segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Saltimbankos Pagliacci


O nariz vermelho do palhaço é de tanto cair, de tanto encontrar a dureza do chão. E assim ele ainda te faz rir. Ainda assim ele te toca com graça. Não te faz rir por ser engraçado, mas por ser gracioso. Assim como te faz chorar. Aqui é um convite a todos os pagliaccio que querem tocar outras pessoas, e fazer com que todos façam da própria lágrima do rosto um simbolo de luta. Não precisamos ser sérios, mas precisamos, e muito, levar a vida a sério, pois ela é a única coisa realmente importante que possuímos e podemos usar como instrumento de transformação. Não apenas a minha ou a sua vida, mas a vida de todos, para todos!

E aqui, nesse canto (ou melhor, no canto ali do lado direito), uma pequena compilação de tudo que pode ser dito, visto, sentido e ouvido a respeito da melhor forma de ser um palhaço, que é justamente o que transforma -na rua, na escola, em casa, no trabalho, na praça e na prisão (se bem que todos os outros tem um pouco deste ultimo) - a própria vida, ao mesmo tempo que transforma a vida de outros. Um espaço pra ensinar e aprender, da melhor forma que podem existir, bem como da única que realmente liberta: juntas!

Em breve, muito em breve, um pouco mais do picadeiro...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Khadafi morreu combatendo com dignidade e coerência

Khadafi morreu combatendo com dignidade e coerência
Miguel Urbano Rodrigues
21.Out.11



A agressão ao povo da Líbia, concebida e montada com muita antecedência, levada adiante com a cumplicidade do Conselho de Segurança da ONU e executada militarmente pelos EUA, a França e a Grã-Bretanha deixará na Historia a memoria de uma das mais abjectas guerras neocoloniais do inicio do século XXI. Mas, tal como fez surgir uma verdadeira resistência, fez emergir um Khadafi que recuperou a dignidade e morreu com honra.

A foto divulgada pelos contra-revolucionários do CNT elimina dúvidas: Muamar Khadafi morreu em Sirte.
Notícias contraditórias sobre as circunstâncias da sua morte correm o mundo, semeando confusão. Mas das próprias declarações daqueles que exibem o cadáver do líder líbio transparece uma evidência: Khadafi foi assassinado.
No momento em que escrevo, a Resistência líbia ainda não tornou pública uma nota sobre o combate final de Khadafi. Mas desde já se pode afirmar que caiu lutando.
Os media a serviço do imperialismo principiaram imediatamente a transformar o acontecimento numa vitória da democracia, e os governantes dos EUA e da União Europeia e a intelectualidade neoliberal festejam o crime, derramando insultos sobre o último chefe de Estado legitimo da Líbia.

Essa atitude não surpreende, mas o seu efeito é oposto ao pretendido: o imperialismo exibe para a humanidade o seu rosto medonho.
A agressão ao povo da Líbia, concebida e montada com muita antecedência, levada adiante com a cumplicidade do Conselho de Segurança da ONU e executada militarmente pelos EUA, a França e a Grã-Bretanha deixará na Historia a memoria de uma das mais abjectas guerras neocoloniais do inicio do século XXI.

Quando a NATO começou a bombardear as cidades e aldeias da Líbia, violando a Resolução aprovada sobre a chamada Zona de Exclusão aérea, Obama, Sarkozy e Cameron afirmaram que a guerra, mascarada de «intervenção humanitária», terminaria dentro de poucos dias. Mas a destruição do país e a matança de civis durou mais de sete meses.

Os senhores do capital foram desmentidos pela Resistência do povo da Líbia. Os «rebeldes», de Benghazi, treinados e armados por oficiais europeus e pela CIA, pela Mossad e pelos serviços secretos britânicos e franceses fugiam em debandada, como coelhos, sempre que enfrentavam aqueles que defendiam a Líbia da agressão estrangeira.

Foram os devastadores bombardeamentos da NATO que lhes permitiram entrar nas cidades que haviam sido incapazes de tomar. Mas, ocupada Tripoli, foram durante semanas derrotados em Bani Walid e Sirte, baluartes da Resistência.
Nesta hora em que o imperialismo discute já, com gula, a partilha do petróleo e do gás libios, é para Muamar Khadafi e não para os responsáveis pela sua morte que se dirige em todo o mundo o respeito de milhões de homens e mulheres que acreditam nos valores e princípios invocados, mas violados, pelos seus assassinos.
Khadafi afirmou desde o primeiro dia da agressão que resistiria e lutaria com o seu povo ate à morte.

Honrou a palavra empenhada. Caiu combatendo.

Que imagem dele ficará na Historia? Uma resposta breve à pergunta é hoje desaconselhável, precisamente porque Muamar Khadafi foi como homem e estadista uma personalidade complexa, cuja vida reflectiu as suas contradições.
Três Khadafis diferentes, quase incompatíveis, são identificáveis nos 42 anos em que dirigiu com mão de ferro a Líbia.

O jovem oficial que em 1969 derrubou a corrupta monarquia Senussita, inventada pelos ingleses, agiu durante anos como um revolucionário. Transformou uma sociedade tribal paupérrima, onde o analfabetismo superava os 90% e os recursos naturais estavam nas mãos de transnacionais americanas e britânicas, num dos países mais ricos do mundo muçulmano. Mas das monarquias do Golfo se diferenciou por uma política progressista. Nacionalizou os hidrocarbonetos, erradicou praticamente o analfabetismo, construiu universidades e hospitais; proporcionou habitação condigna aos trabalhadores e camponeses e recuperou para uma agricultura moderna milhões de hectares do deserto graças à captação de águas subterrâneas.

Essas conquistas valeram-lhe uma grande popularidade e a adesão da maioria dos líbios. Mas não foram acompanhadas de medidas que abrissem a porta à participação popular. O regime tornou-se, pelo contrário, cada vez mais autocrático. Exercendo um poder absoluto, o líder distanciou-se progressivamente nos últimos anos da política de independência que levara os EUA a incluir a Líbia na lista negra dos estados a abater porque não se submetiam. Bombardeada Tripoli numa agressão imperial, o país foi atingido por duras sanções e qualificado de «estado terrorista».

Numa estranha metamorfose surgiu então um segundo Khadafi. Negociou o levantamento das sanções, privatizou empresas, abriu sectores da economia ao imperialismo. Passou então a ser recebido como um amigo nas capitais europeias. Berlusconi, Blair, Sarkozy, Obama, Sócrates receberam-no com abraços hipócritas e muitos assinaram acordos milionários, enquanto ele multiplicava as excentricidades, acampando na sua tenda em capitais europeias.

Na última metamorfose emergiu com a agressão imperial o Khadafi que recuperou a dignidade.

Li algures que ele admirava Salvador Allende e desprezava os dirigentes que nas horas decisivas capitulam e fogem para o exílio.
Qualquer paralelo entre ele e Allende seria descabido. Mas tal como o presidente da Unidade Popular chilena, Khadafi, coerente com o compromisso assumido, morreu combatendo. Com coragem e dignidade.

Independentemente do julgamento futuro da Historia, Muamar Khadafi será pelo tempo afora recordado como um herói pelos líbios que amam a independência e liberdade. E também por muitos milhões de muçulmanos.

A Resistência, aliás, prossegue, estimulada pelo seu exemplo.
VN de GAIA, no dia da morte de Muamar Khadafi

odiario.info
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Carta da Humanidade

Bom.... quê? Esperávamos um chamado? Ei-lo. Esperávamos apoio? Somos, somas. Essa carta toca fundo no nosso coração, fundo, muito fundo, lá onde a Liberdade foi enterrada pelo controle e pelo poder de poucos sobre muitos. Cada vez mais sentimos-nos conscientes de que somos muitxs, que somos livres, e que podemos unir nossas forças - sempre tal malversadas pelo Capital - e construir algo novo, bom, belo, justo, verdadeiro. Mas essa carta morre. Morre toda vez que alguém esquece de divulgá-la. Toda vez que alguém, tão tocado que foi, guarda ela só para si. Morre toda vez que a gente lê e não pratica. É assim também com a liberdade. É preciso mostrar o pouco que temos dela para inspirar o próximo. 
Há um chamado. O que você vai responder... para si mesmo?
Não deixe de divulgar e.... repassar.
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Santiago de Chile, 07 de outubro de 2011.

Nós, indivíduos da espécie humana, que, no exercício de nosso livre arbítrio, assinamos este documento: “A CARTA DA HUMANIDADE”, declaramos não mais reconher a autoridade de nenhuma instituição sobre nós e proclamamos a nossa soberania sobre nós mesmos.

E, já, como soberanos de nós mesmos, realizamos o nosso primeiro ato de soberania: assumimos, entre nós, assinantes deste documento, o compromisso de apoiar-nos, mutuamente, a fim de cumprir com o nosso maior propósito existencial:  a felicidade, e convidamos a todos, que ainda não o assinaram, a juntar-se a nós nesta autêntica declaração de independência em relação a todo e qualquer mecanismo de coerção da liberdade humana, onde manifestamos nosso repúdio permanente à dúvida sobre nosso próprio potencial, ao ódio, ao individualismo, à escravidão,  à desigualdade, à não-fraternidade e à injustiça.

Este compromisso de apoio mútuo se formaliza na constituição da Comunidade Livre, a comunidade dos livres, para que, através dela, em espírito de cooperação, possamos materializar todas as condições necessárias para a criação e manutenção de um ambiente que, em sua totalidade, seja favorável à nossa felicidade, ou seja, ao nosso pleno desenvolvimento espiritual, familiar, social, científico, econômico, cultural e político.

Tendo por objetivos fundamentais a auto-realização existencial, o bem comum e o estabelecimento do diálogo como único meio para a resolução pacífica de todo e qualquer conflito e tendo por valores fundamentais a fé em nosso próprio potencial, o amor, a solidariedade, a liberdade, a igualdade, a fraternidade e a justiça, a principal ação da Comunidade Livre será ocupar, regularmente, de forma pacífica, o principal espaço público de cada cidade onde estiver presente, para desenvolver, de forma auto-gestionada, as seguintes iniciativas: a Universidade Livre, a Cooperativa Livre, o Centro Cultural Livre e o Fórum Livre, registrando-as e difundindo-as por meios de comunicação próprios, a fim de conscientizar a humanidade de que deve assumir a responsabilidade de decidir livremente sobre seu próprio destino, não delegando mais este poder aos Estados Nacionais, que estiveram, estão e estarão, enquanto existirem, ao serviço dos interesses das grandes corporações e não ao bem-estar dos povos que, teoricamente, por eles são representados.

A Universidade Livre é a ocupação semanal do principal espaço público de cada cidade onde a Comunidade Livre está presente, para a promoção do conhecimento livre, ou seja, organizar o livre intercâmbio de conhecimentos, de maneira libertária, na sua máxima expressão, entre todos os interessados em participar deste processo, considerando que todos somos pensadores livres aptos a receber, processar e compartilhar, construindo, assim, permanentemente, de forma colaborativa, o conhecimento útil à comunidade, sobre o que é real, bom, persuasivo, verdadeiro, eficiente, belo e justo.

A Cooperativa Livre é a ocupação semanal do principal espaço público de cada cidade onde a Comunidade Livre está presente, para a promoção da prosperidade global, ou seja, organizar a livre produção, distribuição e o consumo de bens e serviços, de maneira igualitária, na sua máxima expressão, entre todos os interessados em participar deste processo, considerando que todos somos trabalhadores livres aptos a produzir, distribuir e consumir, construindo, assim, permanentemente, de forma colaborativa, a satisfação de todas as necessidades materiais da comunidade dentro dos paradigmas da auto-suficiência, auto-sustentabilidade e harmonia com o meio ambiente.

O Centro Cultural Livre é a ocupação semanal do principal espaço público de cada cidade onde a Comunidade Livre está presente, para a promoção da consciência de espécie, ou seja, organizar a livre exposição de toda e qualquer manifestação artística, de maneira fraterna, na sua máxima expressão, entre todos os interessados em participar deste processo, considerando que todos somos artistas livres aptos a apreciar, criar e expressar, construindo, assim, de forma colaborativa, permanentemente, o entendimento de que, independente de etnia, credo, gênero, opção sexual, condição social, nível de escolaridade, profissão, talentos, ideologias ou qualquer outra característica ou escollha individual que nos diferencie uns dos outros, somos indivíduos da mesma espécie: a espécie humana, e que esse fator comum é motivo suficiente para estabelecer, entre nós, o sentimento mútuo de fraternidade.

O Fórum Livre é a ocupação semanal do principal espaço público de cada cidade onde a Comunidade Livre está presente, para a promoção do consenso de paz, ou seja, organizar o livre debate de idéias para uma existência mais feliz para toda a humanidade, de maneira justa, na sua máxima expressão, entre todos os interessados a participar deste processo, considerando que todos somos militantes livres aptos a formular propostas, dialogar sobre elas e chegar a um consenso, construindo, assim, de forma colaborativa, a autêntica participação de toda a comunidade em todas as decisões sobre todos os assuntos que cabem a ela resolver.

Estas ocupações do principal espaço público de cada cidade onde a Comunidade Livre está presente, pode se dar em caráter permanente, com ou sem rotatividade, ou em caráter de eventos regulares, esta decisão cabe a cada coletivo local.

Como demonstração pública de nossa unidade, dedicaremos as segundas-feiras para a realização da iniciativa Fórum Livre, dedicaremos as terças-feiras para a realização da iniciativa Centro Cultural Livre, dedicaremos as quartas-feiras para a realização da iniciativa Cooperativa Livre, dedicaremos as quintas-feiras para a realização da iniciativa Universidade Livre e dedicaremos as sextas-feiras a divulgar a Comunidade Livre e suas iniciativas. E, também, como demonstração pública de nossa unidade, convocamos, desde já, a realização de marchas pacíficas em todas as cidades onde a Comunidade Livre está presente, para o meio-dia de cada sábado anterior as mudanças de estação, para denunciar os abusos das instituições que se proclamam soberanas sobre nós: os Estados Nacionais. As demais ações da Comunidade Livre serão fruto da livre iniciativa dos seus coletivos locais e dos indivíduos pertencentes a eles.

Somos pacíficos, mas nos reservamos o direito de auto-defesa e de defesa de terceiros de toda e qualquer tentativa de agressão, pois, não mais reconhecemos a legitimidade do uso da violência por parte de nenhuma instituição e isto não é um jogo, isto é a construção do futuro feliz que desejamos para nós e as próximas gerações e o defenderemos até as últimas consequencias.

Este documento não tem a intenção de oferecer uma resposta a todos os problemas da humanidade nem, tampouco, dizer qual é a forma de organização perfeita para alcançar esta resposta, a resposta para todos os problemas da humanidade está dentro de nós mesmos, a organização perfeita será alcançada no próprio processo de desenvolvimento desta proposta inicial, a intenção deste documento é estabelecer o compromisso de apoio mútuo, entre nós, assinantes deste documento, na livre busca desta resposta, pois, temos fé em nosso potencial para encontrá-la e aplicá-la, e declarar que, reconheçam ou não, já nos consideramos livres de toda e qualquer tirania, pois, não reconhecemos mais o seu poder.

Não queremos impor um novo modo de vida a ninguém, apenas, não queremos mais que imponham a nós este modo de vida de dúvida sobre nossas próprias capacidades, de ódio, de individualismo, de escravidão, de desigualdade, de não-fraternidade e de injustiça que é o capitalismo, nos reconhecemos, desde já, como livres para construir o modo de vida queremos para nós, quem quiser seguir vivendo baixo a tirania dos Estados Nacionais e das grandes corporações que siga, mas exigimos respeito a nossa livre decisão de sermos livres.

Este planeta pertence a todos os seres vivos que nele habitam... Ele é de todos e se é de todos, logo, não é de ninguém, não reconhecemos mais bandeiras nem fronteiras que nos separam.

Que esta carta seja traduzida a todos os idiomas existentes, que seja publicada em todos os cantos da Internet, que seja impressa, que seja distribuída nas ruas, que seja lida em voz alta em todas as assembléias livremente constituídas, que seja entregue a cada miltante livre da humanidade, que seja assinada e enviada a cada instituição religiosa, a cada organização popular, a cada meio de comunicação, a cada universidade, a cada corporação, a cada centro cultural, a cada partido político, a cada governo, a cada força armada, a cada embaixada, a cada escritório das Nações Unidas, para que todos saibam que, definitivamente, somos livres! Que esta carta seja símbolo de nossa unidade e de nossa força: a declaração de nossa independência!

Este momento histórico será lembrado nos livros de história como A REVOLUÇÃO DOS 99%, A REVOLUÇÃO GLOBAL, A REVOLUÇÃO POPULAR, A REVOLUÇÃO CULTURAL DA DÉCADA DE 10, A QUEDA DO CAPITALISMO, QUEDA DOS ESTADOS NACIONAIS, PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DA HUMANIDADE, FUNDAÇÃO DA COMUNIDADE LIVRE DA HUMANIDADE OU QUALQUER OUTRO NOME LEGAL... O nome não importa! O que importa é que será lembrada como a revolução que, definitivamente, libertou a humanidade da tirania dos Estados Nacionais e das grandes corporações, revolução onde os protagonistas foram todos nós.

Indivíduos da espécie humana: UNI-VOS!

Saudações humanas,

EU ASSINO! TU ASSINAS! ELE ASSINA! NÓS ASSINAMOS! VÓS ASSINAIS! ELES ASSINAM! TODOS ASSINAM!

COMUNIDADE LIVRE
pensadores livres, trabalhadores livres, artistas livres e militantes livres da humanidade

EN ESPAÑOL: https://www.facebook.com/note.php?note_id=303517973007988

[repassado por facebook pelo Coletivo Transfuga - entre em contato pelo facebook]

Avatar x Belo Monte - A Ficção emociona tanto! E a realidade?

LETRAS VERMELHAS

Avatar x Belo Monte - A Ficção emociona tanto! E a realidade?

Avatar - Do que se trata?

Avatar é um filme de ficção de 2009. Os homens descobrem um metal raro em um planeta chamado Pandora, este metal pode ser a solução para os problemas energéticos da terra e por isso uma EMPRESA resolve extrair este metal a qualquer custo. Acontece que neste planeta existem nativos, os Na'vi, que vivem em uma sociedade igualitária e comunitária, em total comunhão com a natureza.



Belo Monte - Do que se trata?

Belo Monte é uma história real que se desenrola desde a década de 80. Os homens percebem o potencial elétrico do Rio Xingu que fica na porção leste da Floresta Amazônica, no Estado do Pará. Este potencial hidráulico pode ser a solução que os EMPRESÁRIOS procuravam para conseguir energia o suficiente para se instalar na região e explorar a mão-de-obra barata que lá reside e assim obter mais lucro. Acontece que nessa região existem nativos, os índios, que vivem em uma sociedade igualitária e comunitária, em comunhão com a natureza. Existem também as Comunidades Ribeirinhas, que não são nativos, mas também aprenderam a viver respeitando a natureza.




Será que eu percebi alguma semelhança nos enredos?


Acho que não... Talvez seja coisa da minha cabeça....

Belo Monte vista pela ótica do Capital

Eu estaria mentindo descaradamente se eu dissesse que os TERNOS por trás da Norte Energia são burros e estão agindo de maneira impensada. Se vestirmos o óculos do Capital e olharmos por seus olhos, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte é uma das melhores coisas que pode acontecer com a região.
A construção da Usina já elevou o índice de trabalhadores registrados em 400%, muitas pessoas estão se mudando para a região e aquecendo a economia, com mais dinheiro o Estado do Pará está investindo na saúde e assim melhorando a qualidade de vida das pessoas de Altamira e região.
Depois de construída a região estará pronta para receber novas empresas, nacionais e multinacionais, trará novos investimentos e empregos para o país, acelerará o crescimento econômico do país. Por esta energia ser hidrelétrica e, portanto, limpa os impactos ambientais a curto prazo seriam compensados a longo prazo.

Desde quando o progresso é melhor?

Acontece que o óculos do Capital é um óculos, vamos tirá-lo e de preferencia jogá-lo no chão e pisar em cima. O que os TERNOS por trás da Norte Energia não nos falam é quem se beneficiará de fato com este "desenvolvimento econômico".
A construção da Usina de Belo Monte está levando diversas pessoas a se mudar para a região, isso faz com que o custo de vida dos locais aumente, os alimentos ficam mais caros, o terreno para a construção da casa própria fica mais caro e inacessível. Com o aumento dos preços, o morador da região que antes se dedicava a um trabalho prazeroso, porém, pouco rentável, como por exemplo a pesca ou o artesanato, terá de vender a sua força de trabalho por um salário maior, não para viver melhor, mas, simplesmente, para viver em condições IGUAIS ou PIORES às que vivia antes do início da construção.
Quanto a melhoria da saúde é muito fácil contra-argumentar, quem mora na cidade de São Paulo poderá confirmar o que digo. A rede de transporte da cidade do Estado de São Paulo instalada em qualquer outra cidade do país seria uma maravilha, no entanto, em São Paulo é insuficiente, podemos dizer o mesmo da Saúde Pública e de outros serviços públicos. Quando uma cidade cresce, de fato, novos investimentos são feitos na saúde, na educação, nos transportes e etc. Acontece que a relação estrutura / habitantes mantêm-se.  Apesar do desenvolvimento BRUTO não se percebe desenvolvimento LÍQUIDO.
E se o povo não está ganhando, quem está? A Norte Energia produzirá diversos GigaWatts e tornará a região apta a receber novas empresas. Estas empresas poderão facilmente se estabelecer na região onde poderão pagar baixos salários (mão de obra desqualificada e sindicatos fracos) e assim obter mais lucros. A economia do País cresce, a qualidade de vida cai.

E ainda não entramos na questão dos Índios e das Comunidades Ribeirinhas

Sobre isso, basta dizer poucas palavras: "Os danos ambientais ainda não foram satisfatoriamente dimensionados".
Sem água pura, sem índio, sem comunidades ribeirinhas.

Desenvolvimento Sustentável

O desenvolvimento sustentável é a maior farsa contemporânea. Convencer parte da esquerda militante de que é possível estimular o consumo e ser ecologicamente correto foi a grande vitória dos capitalistas. O consumo exige a produção e a produção exige a matéria prima. O aumento do consumo exige uma maior produção e uma maior produção exige uma maior quantidade de matéria prima, portanto, mais danos ambientais. A estabilização da economia, ou, a estabilização dos lucros, significaria o fim das novas oportunidades de enriquecimento, ou seja, quem está rico fica, quem está miserável fica. Isso é sustentabilidade. Não é interessante não para os "quase ricos" nem para os "quase mortos" e portanto, inatingível.
Apenas o fim da lógica do consumo e consequentemente o fim da lógica do Capital pode salvar o mundo da autodestruição.

Links Interessantes:

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/09/20/em-paris-cacique-raoni-busca-apoio-contra-belo-monte.jhtm

http://www.xinguvivo.org.br/2011/08/23/imagens-do-mundo-contra-belo-monte/







http://www.socioambiental.org/esp/bm/noticias.asp

Salam (Paz)

domingo, 23 de outubro de 2011

Visão crítica: revelada a rede capitalista que domina o mundo

Visão crítica: Revelada a rede capitalista que domina o mundo

Da New Scientist - 22/10/2011
[Retirado de http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-capitalista-domina-mundo&id=010150111022#.TqRvUDgBiCo.facebook ]


Além das ideologias

Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.

Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.

A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.

[Este gráfico [à direita] mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da economia mundial. O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma.[Imagem: Vitali et al.]


Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.
"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."

Rede de controle econômico mundial

A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.

O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.

Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.

O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.

A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.

Poder econômico mundial

Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.

Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.

Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.

E isso não é tudo.

Super-entidade econômica

Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.

"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.

E a maioria delas são bancos.

Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.

Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.

Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.

A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.

Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
  1. Barclays plc
  2. Capital Group Companies Inc
  3. FMR Corporation
  4. AXA
  5. State Street Corporation
  6. JP Morgan Chase & Co
  7. Legal & General Group plc
  8. Vanguard Group Inc
  9. UBS AG
  10. Merrill Lynch & Co Inc
  11. Wellington Management Co LLP
  12. Deutsche Bank AG
  13. Franklin Resources Inc
  14. Credit Suisse Group
  15. Walton Enterprises LLC
  16. Bank of New York Mellon Corp
  17. Natixis
  18. Goldman Sachs Group Inc
  19. T Rowe Price Group Inc
  20. Legg Mason Inc
  21. Morgan Stanley
  22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
  23. Northern Trust Corporation
  24. Société Générale
  25. Bank of America Corporation
  26. Lloyds TSB Group plc
  27. Invesco plc
  28. Allianz SE 29. TIAA
  29. Old Mutual Public Limited Company
  30. Aviva plc
  31. Schroders plc
  32. Dodge & Cox
  33. Lehman Brothers Holdings Inc*
  34. Sun Life Financial Inc
  35. Standard Life plc
  36. CNCE
  37. Nomura Holdings Inc
  38. The Depository Trust Company
  39. Massachusetts Mutual Life Insurance
  40. ING Groep NV
  41. Brandes Investment Partners LP
  42. Unicredito Italiano SPA
  43. Deposit Insurance Corporation of Japan
  44. Vereniging Aegon
  45. BNP Paribas
  46. Affiliated Managers Group Inc
  47. Resona Holdings Inc
  48. Capital Group International Inc
  49. China Petrochemical Group Company
Bibliografia:

The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.5728

[ artigo retirado de: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-capitalista-domina-mundo&id=010150111022#.TqRvUDgBiCo.facebook ]

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Esse é o mundo que queremos?


Entrevista com o sociólogo Zygmunt Bauman, autor do famoso “O mal-estar da pós-modernidade”.
Como amar em um mundo assustador?
Há anos o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, professor emérito da Universidade de Leeds e de Varsóvia, dedica-se a retratar as desastrosas consequências sociais de uma modernização que privilegia apenas uma minoria. Prestes a completar 80 anos, o autor dos best-sellers “O mal-estar da pós-modernidade” e “Amor líquido” está mais activo do que nunca: dois novos livros estão chegando ao Brasil, ambos pela Jorge Zahar Editor. Em “Vidas desperdiçadas”, Bauman faz um prognóstico assustador: o crescimento incontrolável do “lixo humano”, pessoas descartáveis ou “refugadas”, como prefere que não puderam ser aproveitadas e reconhecidas numa sociedade cada vez mais seletiva. O outro lançamento é “Identidade”, uma entrevista que concedeu ao jornalista italiano Benedetto Vecchi, em que reforça seus conceitos sobre a crise de identidade imposta pela modernização.
Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, 5-11-05, Bauman analisa a fluidez dos relacionamentos amorosos, compara a vida em sociedade ao “Big Brother”, critica o combate militar ao terrorismo, comenta o “jeitinho brasileiro” e nega o rótulo de pessimista: “Acredito fortemente que um mundo alternativo seja possível”, diz ele.
  • No seu livro “Amor líquido” é um sucesso comercial no Brasil. Na sua opinião, por que as pessoas têm se interessado tanto pelo assunto? Por que a idéia de durabilidade das relações amorosas nos assusta tanto?
ZYGMUNT BAUMAN: As relações amorosas estão hoje entre os dilemas mais penosos com que precisamos nos confrontar e solucionar. Nestes tempos líquidos, precisamos da ajuda de um companheiro leal, “até que a morte nos separe”, mais do que em qualquer outra época. Mas qualquer coisa “até a morte” nos desanima e assusta: não se pode permitir que coisas ou pessoas sejam impedimentos ou nos obriguem a diminuir o ritmo de vida. Compromissos de tempo indeterminado ameaçam frustrar e atrapalhar as mudanças que um futuro desconhecido e imprevisível pode exigir. Mas, sem esse compromisso e a disposição para o auto-sacrifício em prol do parceiro, não se pode pensar no amor verdadeiro. De facto, é uma contradição sem solução. A esperança ainda que falsa é que a quantidade poderia compensar a qualidade: se cada relacionamento é frágil, então vamos ter tantos relacionamentos quanto forem possíveis.
  • O senhor está casado com a mesma mulher há 56 anos (a também socióloga Janina). Há segredo para uma união duradoura em tempos de “amor líquido”, em que os parceiros são descartados de acordo com a sua funcionalidade?
BAUMAN: Quanto mais fácil se torna terminar relacionamentos, menos motivação existe para se negociar ou buscar vencer as dificuldades que qualquer parceria sofre, ocasionalmente. Afinal, quando os parceiros se encontram, cada um traz a sua biografia, que precisa ser conciliada, e não se pode pensar em conciliação sem fazer concessões e auto-sacrifício. Eu e Janina, provavelmente, consideramos isso mais aceitável do que a perspectiva de ficarmos separados um do outro. No fim das contas é uma questão de escolha, do valor que se dá a estar junto com o parceiro e da força do amor, que torna o auto-sacrifício em prol do amado algo natural, doce e prazeroso, em vez de amargo e desanimador.
  • A sociedade fragmentada que o senhor apresenta em “Vidas desperdiçadas” não estimula a individualização e o sentimento de medo ao estranho que foram apresentados em “Amor líquido”?
BAUMAN: Claro. Nos comportamos exactamente como o tipo de sociedade apresentada nos “reality shows”, como por exemplo, o “Big Brother”. A questão da “realidade”, como insinuam os programas desse tipo, é que não é preciso fazer algo para “merecer” a exclusão. O que o “reality show” apresenta é o destino e a exclusão é o destino inevitável. A questão não é “se”, mas “quem” e “quando”. As pessoas não são excluídas porque são más, mas porque outros demonstram ser mais espertos na arte de passar por cima dos outros. Todos são avisados de que não têm capacidade de permanecer porque existe uma cota de exclusão que precisa ser preenchida. É exactamente essa familiaridade que desperta o interesse em massa por esse tipo de programa. Muitos de nós adoptamos e tentamos seguir a mensagem contida no lema do programa “Survivor”: “não confie em ninguém!” Um slogan como esse não prediz muito bem o futuro das amizades e parcerias humanas.
  • Em “Vidas desperdiçadas” o senhor menciona a questão criada por “imigrantes” em busca de um Estado que os proteja e lhes dê sobrevivência. De que modo os recentes atentados terroristas nos EUA e Europa são uma conseqüência dessa “marginalização” de seres humanos?
BAUMAN: A globalização negativa cumpriu sua tarefa. As fronteiras que já foram abertas para a livre circulação de capital, mercadorias e informações não podem ser fechadas para os humanos. Podemos prever que quando e se os atentados terroristas desaparecerem, isso irá acontecer apesar da violência brutal das tropas. O terrorismo só vai diminuir e desaparecer se as raízes sociopolíticas forem eliminadas. E isso vai exigir muito mais tempo e esforço do que uma série de operações militares punitivas. A guerra real e capaz de se vencer contra o terrorismo não é conduzida quando as cidades e vilarejos arruinados do Iraque ou do Afeganistão são devastados, mas quando as dívidas dos países pobres são canceladas, os mercados ricos são abertos à produção dos países pobres e quando as 115 milhões de crianças actualmente sem acesso a nenhuma escola são incluídas em programas de educação.
  • O que o senhor acha da afirmação de alguns acadêmicos que a globalização acabou e que o momento que vivemos agora é de vácuo pós-globalização?
BAUMAN: Não sei o que esses “acadêmicos” têm em mente. Até agora, a nossa globalização é totalmente negativa. Todas as sociedades já estão abertas. Não há mais abrigos seguros para se esconder. A “globalização negativa” cumpriu seu papel, mas sua contrapartida “positiva” nem começou a actuar. Esta é a tarefa mais importante em que o nosso século terá que se empenhar. Espero que um dia seja cumprida. É questão de vida ou morte da Humanidade!
  • O que será preciso acontecer para que nossa sociedade se dê conta da armadilha que caiu em busca da suposta “modernidade”?
BAUMAN: A civilização moderna não tem tempo nem vontade de reflectir sobre a escuridão no fim do túnel. Ela está ocupada resolvendo sucessivos problemas, e principalmente os trazidos pela última ou penúltima tentativa de resolvê-los. O modo com que lidamos com desastres segue a regra de trancar a porta do estábulo quando o cavalo já fugiu e provavelmente já correu para bem longe para ser pego. E o espírito inquieto da modernização garante que haja um número crescente de portas de estábulos que precisam ser trancadas. Ocasiões chocantes como o 11 de Setembro, o tsunami na Ásia, (o furacão) Katrina, deveriam ter servido para nos acordar e fazer agir com sobriedade. Chamar o que aconteceu em Nova Orleans e redondezas de “colapso da lei e ordem” é simplista. Lei e ordem desapareceram como se nunca tivessem existido.
  • O senhor aponta uma “crise aguda da indústria de remoção de refugo humano”. É possível criar mecanismos de inclusão dos seres humanos “excessivos” e “redundantes”? A modernização implica, necessariamente, uma “lixeira humana”?
BAUMAN: Esse excesso de população precisa ser ajudado a retornar ao convívio social assim que possível. Eles são o “exército reserva da mão-de-obra” e lhes deve ser permitido que voltem à vida activa na primeira oportunidade. Os “redundantes” são obrigados a conviver com o resto da sociedade, o que é legitimado pela capacidade de trabalho e consumo. Em vez de permanecer, como era visto anteriormente, como um problema de uma parte separada da população, a designação de “lixo” torna-se a perspectiva potencial de todos. Há partes do mundo que se confrontaram com o antes desconhecido fenômeno de “população sobrando”. Os países subdesenvolvidos não se disporiam, como no passado, a receber as sobras de outros povos e nem podem ser forçados a aceitar isso.
  • Países como Brasil, Índia e China são constantemente apontados como estratégicos para o século XXI. Ao mesmo tempo, são três países com grande número de “lixo humano”, com alto índice de desemprego. Isso não é uma contradição?
BAUMAN: Certamente. Isso fica ainda pior quando os gigantes do século XXI, China, Índia, Brasil, entram no “processo de modernização”. O número de “pessoas desnecessárias” crescerá. E aí há o grande problema que mais cedo ou mais tarde teremos que enfrentar: capacitar ou não China, Índia e Brasil a imitar o modelo de “bem-estar” adotado nos Estados Unidos em uma época em que “modernização” ainda era um privilégio de poucos? Para dar vazão, seriam necessários três planetas, mas nós só temos um para dividir.
  • Um dos mais importantes compositores brasileiros, Chico Buarque de Holanda, afirmou que “uma nação grande e forte é perigosa, mas que uma nação grande, forte e ignorante é ainda mais perigosa”. Ter uma nação grande, forte e ignorante no comando do mundo como parecem ser os Estados Unidos da Era Bush não pode acirrar ainda mais o “refugo” dos seres humanos?
BAUMAN: Lamento não conhecer Chico Buarque: ele toca no cerne da questão. Até onde vai a situação de nosso planeta com um único superpoder, confundido e subjugado pela ilusão de sua repentina ilimitada liberdade? A elevação súbita dos Estados Unidos à posição de superpotência absoluta e uma incontestada hegemonia mundial pegou líderes políticos americanos e formadores de opinião desprevenidos. É muito cedo para declarar a natureza deste novo império e generalizar seu impacto no planeta. Seu comportamento é, possivelmente, o fator mais importante da incerteza definida como “Nova Desordem Mundial”. Um império estabelecido pela guerra tem que se manter por guerras. Acabamos de ver isso no Iraque, apesar de todos saberem que era óbvio que bombardear e invadir o país não aniquilaria o terrorismo.
  • No Brasil, temos uma expressão muito popular, “jeitinho brasileiro”, que representa a capacidade do povo de superar adversidades, sejam elas pequenos problemas do cotidiano ou não. O senhor acredita que há nações com seres “redundantes” que saibam sobreviver melhor do que outros?
BAUMAN: O que vocês chamam de “jeitinho brasileiro” é a maneira que a modernização nos obrigou a reagir. Um dos resultados cruciais da modernização é a dependência dos processos da vida humana pelos “jeitinhos”. Isso implica o outro lado da mesma moeda: a vulnerabilidade crescente dos legítimos modos instruídos de viver.
  • Aos 80 anos, sua produção intelectual ainda é grande. O que o motiva a continuar escrevendo?
BAUMAN: Pierre Bourdieu ressaltou que o número de personalidades do cenário político que podem compreender e articular expectativas e demandas está encolhendo. Precisamos aumentá-lo, e isso só pode ser feito apresentando problemas e necessidades. O próximo século pode ser o da catástrofe final ou um período no qual um novo acordo entre os intelectuais e as pessoas que representam a Humanidade seja negociado e trazido à tona. Vamos esperar que a escolha entre estes dois futuros ainda seja nossa.
  • Todas suas obras apresentam um cenário bastante pessimista do mundo. Temos razão para acreditar em dias melhores?
BAUMAN: Rejeito enfaticamente essa afirmação. Optimistas são pessoas que insistem que o mundo que temos é o melhor possível; os pessimistas são os que suspeitam que os optimistas podem ter razão. Portanto eu não sou nem optimista nem pessimista, porque acredito fortemente que outro mundo, alternativo e quem sabe melhor, seja possível. Acredito que os seres humanos sejam capazes de tornar real essa possibilidade.
Texto retirado de: http://dissidentex.wordpress.com/2007/12/20/zygmunt-bauman-globalizacao-modernidade-sociedade-fragmentada/

Somos bombardeados o tempo o todo por essa tal pós-modernidade...
Arte urbana de Alexandre Orion

...não tornemos de nossas vidas apenas o reflexo de nossa existência.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Algumas imagens para viajar - TAZ na terra...

I - Esse laguinho estava absolutamente seco apenas uma semana antes das chuvas. Choveram apenas três vezes, mas foi o suficiente para que ele enchesse até a metade e desse outra cara para o lugar. Agora há vários insetos e certamente é habitat de vários anfíbios... isso atrai muitos pássaros lindos! O lago
altera o clima sensivelmente...






II - uma das várias vaquinhas que pastam por alí... é leiteira, e provavelmente vai ser vendida até o final do ano para abate, pois já é "desgastada" (não vou dizer velhinha porque deve ter no máximo 7 anos, e as vacas vivem até 25 anos, até onde eu sei).










III - uma planta espontânea: tomateiro! Tomatinhos cerejas viram uma espécie de "praga" querida por muitos fazendeiros, mas para muitos outros é um problema porque diz-se que é muito suscetível ao vírus vira-cabeça, e ele pode ser transmitido para outras plantas (e para as hortaliças deles... ). Essa nasceu no "pé" de um cavalete que sustentam os canos da hidroponia... Passarinho come o tomate e caga semente por tudo que é lado, nascem muitos tomateiros espontaneamente.



IV - um lindo pôr-do-sol visto da entrada do lugar onde moro...













V - gostei muito das cores dessa imagem. O verde aí é alface crespa, mudinhas que estão crescendo no sistema de "floating"; o vermelho é solução nutritiva (o vermelho é por causado ferro); o branco é a bandeja de isopor; e o marrom... bom, sou eu, queimadaço do sol... em close estão as raízes das alfaces que ficam submersas. Nesse momento eu estou tirando as mudinhas do floating e levando-as para os canos. Esse é um método bem prático para criar MUITAS mudinhas.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Inauguração da Página "Letras Vermelhas"

Gostei da idéia do TAZ e resolvi aproveitar o espaço também.

Esta primeira postagem é inaugural, apenas explicarei o como pretendo trabalhar.

Utilizarei o espaço para divulgar e comentar notícias, documentários, filmes e músicas pertinentes ao editorial (que está explicado em "Letras Vermelhas").

As coisas funcionarão assim:
  • O primeiro tópico será a minha postagem mais recente
  • O segundo tópico será o editorial "As Letras Vermelhas"
  • O terceiro tópico será "o autor"
  • E no quarto e último estarão os links para as "postagens anteriores"
Além de públicar na página, publicarei na página principal, pois, esta a primeira é estática e com o tempo ficaria imensa! Publicando na página principal eu poderei guardar o link que deixarei nas postagens anteriores. Então porque não publicar APENAS na página principal? A página principal é dinâmica, está sempre sendo atualizada, deste modo, quando alguém estiver com vontade de ver Letras Vermelhas não precisará ficar procurando, depois de ler a publicação da página principal irá direto para a página!

Bom, por enquanto é isso! Volto em breve com mais.

Obrigado por ter vindo, espero que me visite!

Salam! (Paz)

sábado, 15 de outubro de 2011

Outubro!

Informativo de Outubro:
Olá a todxs!


Primeiramente um muito obrigado pelas visitas & participações - é disso que o KRISIS é feito, de participação e discussão!

Algumas alterações foram feitas! A começar pelo layout, que ficou mais claro e possibilita uma leitura menos cansativa dos textos.

Também incluímos entre nossas indicações de blogs e sites o fantástico Diário Liberdade, vale a pena visitar e participar também!
Outra inclusão: Rádio Cordel Libertário! Uma galera que está trabalhando entrevistas fenomenais com várias iniciativas libertárias pelo país - em áudio! Clique e prestigie!

Outra novidade é a seção KRISIS do POSSÍVEL, uma lista de subpáginas dos participantes do KRISIS com temas específicos. Comecei com uma página de relatos, fotos e vídeos da minha passagem pela zona rural no interior de São Paulo. Espero que curtam as atualizações e, fica a dica para os participantes mais ativos do KRISIS: criem suas subpáginas!




Lembrando aos participantes do KRISIS que o perfil no facebook pode ser usado por todxs e que seria muito legal uma variação na "personalidade" do perfil com outras indicações e apontamentos fora os meus. Twitter também está meio parado, publiquem sempre que possível!

Lembrando que novembro o KRISIS completa um ano de existência! Brotemos ideias para "comemorar" essa passagem!





 
Por enquanto é isso! Visitantes do KRISIS que queiram publicar nessa página, entrem em contato coletivokrisis@gmail.com!

Abxxx, FORÇA e Saúde para todxs.
Coletivo KRISIS!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Percepções e Reflexões sobre o I Ciclo de Estudos sobre Vegetarianismo e Etica - por Tio TAZ


No dia 13 de outubro de 2011, na USP São Carlos, teve lugar o I Ciclo de Estudos sobre Vegetarianismo e Ética, realizado pelo GEEA - Grupo de Estudos de Ética Animal (geea@gmail.com). Aqui deixo algumas imagens e reflexões que tive do evento, constando que são opiniões, críticas e elogios, sendo responsável por eles.

O evento começou com a exibição do filme "Vegana". A produção do filme durou dois anos, e é uma realização do Instituto Nina Rosa. A animação tem como inspiração gráfica o famoso Persépolis. Narra a história de uma garota adolescente (Luca) que é vegana (como sua tia, que é amiga e confidente no filme) e que - sugere-se - é um ponto de pressão em sua família não-vegetariana. Aos poucos, a família começa a enxergar o ponto de vista vegano, sendo colocados diversas vezes em situações de conflito ético. O filme é composto por vários curtas - mas como um todo seria a trajetória de percepção da família para o ponto de vista vegano da filha.
Trecho de "Vegana"
Gostei muitíssimo do filme, muito bem feito, sinceramente notável pela simplicidade e beleza - além da técnica muito bem empregada. Realmente emocionante - principalmente para vegetarianxs/vegans e simpatizantes. Mas de um ponto de vista de alguém "indisposto" ao tema - e me colocando no lugar de pessoas assim - senti que a personagem Luca ( e isso foi apontado mesmo por espectadores e pelas debatedoras) tem uma posição "levemente" arrogante e que muitas vezes "estraga o rolê" da família  - como a ida ao zoológico, ao circo, ao restaurante... É claro que NADA se põe à frente de uma perspectiva ética (Luca não deixaria de cutucar se ela sente que deve), mas em termos de "propaganda" (se é que o filme serve a isso), o público é mais restrito a vegetarianxs/vegans/simpatizantes.

Um ponto que me tocou profundamente foi o tratamento dado à questão da denúncia de um carroceiro que maltratou um cavalo. Nessa parte do filme, a mãe de Luca desabafa com a filha sobre a situação que viu e sobre como se sentiu impotente. Luca liga para sua tia vegana e ela orienta a família a denunciar o carroceiro à polícia.
Aguardei a parte de perguntas e dediquei-me a essa questão. Coloquei que num
Um dos desenhos do PM Vanderlei Pereira, em exposição durante o evento
mundo onde a informação guarda papel crucial nas relações e nas transformações sociais, "denunciar" o carroceiro à polícia é justamente tomar posição de um sistema que controla a informação (o carroceiro pode ser um ignorante sobre questões de tratamento animal; o carroceiro pode nunca ter se perguntando sobre o papel fundamental do bem estar do cavalo para o seu próprio trabalho; o carroceiro não tem assistência social para substituir seu cavalo por outro meio de conseguir subsistência, etc). Já presenciei situações de maus tratos aos animais por pura ignorância dx sujeitx - nem sempre conversar com a pessoa resolve, mas eu acredito que a polícia não propõe nada sobre questões éticas, apenas pune. Infelizmente, as respostas sobre essa crítica não foram nada animadoras. Compreendo que o carroceiro esteja cometendo um crime - mas todxs nós cometemos crimes o tempo todo e muitas vezes sem saber. O sistema jurídico pressupõe que somos todxs cientes de todo o Código, quando muita vezes sequer sabemos ler. Retomo aqui uma discussão que tive com o Bruno Baader sobre vegs de boutique, que passam suas vidas defendendo animais não humanos, mas se esquecem que muitos animais humanos simplesmente não podem se defender do fomento generalizado da ignorância pelos meios detentores da informação (agregue aqui o sentido PODER). Compartilho da crítica dele no sentido de que muitxs vegs se comportam arrogantemente como privilegiados intelectuais que estão levando uma verdade universal - esquecendo que ainda ontem arrotavam carne. Muitxs outrxs não compreendem que a luta não se resume à luta pela libertação animal, mas a libertação HUMANA. Libertando humanxs não se precisa libertar animais - é consequência (na minha humilde opinião).

Essa percepção "elitista" dos posicionamentos de ALGUNS/ALGUMAS vegs está desatrelada (e muitas vezes mesmo propositadamente) de uma crítica ao sistema CAPITALISTA de produção/desperdício. É confortável se dizer vegan e sentir-se um puta ativista da causa animal... mas esquece da sua própria espécie - logo, se é especista também. Para mim, como quis deixar claro lá, denunciar o carroceiro por sua impostura com o cavalo, PARA A POLÍCIA (e não para alguma ONG ou associação que possa trabalhar com educação e assistência ao ser humano e ao animal) é apenas manutenção da exploração. Mais neoliberalismo nas veias. Tomar a frente PESSOALMENTE também é uma opção.
A discussão sobre o filme não foi longe. Provavelmente esse ponto que levantei foi o ponto mais crítico das perguntas, mas também não foi aprofundado. Certo desalento de me ver tocando num ponto chave sobre ética e não ver reações favoráveis. Talvez não "coubesse" na discussão proposta.

A tarde, tivemos a apresentação de Fábio Chaves, fundador da rede social e de
Fábio Chaves
notícias VISTA-SE (http://vista-se.com.br/redesocial/). Realmente sem grandes polêmicas, foi dinâmica e com bons detalhes e números sobre o VISTA-SE e sobre algumas relações entre os comportamentos entre vegetarianxs e vegans. Ele exibiu uma parte do filme "Terráqueos" (a que trata do massacre de golfinhos e baleias no Japão) e por todo lado escutava-se choramingos e via-se cabeças virando nos momentos mais tensos. Entendo a sensação. Já chorei muito e ainda choro pensando e vendo esse tipo de atrocidade. Ponto muito bem aproveitado por Fábio que salientou que a carne e o leite, também não estão na nossa frente sendo expropriados do ente vivo (ou já morto, no caso da carne), mas no entanto existem e sendo explorados e isso não se pode olvidar nem por um momento.

Em seguida, o palestrante Christian Saboia, coordenador da Sociedade Vegetariana Brasileira (www.svb.org.br) que tratou da inclusão dos vegetarianos na sociedade. Palestra bastante interessante, perpassando temas como inclusão no mainstream, e indiretamente, hegemonia. Não gostei muito da entonação
Durante a palestra de Saboia
mercado-lógica que o tom da palestra tomou, mas compartilho de muitas ideias dele. Principalmente sobre questões como impor respeito através da informação, e a não permissividade frente ao preconceito que podemos sofrer - e não apenas como vegetarianxs/vegans. Fato é que, por mais que se tente negar a importância do mercado na formação da cultura, não há maneiras de escapar a tal lógica. Ela nos engloba e temos que aprender a tratar com elas, sempre - e essa é minha opinião - vasculhando em busca de saídas desse sistema.

O Coffee break foi uma gratíssima surpresa, totalmente vegan, preparado pelo pessoal do GEEA - uma delícia, muitas opções e entusiasmou muitxs vegetarianxs e os poucos onívoros que lá se encontravam!

Mesa com Antunes e Vergotti
A palestra de Mayra Vergotti sobre direitos dos animais e sociedade - ativismo na minha opinião, não ficou muito clara. Não foi fundo no tema e ficou confusa. Talvez e provavelmente o problema tenha sido minha falta de atenção. Não poderia opinar muito além disso. Já a de Guilherme Antunes (direitos animais e sociedade: a legislação e as políticas públicas), que parecia bem promissora, não pode ser finalizada por falta de tempo - senti muitíssimo.


Houve um intervalo e tivemos então oficina de receitas veganas, que ficou no
Jéssica, do GEEA, preparando uma Palha Italiana Vegan
básico - ótimo, pois muitas pessoas ali não conheciam leites vegetais além do de soja, e também receitinhas como manteiga de amendoim e palha italiana vegan dão margem para ver como é fácil encontrar receitas fáceis e rápidas. Também foi um ótimo momento de integração e boas risadas!







Considerações finais

O evento em si foi fenomenal. Muito bem organizado (ainda mais por ser um primeiro evento do grupo), a organização foi atenciosa e prestativa. O número em torno de 70 participantes também foi um bom número - apesar do número baixíssimo de não-vegs.

Ficou a sensação de ser um passo a mais para ovo-lacto-vegetarianxs que ainda não tinham argumentos para questionarem a exploração animal como um todo (incluindo leite, ovos, relações de outros derivados animais...) e, para mim, a sensação de que o veganismo enquanto movimento não está sendo abordado numa relação de ética com 'E' maiúsculo - lutamos contra o especismo, mas esquecemos (muitas vezes) nossa própria espécie. Ética está na moda, principalmente quando falamos da ética dos outros - mas elaborar a própria Ética é um passo de entrega e de desafio que vai além de seguir o que está sendo proposto: é praticamente reformular o universo. Debates aprofundados sobre os campos da Moral e da Ética e suas diferenças: fica a dica para o ano que vem.

A sensação de restrição "visual" ao campo de possibilidades no capitalismo também foi forte. Não houve sequer uma manifestação que fosse além da lógica capitalista de domínio do mercado, propriedade privada, Estado de direito, leis, polícia e ordem. Mas isso se dá em quase todos os vieses sociais dos quais eu participo - faltaram libertários "assumidos" lá para "causar" essa sensação de que "hay algo aqui que va mal" - e esse algo é sistêmico. De qualquer forma, valeu a pena comparecer e divulgar.
Ano que vem, esperamos, tem mais!
Parabéns ao pessoal do GEEA, aos/as participantes e aos/as palestrantes. Força no grupo de estudos!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Liberdade para Ahmad Saadat e para todos os prisioneiros palestinos: Toda nossa solidariedade com os prisioneiros palestinos

Para salvar a vida de Ahmad Saadat camarada secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, e seus 800 companheiros prisioneiros palestinos em prisões israelenses que estão em greve de fome por 15 dias. Em uma mensagem ao povo palestino e ao mundo, na terça-feira, 11 de outubro de 2011, Saadat disse:

"NÃO À VIDA com humilhação!
Continuaremos essa dura batalha
Pela liberdade e dignidade até o último suspiro! "




O Secretário-Geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, Ahmad Saadat, enviou uma mensagem ao povo palestino e ao mundo da prisão sionista de Nafjah, na qual afirmou que "a nossa decisão de continuar a greve de fome é irreversível, sejam quais forem os métodos de repressão e terrorismo contra nós. "

Na declaração, Saadat disse que dada a escolha entre viver sem dignidade na humilhação ou morrer com a cabeça erguida, "é melhor morrer com a cabeça erguida e não aceitar a humilhação."

O líder prisioneiro considera que todos os prisioneiros palestinos nas prisões sionistas estão retomando suas forças e seu histórico papel, unidos contra a repressão das autoridades carcerárias sionistas do governo da ocupação. Nesse sentido, a decisão dos prisioneiros palestinos é continuar em rebelião e manter a greve frente a situações que já não podem suportar.

"É uma batalha para forçar as autoridades da ocupação a reconhecer nossos direitos e reivindicações. Nós estamos prisioneiros pela liberdade, somos prisioneiros de guerra e não permitiremos que a ocupação não respeite nossos direitos nacionais, humanos e legais ", afirmou Saadat.

Saadat saudou todos os filhos do povo palestino solidários com esta causa, dizendo-lhes que confia que, como já aconteceu antes, essa rebelião e este movimento de solidariedade alcançarão a vitória.

Dado a gravidade da situação de saúde do Secretário Geral, a Frente Popular solicitou ao Conselho de Direitos Humanos, a Cruz Vermelha Internacional, os Médicos Sem Fronteiras e todos os organismos pertinentes relacionados aos Direitos Humanos e presos políticos, que enviem imediatamente equipe médica para visitar Saadat na prisão, e tomar conhecimento de sua situação, afim de salvar a vida do secretário-geral. Na terça-feira, dia 11 de outubro, já contavam 15 dias de greve de fome.
Desde 27 de setembro de 2011, os prisioneiros e detidos palestinos nos cárceres israelenses iniciaram uma greve de fome para protestar contra a política das solitárias e os maus tratos. (confinamento).

O objetivo principal da greve é acabar com a prisão de isolamento (o "buraco") ou encarceramento isolado e recuperar os direitos e algumas conquistas que foram usurpados por decisão do atual governo da ocupação.

A Frente Popular convoca a mobilização popular dentro e fora da Palestina, em todos os níveis , para por fim o processo de assassinato lento contra centenas de prisioneiros palestinos.

No décimo quinto dia da greve de fome dos prisioneiros palestinos, a vida de dois dos líderes palestinos corre grave ameaça, estes camaradas apresentam visível deterioração da saúde. São eles: o camarada Saadat e do líder do Hamas, Abu Gamal Al Jiga.

Segundo Abdel Nasser Farauna, especialista nos assuntos dos prisioneiros, o estado de saúde dos prisioneiros em greve está se deteriorando perigosamente, com a já visível diminuição do peso corporal. Alguns, inclusive, tiveram que ser levados para hospitais. Saadat já perdeu 5 kg de peso e sofre de vômitos contínuos e desmaios.

O Bureau Político da Frente Popular diz que sua resposta será muito dura e responsabiliza o governo da ocupação, Netanyaho sobre a vida de seu secretário-geral. A Frente Popular e todo o povo da Palestina apóia a firmeza e a demonstração de dignidade de todos os prisioneiros palestinos, liderados por Saadat , que desafia o inimigo.

A Frente Popular alerta as autoridades da ocupação sionista de seguir com as suas práticas de represálias terroristas contra prisioneiros. Estas práticas sionistas violam sistematicamente os acordos da Quarta Convenção de Genebra sobre os direitos humanos dos prisioneiros. O Frente Popular reitera o apelo para todas as instituições dos Direitos Humanos e para Cruz Vermelha internacional a se mobilizarem imediatamente para salvar a vida dos prisioneiros.

Fatos e estatísticas sobre a situação dos prisioneiros palestinos nas prisões sionistas

Desde o primeiro dia da ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza até hoje, mais de 750.000 palestinos equivalente a 1 / 3 do povo palestino foram presos. Desde 2000 até à hoje, 75 mil palestinos foram presos. Destes, 9.000 eram crianças e 900 mulheres.
Hoje em prisões israelenses são cerca de 6000 prisioneiros. Destes, 285 crianças, 35 mulheres, 21 palestinos membros do Conselho Legislativo e dois ex-ministros.
A situação mais complicada e mais difícil que enfrentam é o confinamento isolado, por tempo indeterminado, que pode variar de alguns meses ou vários anos.
Devido à tortura, diferentes métodos de interrogatório e a ausência de condições sanitárias necessárias 200 prisioneiros palestinos já morreram.

A Frente Popular se dirige a todos os partidos, movimentos e organizações políticas progressistas amigas, assim como aos Comitês de amizade e solidariedade internacionalista, para que nos ajudem a lançar uma grande mobilização internacional para salvar a vida de todos os prisioneiros que enfrentam sérios perigos e cujos direitos são violados.

Os prisioneiros necessitam de uma forte pressão política para forçar as autoridades carcerárias do governo de ocupação israelense o reconhecimento dos Direitos Humanos, os direitos legais e os direitos nacionais dos prisioneiros, heróis palestinos que estão lutando contra o terrorismo e pela libertação de sua pátria.
O objetivo principal dessa luta é para conseguir a libertação de todos os prisioneiros guerra palestinos.
Saudações revolucionárias,

Endereço da Frente Popular para a Libertação da Palestina.
Departamento Político.
Terça - feira, outubro 11, 2011
13/10/2011 06:31:27 / Fonte: Frente Popular para a Libertação da Palestina / Palestinalibre.org (Tradução: Bassel Ismael)