para os que curtem musica jamaicana: http://youandmeonajamboree.blogspot.com/

O Poço.

Nada a declarar a não ser... vá fundo.

http://www.crimethinc.com/tools/downloads/zines.html

[alguns dão a opção "imposed zine" e outras "reading zine". Baixe a opção Reading para ler o zine da forma como ficaria se estivesse impresso, e a Imposed para imprimí-lo no formato zine sem precisar configurar nada]

Homofobia, racismo, machismo... preconceito linguístico????

Não sei se acompanharam todo o escarcéu que a mídia fez em torno do novo livro didático que o MEC lançou. Antes de tudo,quero esclarecer algumas coisas sobre a polêmica.
Primeiramente, é um livro para EJA (Ensino de Jovens e Adultos), pessoas que já falam há algum tempo com certa, digamos, fluência. Para aqueles que dizem no Jornal Nacional O NOVO LIVRO VAI ENSINAR AS CRIANÇAS A FALAREM ERRADO! (leia-se William Bonner), cuidado: não, não é para alfabetizar crianças, primeiro ponto; não, não vai ensinar ninguém a falar aquilo que já sabem falar, pois a variante popular é ALGO QUE EXISTE E VAMOS TRATÁ-LA SEM HIPOCRISIAS. Terceiro ponto: está na hora de acabar com esses preconceitos linguísticos e começar a tratar a variante popular como uma VARIANTE, e não como um ERRO. Não, não existe certo e errado na fala; toda forma de comunicação que funcione é válida (notem que não estou falando de escrita).
A fala que é considerada a culta, a "norma padrão", é aquela imposta pela elite paulista-fluminense para todo o Brasil, e tudo o que fuja de todos os "esses [S] bem colocados" e "perfeitas conjugações verbais" é estigmatizado e considerado "errado". Sim, é importante ter uma padronização ESCRITA a nível jurídico, e até para ensinar essa língua a estrangeiros, para haver certa homogeinização que, não vou negar, é necessária. Mas a língua é uma coisa viva, e ela NÃO EXISTE SEM FALANTES. Não é a língua que se impõe, são as pessoas que falam que decidem como usá-la. Se eu falo "os menino foru na fera" e vc me entendeu, onde está o erro? Nosso querido Caetano Veloso diz que queremos imitar os americanos, que não colocam plural nos artigos, mas fizemos invertido, pois não colocamos plural no substantivo!!! Ouvi ainda de certa professora unespiana que "já que soltaram esse livro, não me venham dizer que só a elite vai falar CERTO agora", agora que "está se fazendo apologia à fala popular", agora que só ricos falam como ricos. As pessoas querem parecer democráticas, mas acabam é sublinhando cada vez mais a diferença entre a fala da elite e a fala do povão, né! Não podemos negar que impor a fala da elite é outra forma de imperialismo, e que algumas pessoas defendem com unhas e garras.
Bem, voltando ao livro didático... há nele UM CAPÍTULO que trata da variante popular da língua, admitindo sua existência, sua riqueza e dando exemplos de como aparece no nosso dia a dia. PORÉM, diz que há ambientes adequados e inadequados para seu uso. NADA MAIS DEMOCRÁTICO do que, agora, afirmar uma identidade popular, que não possui somente dança própria, culinária própria, música própria: possui também uma linguagem própria, que não deve ser suprimida pela norma culta padrão que definitivamente NÃO EXISTE NA FALA. Nem paulistanos, nem gaúchos, nem cariocas falam exatamente como pede a gramática normativa. Que bom, prova que a nossa língua ainda existe, está em constante modificação, não adianta querer que toda a população fale latim arcaico, pois ainda assim ele apresentaria variantes regionais, geracionais, culturais. TODAS AS LÍNGUAS possuem variedades na fala. E pasmem: as colônias são muito mais conservadoras se tratando de linguagem do que as metrópoles.
Sim, PRECONCEITO LINGUÍSTICO EXISTE. E torno a dizer, assim como é HIPOCRISIA dizer que não existe preconceito racial, apenas social, é hipocrisia dizer que o novo livro fará apologia à fala popular. Língua é expressão, é liberdade de pensamento. Como ser libertári@ se não consigo ser livre nem no uso de minhas palavras?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Combatamos o nazi-fascismo! Anarcopunknoticias

http://anarcopunknoticias.blogspot.com/

" Combatamos o nazi-fascismo!

Declaramos [este é um texto do blog anarcopunknoticias  ] aqui nosso repúdio à agressão racista e intolerante de 4 companheiros por este grupo de skinheads, lembrando ainda que este não é um fato isolado, somando-se a ele centenas de casos semelhantes que acontecem há anos com assustadora frequência não só na cidade de São Paulo mas no mundo inteiro, provocando mortes, espancamentos, e danos diversos.
Frisamos que este acontecimento não pode de forma alguma ser pensado como uma “briga entre gangues”, como muitas vezes a imprensa costuma noticiar tais agressões. Faz-se necessário politizar e problematizar estas agressões, e deixar de lado a idéia de que a ação destes grupos skinheads se limita a uma inofensiva briga de jovens.
Pensar desta forma é fechar os olhos para as centenas de casos de homossexuais, negros/as, nordestinos/as, imigrantes, punks e outros tantos grupos que já sofreram agressões semelhantes; é fechar os olhos para a crescente onda nazi-fascista que tem levado inclusive a juventude de classe média paulistana a organizar manifestos contra nordestinos/as ou mesmo a recente organização de um ato de cunho xenófobo pela extradição de Casare Batisti; é esquecer os grupos fascistas que maquiam seu discurso para ingressar na política e fazer valer seus ideais intolerantes.
Segundo informações divulgadas pela policia, existem milhares de indivíduos envolvidos em movimentações neonazistas já identificados em São Paulo. Porém nada é feito de forma efetiva e concreta, e tais indivíduos e grupos permanecem agredindo pessoas sem que nenhuma atitude seja tomada pela sociedade.
Essa nota não se limita apenas a essa agressão, mas diz respeito a todas as agressões e práticas neonazistas que ainda existem - seja elas por vias violentas ou institucionais - e devem ser combatidas. Busca chamar a atenção para algo que sofremos há muito tempo: a violência intolerante e fascista!
Os casos de agressão a negros, homossexuais e imigrantes vem crescendo assustadoramente. Podemos encontrar sites, perfis de comunidades sociais na internet, e em muitos bairros da cidade indícios da existência desses grupos. Podemos encontrar no rosto, no corpo e nas mentes de nossos irmãos e até de nós mesmos as cicatrizes dessa violência. Podemos encontra na conivência e na omissão por parte do Estado e dos órgãos de “segurança” o terreno fértil para a proliferação destes grupos.
A intolerância faz parte da lógica explorador X explorado, serve para tentar nos reduzir, serve para nos coagir para que nos encaremos enquanto inferiores, serve para deixarmos no passado as agressões que já existiram e torcer pra que não soframos mais.
Essa nota tem a intenção contrária, serve para nos lembrar que somos fortes, e resistimos até agora a toda essa violência, para lembrarmos que juntos podemos construir novos alicerces baseados no respeito, no apoio mútuo e na diversidade.
Serve pra nos lembrar que, se somos atacados é porque somos um perigo para esses grupos e para essas idéias, e para lembrarmos que nenhuma agressão intolerante será tolerada e esquecida.
Somos zumbi, somos os/as camelôs, somos os/as moradores/as de rua, somos Edson Neris, somos rappers, punks, somos homossexuais, imigrantes, negros/as, amarelos/as, vermelhos/as, brancos/as e nosso colorido pode sobrepor e combater essa violência!
Com esta carta fazemos um chamado a todos/as que de alguma forma se indignam com esta realidade, para que possamos combatê-la juntos/as, das mais diversas formas e nos mais diversos meios! Nos colocamos à disposição para contatos, atuações conjuntas e tudo o que possa fortificar a luta contra o racismo, a xenofobia, a homofobia e toda forma de intolerância nazi-fascista!
A Luta Contra o Fascismo é a Luta pela Liberdade!
> Movimento Anarco Punk de São Paulo
Cx. Postal 1677 CEP 01032-970 SP/SP | map.sp@anarcopunk.org
> Anarcopunk.org | info@anarcopunk.org


Dos bilhões de futuros tão programados que já aconteceram

[Das brisas nas madrugas com a Gabi, 
inspiração descarada nas Misérias dessa vida...]

sábado, 18 de junho de 2011

hipocrisias/preconceitos noss@s de cada dia: PSEUDO LIBERDADE SEXUAL

A pessoa talvez defende a liberdade sexual e o amor livre, mas a não-pratica do sexo nem passa pela sua cabeça, e se acontece de não praticá-lo isso é um fardo absurdo. Discute-se a possibilidade dos parceiros, o aborto, os tipos de relacionamento... mas praticar sexo é tido como inquestionável.
Não estou defendendo o celibato. Mas não tem um que de O SEXO é o ópio do povo nisso tudo? E a gente pode falar sobre isso? Sobre aquilo? Sobre esses tabus... nossos de cada dia... que envolvem dinâmicas hipocritas/preconceituosas  antes, durante e depois do sexo... até mesmo na escolha d@(s) parceir@(s) ... como lidamos com as ditaduras dos padrões estéticos nesses momentos?... Nesses momentos de exposição, você tira a roupa? Você apaga a luz? Você tem coragem de expressar o que quer e o que não quer? Você se acha bonit@? Você gosta?

Cada vez mais cedo começam as pressões para que os jovens comecem a "vida sexual", e ai o bullying corre solto nas escolas, universidades, no trabalho (e na própria mente!)... e "ááái" de você se for virgem aos 11 anos de idade!!! Ai de você que não tem nenhum caso pra contar pr@s amig@s nessa segunda-feira! "Problemas no relacionamento? Eu? Não! Nenhum. A gente está super bem... sim, sim, lógico, pelo menos 4 vezes por semana!"... SEI! ¬¬ Talvez a frequencia está ai, mas o que isso significa... ai eu já não sei. Você é monogamic@ (acredita nessas coisas de alma gêmea, metade da laranja, alguém que te completa, ciumes/possessividade...) e é adulter@, ou queria muito ser (ama mais de uma pessoa de maneiras distintas... mas não se permite, acha que isso é errado).

Você tem um relacionamento aberto (e isso talvez é não se envolver a fundo com ninguém) e ainda tem que administrar o apetite sexual pra aguentar ficar com mais de uma pessoa...)...
Você foi pro carnaval e atingiu o "score" de 15 pessoas num dia... perfeito! Ou não ficou com ninguém e vai ter que mentir... legal heim?! Ou ficou em casa vendo o desfile pela televisão e se masturbando (o que? Não pode falar disso aqui?)... Acadêmicos do Tabus-Ai NOOOOOOTA DEEZZ!

Você é mulher, acha/fala que os homens são todos iguais e acredita que sair e "pegar geral" numa festa é justo, é liberdade sexual. É liberdade sexual coisificar e usar as pessoas para satisfazer as (supostas) necessidades naturais do seu corpo? O senso comum de que mulher naturalmente aguenta mais a abstinência sexual e que os homens naturalmente são mais "afoitos"/chegados/necessitados, é um capítulo a parte. Capítulo esse que muitas vezes é usado pra justificar a prostituição como algo natural, afinal, é importante que exista a moça-puta e a moça-de-família. Não é? Capítulo esse que muitas vezes é usado pra justificar estupros/assédios sexuais. "Ela fica usando saia curta... e roupas insinuantes...", a vitima é colocada como culpad@ pelo crime que sofre(u).



E eu me pergunto o que passa pela cabeça d@s ginecologistas e urologistas, especialmente os dos sistemas de saúde públicos... as histórias bizarras que aparecem e/ou as DSTs. Tem gente que acha que não existe DST "pra que camisinha ne, se eu tomo pilula...?!" Grande parte dos casos de DSTs acontece entre universitári@s . E isso é falta de informação? Há também um alto indice de "contaminação" em mulheres que "receberam" a doença do esposo com quem está junto a mais de 10 anos. Os dois frequentam o "encontro de casais da igreja" sempre, tem um casal de filhos... e tai : Tem um relacionamento que envolve casa/comida/roupa lavada, comunhão/separação de bens (meu bem vs meus bens...) , (às vezes) sexo, mas não envolve conhecer @ parceir@ , o que faz ou quer fazer da vida; seus desejos, suas vontades, suas práticas...
E vale a pena levar a diante a monogamia hipócrita? Ou uma heterossexualidade hipócrita? Ou uma homofobia hipócrita? O cara se faz de machão, xinga, fala, mas sai com travestis... pode ser o mesmo cara que espanca um(uns) travesti(s)...  O cara morre de vontade de fazer algo, mas prefere pagar pra um(a) garot@ de programa  porque talvez não tem coragem de admitir pr@ próprio parceir@... ou talvez nunca vai fazer, porque é machão e não quer ser chamado de (ou pensar que é) "viado".

E ai voltamos a algumas condutas, um hábito difundido entre os homens de expor depreciativamente a(s) sua(s) parceira(s)... bom, na hora de desfrutar, desfruta e depois precisa humilhar @ outr@. Mas ai voltamos aos tabus, e os porques de não se poder falar sobre algo se todo mundo faz (ou quer fazer) algo. O problema não é que falem, é como falam. É a necessidade de colocar a mulher no papel passivo, de "comida", de subjugada. Poderiamos rever isso de ser o passivo da história ser algo ruim... Voltamos ao "mandar as pessoas tomarem no cú" como um xingamento. Voltamos a algumas concepções machistas que admitem que numa relação entre dois homens: o  "passivo" é gay/viado/boiola, o "ativo" não, o ativo está comendo, então ele é homem/macho. É assim? Ou vocês nunca ouviram isso?

No caso ALGBT talvez o problema seja o contrário. É poder ficar com alguém(ns) mas não poder comentar isso fora de um circulo restrito. E ai a gente escuta que "eu sai com uma pessoa... eu estava com alguém ontem" sem poder contar que é alguém do mesmo "sexo"... E também acontece do pseudo-machão acordar de manhã e dizer pro cara que está do lado dele que "isso nunca aconteceu... eu estava bêbado... se você contar pra alguém eu te mato..."... E casal homoafetivo de mãos dadas na praça é um atentado ao pudor!!! "Vai segurar a mão dessa pessoa num motel! Que eu não sou preconceituos@, mas também não sou obrigad@ a ver isso!".

 Voltando à urologia e a ginecologia ("porque é preciso tocar nesse assunto"!) pensemos no simples fato (será que simples?) de ver orgãos genitais o dia inteiro ("novos", "semi-novos", em "bom estado" ou em "mau estado" de utilização... coisas? Assim, friamente?)... e quando essa pessoa chega em casa? Cada caso é um caso... não creio que tod@ médic@ reaja da mesma maneira... mas isso bem que vale um estudo antropológico! Se alguém conhece algum, comenta ai!
E eu me pergunto também sobre esse tanto de sexologos e pseudo-sexologos por ai (e por aqui também) "em casa de ferreiro, espeto de pau"?... E o tanto de receita de sexo em banca de revista, na televisão, no rádio, na internet, (no blog...)...E em banca tem revista "de mulher pelada" (esse é o termo comum) pra homem, e de homem pelado pra gays? Eu não quero comprar, mas não haver algo para mulheres diz algo a resPEITO da sociedade, não?

O sexo é visto como fricção/contato envolvendo necessariamente pênis e/ou vagina, anus. OOs seios também costumam se enquadrar nessas visões limitadoras; e dedos, mas dedos nos orgãos genitais... e as "preliminares" são vistas como um "mal necessário", "pre-requisitos" pra coisa em si. O objetivo é a seta no alvo, é a penetração, o orgasmo e virar pro lado e dormir... as outras coisas são coisas de mulher/afeminado. Mulher/afeminado é que gosta de conversar, de carinho... será que é assim (mulher se comporta assim, homem de outro jeito...)? Será que tem que ser assim? Será que as relações estão necessariamente presas aos papéis de ativo-passivo?

Numa visão mais conservadora, é pênis na vagina, e uma lésbica não pode ser feliz (a menos que tenha um aparato que cumpra a função de penetração), porque pra ser completo e perfeito e orgasmico é preciso haver penetração! E ai aparecem também as teorias (nada menos que "suspeitas") de "inveja do pênis"...

Uma visão libertária não se liberta também dessas ditaduras de "isso é zona erogena... isso não"? Não abarca uma jornada de conhecimento da(s) outra(s) pessoa(s)? Não se liberta das pressões quantitativas? Porque também tem uma cobrança por PRODUTIVIDADE, como uma OBRIGAÇÂO, o sexo como rotina, com frequência, constância, rituais pre-estabelecidos...


E a "ditadura do sexo" também está presente. A pessoa TEM que estar com alguém, TEM que comentar isso... Alguns textos por ai até falam que depois da ditadura conservadora que privava as mulheres do orgasmo, agora apareceu a "Ditadura do orgasmo". Agora a mulher TEM que ter orgasmo sempre, o sexo TEM que ser sempre perfeito. O que é perfeito? Nós, reles mortais, não somos! A coisa photoshopiada da revista não existe, não é "isso" (essa criatura da foto) que com você na cama, na mesa, no banheiro (vai saber onde ne?!), ou pode ser que até seja a pessoa que saiu na revista, mas sem edição e como será que essa pessoa é? Perfeita?

E me parece que o sexo não é algo tão homogênio/claro/certinho quanto muitas vezes se supõe... E ai "o que você faz quando ninguém te vê fazendo? Ou o que você queria fazer se ninguém pudesse te ver?"    é algo que fica como pergunta retórica, responde pra você mesm@, porque no fim das contas, é você que sabe o que te apraz, ou talvez nem sabe porque se limita tanto a um script, talvez até finge, não se conhece ou se obriga tanto a praticar algo "naturalmente", que nem sabe o que poderia aparecer de bom por ai...

(imagens de Carlos Latuff, disponíveis em http://twitpic.com/4pjt07 , sobre Monogamia e propriedade privada - #Charge para Rede Relações Livres @  e http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff sobre as charges em geral... E valeu Batata!, pela indicação )

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Discussão sobre os conceitos. "Terrorismo poético" ?

[isso é uma discussão interna no Coletivo Krisis (discussão muito, mas muito, saudável!) que eu resolvi publicizar... ou lavar a roupa suja em público hahahahahah Mas ai podem aparecer outras ideias e opiniões externas ao grupo, então me parece profícuo] .
O que que vocês acham de usar o termo "Ativismo Poético" ao invés de "Terrorismo Poético"?
 O termo "terrorismo" é muito falho. Apesar de ser legal a ideia de "tocar o terror!", esse termo parece manter a ideia de que manifestação/"contra-cultura" é algo mau-violento-baderna-desproposito-faltadeeducação...
Ainda mais depois do 11 de Setembro ficou como, EUA-mocinho vs Terroristas-vilões e a coisa não é tão maniqueista assim. Acho que usar "terrorismo poético" mantém essa lógica de Elxs VS nós. Acho que nós somos construtores e alvos desses projetos poéticos. Acho que expressar-se nessas intervenções urbanas é chamar a nossa própria atenção (eu poderia estar à toa, dormindo... mas eu quero fazer isso... eu passo na rua pelos meus próprios adesivos e penso sobre isso... a gente esquece, acorda, esquece, acorda... )... Não me fechei no "ativismo poético", essa foi uma sugestão. Podia ser
manifestações poéticas
urbanismo poético
poesia urbana
poesia no/do cotidiano
Intervenções Poéticas
...
 A proposta é trocar o "terrorismo" por outra palavra. Mas ainda não optei definitivamente por nenhum desses conceitos.
A resposta em geral foi que o pessoal gosta do impacto do termo "TERRORISMO' Poético" e que mudar o nome não mudaria a ação que ele representa.
E eu NÃO concordo, porque o termo influencia sim, a ação, direciona as condutas, ou é reflexo das condutas! Pode ser que eu me convença em aceitar o termo "terrorismo" (que eu acho até massa essa contraposição de "terror" e "poesia" na mesma ação), fazendo várias ressalvas, explicando que terrorismo não se circunscreve à visão fundamentalista cristã da doutrina Bush (que patrocinou e patrocina os supostos terroristas...) mostrando que esses atentados violentos são respostas às violências sistêmicas desse modo de vida. Violências no cenário internacional, a divisão entre os países hegemônicos e os países subdesenvolvidos e os grupos de interesse que lucram com o subdesenvolvimento. Violência cotidiana nas sociedades (principalmente grandes cidades) que merecem ações de "terrorismo poético".

Eu não concordo é com o "os conceitos não mudam a ação". A gente vive "conceitos" seja para produção(re-produção) de conhecimento/teorias, seja na vida cotidiana. Vamos manter essa dicotomia furada de é o real/material que determina o ideal ou é o ideal que determina o material? Os dois condicionam! A gente é condicionado pelo mundo que a gente vive, a gente aprende a fazer sintaxes neurológicas que são muito difíceis de romper, mas também temos uma margem de atividade e personalidade nisso tudo. Há um interelação entre o Indivíduo e a Estrutura. A gente é influenciado pela teoria e a gente pode construir a teoria. O grande desafio acadêmico (com o qual muit@s não se importam) é aproximar a teoria da prática.
Dá um trabalho violento abrir mão de sensos comuns e não manifestar cotidianamente os machismos subliminares, os racismos subliminares... o conceito não importa? Imagina crescer ouvindo que "a coisa tá preta!", "você é a ovelha negra da família"... Imagina fazer um TCC se fiscalizando com "elxs" e amig@s... tem hora que cansa fazer isso num e-mail. Hipocrisias nossas de cada dia. (E ficaram muito bons os quadrinhos sobre isso, do Miséria e que colocaram no Krisis ).

O pessoal universitário pode entender as alusões contidas numa "TP"; muita gente das artes já está cansada da "Arte de galeria", e vai aprovar também...; tem gente que vai achar bonitinho e só (nenhuma crítica profunda, "ó que meigo, um patinho na poça", ponto, chego em casa depois de trabalhar e ligo a tv, enquanto faço a janta); tem gente que vai seguir pensando "cambada de vagabundo! Não tem nada pra fazer mesmo ne?!". A gente pode tentar mudar essas percepções, não ser tão segregacionista, "elXs não entendem", ai eu pego minhas pedras e saio pra enfrentar a polícia. O polícial é o vilão da história? Tem responsabilidade pela suas ações, mas pode ser que ele seja um bom pai, filho, amigo, marido... mas seja tambem o policial. É, os seres humanos são complexos! Tem vários papéis sociais.

A gente pode pensar nos impactos dessas ações "TP" antes, durante e depois delas. Qual é a mensagem que se quer passar, quem se quer atingir e Como, e como essa mensagem é digerida pelas pessoas... Despertar quem já está desperto é fácil (a gente monta um grupo de e-mail aqui por afinidade, cada um traz @s mais chegad@s... e pronto! A gente conversa, a gente se entende, a gente encontra uns blogs também mais ou menos nesse estilo... olha, até que tem bastante gente pensando subversivamente... mas se você for ver, não é tanta gente assim. Há quem não tenha acesso e há quem não esteja interessad@... a gente está ferrado! Mas tem gente que está mais ferrado que ferrado. Acredite, se chegou até o Ensino Médio, és um privilegiado... ). "Eu faço minha parte, eu vivo a minha vida e foda-se!!" é isso? Ou nós podemos estabelecer pontes com outras realidades e até instigar ações e compreensões distintas em "donas de casa", "em senhores que ficam na praça jogando xadrez/damas/truco"...
Por que não adotar uma postura de destrinchar conceitos e pensar nos significados que eles carregam, e pensar em formas de fazer a mensagem chegar, fazer suscitar a reflexão e até a aproximação com setores que em geral mais conservadores? É muito mais difícil conversar com um senhor de 75 anos sobre uma visão libertária, sobre a importância da arte, da filosofia, das ciências sociais e sobre como a história é a história dOs vencedores e plantar uma semente nesse ser, (especialmente, alguém de cidade pequena), do que fazer algo na Av. Paulista em SP para classe média, média-alta...

Não é uma questão de medo de radicalizar as ações! "Vamos CAUSAR!!!", mas com uma proposta, com uma mensagem, com temas sociais, com discussões que não se circunscrevam ao meu grupo de amigos de e-mail, de blog, de redes sociais, ao meu mundinho universitário.
Por que trocar o termo "terrorismo"? Porque isso carrega ainda a dicotomia e a violêcia. O Estado e as Grandes Empresas é que são Terroristas, tiram a beleza da existência humana, transformando-a em algo cinza, acrítico, irrefletido, indiferente, acomodado, pecuniário, estão ai pra incultir em nós, o medo e a preguiça de sairmos dos trilhos. 
O termo "Terror" está aliado a "MEDO", e creio que numa visão libertária, essa palavra é tão contraditória quanto "COERÇÃO"... Nós queremos causar medo? Causar o horror? O distanciamento? A contraposição intransigente? E porque essa palavra "terror" não abarca toda a beleza e criticidade possível por meio das ações/intervenções urbanas, deixo aqui a reflexão sobre isso.

Maria Oliveira

preconceitos noss@s de cada dia: "racismo"


Como é ser uma criança negra? A que tipo de mensagem está sujeita todos os dias? Propagandas com famílias brancas, monogamicas, felizes (um casal e dois filhos...). Expressões como "ovelha negra, mercado negro, a situação tá preta, obscuro, noite, negar..." e tantas outras... Com quais conceitos "racistas" convivemos e qual o peso disso na formação de um ser (sua auto-estima, a imagem que tem de si mesm@)? O que podemos refletir sobre "os conceitos importam? Afetam as ações?" 

Fica ai o vídeo sobre o  racismo subliminar  (usando inclusive o conceito problemático de "raça"... Oo)




(as crianças escolhendo a boneca branca ou a negra, e como isto se relaciona Branco-bom-puro-paz e Negro-mau-pecado-problema...)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tem um Livro!!! Tem um Livro!!!


Acerca do militante anarquista – sensibilidade, cultura e ética política(Brasil, 1890-1920) [Parte I]: Jacy Alves de Seixas/Sindicalismo e Movimentos Sociais [Parte I]: Alexandre Samis/ Planeta Terra (Uberlândia, Minas Gerais, Brasil), entre março e abril de mais onze para além do ano dois mil:GH/Estágio em Psicologia Escolar: relatando experiências: Fernanda Caroline de Melo Rodrigues/Já está online a Rádio Cordel Libertário: Agência de Notícias Anarquistas

http://wwweidosinfozine.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de junho de 2011

sábado, 11 de junho de 2011

Pacifismo violento - no mau sentido


"A coordenação de organizações participantes deve preparar futuramente ainda mais os manifestantes para imobilizar e entregar à polícia qalquer 'hooligan' indesejável. Mesmo se um 'hooligan' viesse a sofrer algo, seria apenas uma pequena perda ao lado das 20 mil crianças que morrem diariamente sob o reinado das multinacionais" (Ole Fjord Larsen, membro da United Peoples, no Future planning after Seattle, 12 de dezembro de 1999)

É fácil responder a essas críticas muitas vezes grosseiras: elas são manifestadas de maneira até mais problemática pelos gestos de violência que às vezes põem em perigo membros dos Black Blocks. Com efeito, durante a 'batalha de Seattle' algumas pessoas foram atingidas por manifestantes que diziam se opor à violência e que as acusavam de sabotar a manifestação (que padadoxo!). Por várias vezes algumas pessoas tentaram arrancar as máscaras do Black Block, ou até mesmo entregar seus membros à polícia! Muitas vezes o Black Block teve de lidar com estes pacifistas fundamentalistas que constituíam uma verdadeira 'polícia da paz' mais do que a polícia em uniformes. Esta atitude reativa contra toda crítica que se exprima de outro modo que nao através de desfiles bem-educados, participa plenamente do sistema repressivo posto em prática pelas autoridades. Qual é a revolta desdes chamados 'pacificistas' que se comportam como policiais quando não há policiais, que usam a violência física (pondo de lado sua própria coerência) contra aqueles que quebram a tranquilidade servil de seus desfiles contempladores? Seus objetivos parecem ser os mesmos dos policiais: preservar a paz social não importa a que preço. Exterminar a revolta, visto que aqueles ganham sentido e se engajam de maneira um pouco mais concreta do que apenas através de palavras esvaziadas do seu significado. Estes 'pacifistas' direcionam erradamente a sua raiva, e tem uma séria necessidade de tomar consciência de sua própria participação nas estruturas repressivas que estão supostamente a denunciar. Portanto, eles contituem um certo perigo parar aqueles que querem tomar seus desejos por realidade, e antecipar alguns tijolos desta famosa 'mudança global' que demora tanto a chegar...

Enfim, o fato destas poucas críticas serem tão grosseiras e ridículas, tão violentas e perigosas, não significa no entanto qe ele livra os Black Blocks de qualquer crítica. Seria no entando bom fazê-la inteligentemente, começando por reconhecer a utilidade que até agora eles têm provado possuir.

[Trecho do livro Urgência das Ruas, compilação de "Ned Ludd", coleção BADERNA, Conrad Editora, pags. 84-85 - fotos externas]

quinta-feira, 9 de junho de 2011

CHAMADO PARA ATIVISMO POÉTICO : ADESIVOS

ESIC Olá a tod@s!!!
Venho por meio desta, fazer um chamado à um tipo de ATIVISMO Poético. A ideia é fazer um ADESIVO, do tamanho de um cartão (desses comerciais mesmo tipo 6cm por 8 mais ou menos). É só arrumar uma dessas "folhas" adesivas do tamanho de uma A4 e cortá-la ou as etiquetas que já estão desse tamanho mesmo. Qualquer papelaria tem isso.
E ai expressar o que quer que seja, indignação, questionamentos, felicidade... sei lá. E  fazer uns desenhos, melhores que os meus, com certeza! Mas pensa, se até eu fiz, eu que tenho Habilidade Menos20 em desenho ... 
Um pró: É que é mais fácil fazer um adesivo, colocá-lo no bolso, no meio do caderno que sair por ai com um lambe ou um spray (não que isso não seja legal! Stencils e Lambes são  MUUUUUUUUUUUITO LEGAIS!). Mas colocar adesivos é uma proposta boa também, não?! Isso está aberto a críticas, sugestões e apropriações. Escolha um tema, umas frases, pegue uns pincéis/canetinhas/lápis de colorir e divirta-se.

E pode ser colocado em qualquer lugar.
O interessante é colocar em lugares com muito fluxo de gente, como metros e ônibus (mas se você quiser colocar na porta do seu guarda-roupa... LIBERDADE!!! Faz um ativismo político em casa, na porta da geladeira, na televisão... pra parar pra pensar no que se come, as "informações" às quais se tem acesso pela mídia televisiva...). Se estiver em lugares "públicos"******, possível que alguém tire/rasgue/rabisque. Mas imagina só, se um adesivo fica no teto de um vagão de metrô um dia, quantas pessoas o verão?
 Em horário de pico nas estações de metrô, quando sete pessoas ocupam um m² ("metro" quadrado = sardinha em lata!), quando se suspendem as leis da física e dois corpos ocupam, SIM, o mesmo espaço... Bom, pode ser que passe despercebido, que deixem ficar ai e até que gostem de ver seu adesivo porque ficou bom/bonitinho/impactante!  
Então, quem quiser fazer flores, arco-íris, perguntas (como" Por que 2 + 2 são 4, Ferreira Gullar???") e ver se as perguntas se instauram na cabeça dos transeuntes... mãos a obra! E ai a gente expressa e ainda colore o dia das pessoas e/ou chama a atenção para isso de sermos PESSOAS e rompemos um pouco com as etiquetas/adesivos/fitas que a rotina coloca nas nossas bocas e nos fazem passar cinzas e calados os dias. 


 Fica ai a sugestão!


domingo, 5 de junho de 2011

Chamada para FRENTE DE AFINIDADE: wiKRIsis

COMEÇAM HOJE, QUINTA FEIRA, AS ATIVIDADES QUE VÃO DAR VIDA AO WIKRISIS.





bora bota a mão na massa?
Olá a todxs.

Há alguns meses atrás comentei com uma grande amiga que eu não estava conseguindo me inteirar dos movimentos que estavam pipocando pelo mundo, porque me faltavam contatos para chegar às notícias. Aos poucos, porém, a situação foi mudando, já que estou me esforçando para estabelecer contatos que tragam poesia para minha vida e de meus circundantes.

Hoje estou recebendo uma enormidade de informações pelo email e também coletando inúmeras delas nos blogs relacionados ao lado (como o Provos Brasil , CMI e Miséria). É tanta coisa acontecendo no mundo! E nós com uma profunda ilusão de que o mundo pode nos esperar... muitas vezes me pego mesmo pensando assim!...

"Fodeu."
Porém, dado o volume de movimentos bons e ruins acontecendo pelo globo (e dos quais certamente não tenho nem um pingo de acesso), fico preocupadíssimo em não ajudar na divulgação dos acontecimentos, já que a contra-mídia é bastante dependente dos esforços em rede (ou seja, cada um passando adiante o máximo de informação possível, ao contrario do William Bonner e sua cara de bunda que chega a milhões de brasileiros por mais de meia hora quase todo dia).

Pensei em divulgar pelo KRISIS, mas colegas me alertaram que o espaço do KRISIS é um espaço de discussão, ou seja, não adiantaria nada abarrotar o blog com uma infinidade de posts se não for possível lê-los e (principalmente) comentá-los.

Pensei então em criar uma sub-página do KRISIS, uma espécie de em-tempo onde o objetivo fosse mais informação e divulgação do que discussão (se bem que seria bem-vinda). O primeiro nome que me veio a cabeça foi WiKRIsis, misturando e aludindo coisas como Wikileaks, postagem Wiki, We, KRI (grito, em esperanto) e otras cosas.

Então estou chamando uma frente de afinidade para se dedicar "com mais afinco" às postagens rápidas do wikrisis, não sendo, obviamente, necessária sequer uma postagem por dia, mas a postagem da notícia quando sentir que seja necessário postá-la.

[aos que se perguntam: porque não faz isso no KRISIS? porque, como foi dito acima, o KRISIS é um espaço para discussão. O wikrisis seria de divulgação, uma espécie de jornal, de zine. Aos afobados, ressalto: não haveria "competição" entre as páginas, visto que o wikrisis seria sub-página do KRISIS, as postagens do wikrisis mudando sensivelmente de teor de acordo com sua proposta, e o (óbvio) não impedimento de que um post do KRISIS vire post do wikrisis e vice-versa]

Penso que o login e senha deva ser de todo o KRISIS, e não só dos membros da frente de afinidade. No entanto, o comprometimento com a frente deve ser verdadeiro.

A frente - proponho - pode ser experimental, com prazo de validade, digamos, de um mês. Contabilizaremos ao final do prazo se foi uma experiência válida ou não e decidimos se vale a pena ou não continuar com ela.

O suporte do wikrisis é múltiplo, cabendo desde imagens até gravações de áudio ou vídeo próprias. Não deverá haver limite de postagens, posto que o wikrisis não é para os seus redatores, mas para o mundo (bem como, acho, o KRISIS deve ser).

Essa chamada começa hoje, e as atividades do wikrisis começarão no dia 9 de junho, quinta feira agora.

O objetivo da frente é discutir o wikrisis EM SUA EXISTÊNCIA, e não se vai ou não acontecer, porque VAI, filiado ao KRISIS ou não (essa é uma daquelas coisas que pululam da panela de pressão). Válido colocar que wikrisis é um nome a ser discutido, ok?

Fica o convite. E NÃO SÓ PARA OS MEMBROS DO KRISIS mas para LEITORES E DEMAIS INTERESSADOS!

P.s.: fica o convite também para o Gutemberg Autônomo Temporário [clique aqui], que ainda está na página da frente do KRISIS, mas que parece ter sido engolida pelo tempo (ou pela falta dele).

Abxxx.

sábado, 4 de junho de 2011

Grécia - Berço da Civilização Ocidental + Paidéia

[Grécia] Políticos são atacados por manifestantes e fogem de barco na ilha de Corfu
Na noite de quarta-feira (01 de junho), por volta das 22h30, centenas de "indignados", na ilha de Corfu, se reuniram em torno de um restaurante chamado Velha Fortaleza, onde estava acontecendo um jantar para os eurodeputados que participam em questões de imigração e refugiados na Europa.
Entre os eurodeputados presentes no jantar estava a ministra do Trabalho, Anna Dalara, Ntinos Vrettos, deputado do Pasok (Partido Socialista Grego), Angela Gerekou e Nikos Dendias, que é também vice-presidente do Conselho de Refugiados, entre outras autoridades.
Os manifestantes bloquearam a saída do restaurante, evitando que os políticos pudessem sair e começaram a gritar slogans como "ladrões" e "traidores", entre outros. Como resultado, foi enviado uma embarcação para a ministra, os eurodeputados e autoridades, para que pudessem deixar a ilha sem grandes transtornos.
O porta-voz do governo sob ataque
O porta-voz do governo grego Yiorgos Petalotis foi atacado e vaiado pelos cidadãos do bairro de Argyroupolis, em Atenas, onde participava de um ato do partido no poder, o Pasok. Mais de 50 pessoas o estavam esperando na porta, e, quando ele chegou, começou o ataque verbal e o lançamento de ovos, iogurtes e pedras. A multidão foi repelida pela polícia.
Este tipo de incidentes está crescendo na Grécia desde que o país entrou em recessão. O episódio mais grave até agora foi o espancamento do ex-ministro grego dos transportes Kostis Hatzidakis, quando este saia do Parlamento, em 15 de dezembro passado.
O vice-primeiro-ministro grego Theodoros Pangalos foi atacado por manifestantes várias vezes nos últimos meses.
Em setembro passado, o radiologista de 60 anos, Prapavesis Stergios, jogou um sapato contra o primeiro-ministro grego George Papandreou, quando ele deixava um evento internacional em Tessalônica.
O ministro da Saúde, Andreas Loverdos, foi forçado a deixar a apresentação do seu livro no início de março, após um grupo de cidadãos entrar na livraria em que estava acontecendo o evento e começar a insultá-lo. O deputado da oposição, da Nova Democracia, Aris Spiliotopoulos, também estava presente e teve de deixar o local entre vaias e insultos.
Os ataques contra funcionários do governo grego no último ano e meio já totalizam mais de 90.
vídeos:
agência de notÃícias anarquistas-ana
gota no vidro
um rosto na janela
olhar perdido
Carlos Seabra
Discussão Libertária!! forumlibertario@grupos.com.br 
 
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Post do KRISIS que resume alguns acontecimentos na Grécia [clique aqui]