... numa sociedade capitalista! hé!
O sistema prisional não corrige:
Festa à fantasia já é batida pro Maluf... |
“Funcionario de prisiones,
Llaman hoy al carcelero,
Perro fiel que bien guardas,
Las llaves del infierno,
Infierno de los pobres,
Paraiso de los ricos,
El dinero es lo que cuenta,
Lo que menos el delito.”
Llaman hoy al carcelero,
Perro fiel que bien guardas,
Las llaves del infierno,
Infierno de los pobres,
Paraiso de los ricos,
El dinero es lo que cuenta,
Lo que menos el delito.”
[Gritos del Silencio II -
Los Muertos de Cristo]
Aqui fora, nos propomos a não pensar nos presos. Afinal, são indivíduos que infligiram as regras de sociedade básicas. Se estão nas prisões, é porque merecem. Lá aprenderão a conviver novamente em sociedade, se reabilitarão.
Ora, nada mais errado do que pensar que manter indivíduos enjaulados vão torná-los sociáveis. A crítica recorrente às prisões já alcançou mesmo a mídia conservadora, que chama as prisões de “faculdades do crime”! E não é um fato? Sabemos que o índice de reincidência é esmagador, mesmo porque uma vez que um indivíduo tenha sido encarcerado, será sempre estigmatizado como um vilão em potencial – como fica sua re-socialização?
- Rodízio!!? - Calma galera, é rodízio pra dormir! |
Na sua maioria, os presos são jovens até 30 anos, cheios de energia, vindos geralmente de uma realidade dura na qual se defrontaram com a “fácil” opção de ir para o crime (talvez a única forma de conquistarem rapidamente aquilo que a sociedade de consumo diz ser necessário para sermos felizes). Uma juventude inteira perdida entre as desgraças de uma vida em liberdade corrompida e uma vida adulta encarcerada e sem possibilidades, nem de pensar nos seus atos (impossível pensar em suas falhas num ambiente que as valoriza) nem de conhecer novas possibilidades (a não ser de novas possibilidades de infligir a lei, claro).
Absolutamente, as prisões não estão tornando as pessoas que cometeram “crimes” (termo que varia de roubar um pão à roubar um carro – dependo, é claro, de sua posição social) pessoas melhores. Ao contrário, estão dilacerando ainda mais as mentes de pessoas, que poderiam estar estudando, trabalhando, produzindo para suas comunidades, enfim. Aos críticos que diriam que tal processo custa caro, não se esqueça que o custo de um presidiário ultrapassa os dois mil reais mensais – quanto você ganha?
Só não entendi se o crime era ser criança ou estudar na escola pública... |
Mas não pensamos nos presos. Afinal, não cumpriram nossas leis, então que se fodam. Mas nossas leis são leis que defendem basicamente a propriedade privada, tratando inclusive nossas vidas como propriedade física (Corpo, danos ao corpo; e mente, danos a ela que a impeça de viver produzindo da mesma forma que antes...). As nossas leis são muitas, complexas e dependem da interpretação de advogados e em última instância, juízes. Dois pesos e duas medidas.
Você, sujeito pobre, que não tem condições de pagar um advogado com dedicação exclusiva à sua causa, pode recorrer a um advogado público, que certamente está abarrotado de casos, mas veja, é de graça. Você certamente vai pagar caro por se utilizar do Estado, e principalmente, por acreditar Nele.
Ainda vemos pessoas, jornais, revistas e etc, a mídia, propagando idéias como a que segue abaixo:
Eu vos digo, não é preciso endurecer as punições, meu caro. É preciso que a sociedade faça sentido para todos, e não para os apologetas de uma sociedade decadente, deste imenso elefante branco sobre a teia de uma aranha. O crime começa numa educação podre, onde 50 alunos passam uma vida em regime semi-aberto, com supervisores que são pagos para enfiar-lhes goela abaixo informações que não fazem sentido. Depois ainda perguntam por que os alunos se dividem entre apatia e violência.]
Construíram uma cadeia do lado de uma escola. Qualquer semelhança entre as construções é mera coincidência. |
O maior problema do nosso sistema carcerário é que acusados que ainda não foram julgados são mantidos presos pelo Judiciário ("antes pecar pelo excesso do que pela falta").Isso lota nossas prisões na razão de três presos para 2 vagas. E, diga-se de passagem, li isso na Veja (direita conservadoríssima!). Aproximadamente metade dos presos são acusados ainda não julgados. Em vez de mantê-los em prisão domiciliar, regime semi-aberto, colocar localizadores com GPS nos tornozelos, nossos delegados preferem lotar os presídios, e os presos que se fodam. Li o caso de uma mulher que, por roubar xampus, ficou 1 ano e meio presa sem julgamento, o que lhe custou 50% da visão por espancamento. Além disso, as mulheres das famílias dos presos são molestadas (em prisões onde não se tem salas de visitas) e ameaçadas pelos "xerifes" das prisões, que dizem manter a segurança do marido em troca de sexo, drogas e favores. Isso aumentou drasticamente a quantidade de presidiárias.
ResponderExcluir