domingo, 29 de janeiro de 2012

Conforte a tod@s, não acomode ninguém


Embora essa musica seja sobre um cara falando à uma mulher, dá pra interpretar de acordo com essa postagem. Sim, coloquei musicas com letras em inglês, pois tem tudo a ver com o tema desta postagem!


Eu nunca vi o KRISIS como um grupo. No dia que surgiu a visão dele como uma Nuvem de Idéias, eu realmente achei muito fodido. Mas ser uma nuvem pressupõe condensar, descondensar, se desfazer, se refazer, chover, se formar em um lugar e chover em outro, devido ao vento... E a força da chuva é conseqüência do quanto da nuvem se concentrou em cima de algum lugar.

Se me perguntar se por aqui troveja ou se as telhas são arrancadas das casas, quando chove, eu te digo que não. Mas, ainda assim, tem chovido.

Todo dia? Não. Pelo menos quase todo dia? Também não...

Conversava esses dias sobre essa imagem, e talvez realmente nem tod@s queiram correr contra o vento para que ele faça um assovio, ou mesmo correr contra o mesmo vento que nós (e quando digo nós, não me refiro a nós, mas a cada pessoa que escolhe o vento que julga ser melhor). A pergunta que fica é: adianta correr contra um vento, fazer um assovio, se não houver pessoas que possam ouvir o som que faz? Não, assim como não adianta apenas buscar preencher esse buraco com qualquer coisa...

E é verdade isso de que deixo o meu como está? Não sei, me pergunto todo dia. Da mesma forma que não sei pra que lado eu tenho que correr pra que ele faça um assovio, ou mesmo com o que ele pode ser preenchido, se assim for...

Vivências diferentes resultam em expectativas diferentes, com tempos diferentes?

Sim, mas embora cada pessoa tenha uma rede de vivências específica, grande parte del@s, ou mesmo tod@s, resultam de viver junto com outras pessoas. E quando falo junto, me refiro á viver em contato com outr@s. E isso significa, da mesma forma, tempos diferentes, disposições de ação diferentes, mas que não são nada mais do que expectativas, se não resultam em contato com as demais disposições e tempos de outr@s. Significa a possibilidade de acelerar um processo, como também pode significar cautela. Correr um risco não significa se jogar cegamente, mas escolher o risco, sabendo das conseqüências,

Conforto é uma palavra estranha. Será que toda essa luta contra o sistema, também não é pelo conforto da espécie humana? Afinal, é uma luta por viver em uma sociedade que conforte a tod@s, e que ao mesmo tempo não acomode ninguém.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Quando o poder é tirânico, a revolta é um dever"

A Ditadura nunca acabou, não para aqueles que, por não terem a mesma influência de Naji Nahas, não têm direito à moradia. Assistam ao excelente documentário sobre a desocupação do Pinheirinho:

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Pinheirinho, um pouco de História

Pinheiro está em evidência. Mas, como historiador, acredito que o presente fica mais claro depois de entendido o passado. Portanto, vamos a ele:
A região da cidade de São José dos Campos denominada Pinheirinho fez parte de uma fazenda de uma família alemã. Este é, inclusive, o motivo pelo qual há lá uma favela denominada Campos dos Alemães.
A Fazenda era de propriedade da família Kubitzky, formada por quatro irmãos solteiros e sem filhos: Hermann Paul, Erma Erica, Artur Moritz e Frida Elsa, tendo o mais novo dos irmãos 68 anos. Diz-se que a família levava uma vida típica dos alemães: muito regrada e taciturna.
Não tinham amigos e quase nunca falavam com ninguém, exceto em meados de 1968, quando um homem insistiu em comprar a fazenda da família. Eles se recusaram na venda e, então, receberam uma carta, ainda no ano de 1968 deste mesmo homem.
Não responderam à carta e mantiveram sua posição de não vender as terras, independentemente do valor da oferta. Eis que, no ano seguinte, o ano de 1969, a história ganha seu primeiro desfecho: os quatro irmão, sem herdeiros, são encontrados mortos na sede da fazenda. O crime não foi esclarecido até hoje e tudo o que se conseguiu como pista do assassino foi uma luva de couro, abandonada no local. Sobre essa história, não acredite em mim. Como estou de bom humor, facilitarei: pesquise a informação na sessão de notícias policiais do acervo da Folha de São Paulo, clicando AQUI.
De acordo com a Constituição, as terras, bem como outros bens, sem herdeiros devem ir para as mãos do Estado. No entanto, com o passar dos anos a terra ficou abandonada.
No ano de 1981, surge um homem reivindicando a propriedade da terra através de um documento que, em tese, comprovaria tal propriedade. O homem em questão é o especulador Naji Nahas cuja ficha criminal é extensa e não vale retomar o tema aqui.
O fato de não haver herdeiros legais torna palpável a teoria de que a prática de Naji Nahas tenha sido pautada na ilegalidade, neste caso, chamada grilagem (não acredite em mim, leia sobre ele AQUI).
A grilagem é a prática de falsificar escrituras para se apropriar de terras que não lhe pertence. Ganha este nome porque, para dar aparência de envelhecido ao documento falsificado, os criminosos os guardam em caixas com grilos - os insetos - que, por sua vez, deixam os documentos roídos e amarelados.
Pois bem, especula-se que Naji Nahas seja um grileiro, que tenha tomado posse das terras de forma criminosa e, assim, a polícia espanca, mata e deixa na rua da amargura pessoas honestas que, por desconhecerem técnicas de grilagem, são chamadas de bandidos! O fato é que a polícia do PSDB e os (nada) meritíssimos juízes mais que agredir aos pobres honestos, tem a função de agradar aos ricos nem tão honestos assim.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Música para os nossos Ouvidos



Depois de sairem da prisão por incitamento à violência e à conspiração (graças à música "Crash the Meeting" - contra o G20 no Canadá em 2010), a dupla de rappers canadenses Testament & Illogik nos presenteiam com toda sua energia nesse CD de 2011: "A".



Disparando sua fantástica metralhadora de rimas, a dupla mostra sua força com mensagens libertárias em todas as suas músicas: desde a potência dessa enigmática letra "A" (que nos faz pensar em tudo o que o anarquismo representa para nós, para a polícia&stado e para a sociedade), passando por uma fantástica base crítica contra a propriedade privada ("Land is Freedom)", imigrantes e a suposta ilegalidade de ultrapassar barreiras nacionais ("No One is Illegal"), inspirando anarquistxs a continuar lutando ("Black & Red Yo"; "In da House") e a manter sua autonomia ("Don't Follow"), e ressaltando as ligações da humanidade libertária com os animais e a terra ("Liberation of All Beings") e com a positividade de uma postura crítica que não exclui o amor ("All from Love") - e outras músicas ainda.

Fora a quantidade absurda de ideias que nasce da simples frase Teste a Lógica Deles...

Quem nunca ouviu pode pensar que, graças à potência fenomenal das letras, a dupla pode pecar em musicalidade... mas ao ouvir In da House, ou Great Lakes to Cascades vai perceber que Test Their Logik não perde qualidade em nenhum momento.

Definitivamente uma das grandes duplas de RAP da atualidade.

Para baixar esse segundo CD ("A"), clique AQUI.

Para visitar o site da dupla e conhecer mais sobre, ver vídeos, consultar agenda e também para baixar o primeiro CD deles ("Arrested Development") clique AQUI.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O fim do mundo como o conhecemos HOJE?


A lei estadunidense contra a pirataria na Internet entrou em vigor e a primeira vitima foi o Megaupload.
O sítio virtual http://www.megaupload.com/ foi fechado e quatro membros foram presos pelo FBI. O significado dessa ação é bem claro:

"Não haverá mais liberdade na Internet"

Qualquer site que esteja, de alguma maneira, infringindo as leis estadunidenses de direitos autorais podem ser tirados do ar a qualquer instante, isso pode colocar até mesmo o "blogspot" na mira do S.O.P.A. ou seja, o sítio virtual do Coletivo Krisis TAMBÉM pode estar com seus dias contados.

A resposta, ou a Contra Reforma já começou. Diversos grupos de hackers, inclusive o famigerado Anonymous já começaram a mostrar que não ficarão calados enquanto seu mundo desaba, antes disso eles desabarão com as empresas que de alguma forma motivaram a lei.

Se a internet não é tão importante para você, não será afetado, mas se você compartilha vídeos no Youtube, procura informações na Wikipédia e passa o tempo livre divulgando links no Facebook, aproveite ao máximo, tudo isso está com os dias contados...

Estamos vivendo em S.O.P.A
E a S.O.P.A. pode nos banir.

Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta!

JTV - 16-01 from TV Sol Comunidade on Vimeo.


A população de Indaiatuba reclama, reclama e reclama das péssimas condições do transporte público oferecido pela empresa Guaianazes, mostra-se indignada nas redes sociais, mas na hora de mostrar a cara nas ruas e protestar de verdade ... cadê?



Mesmo pagando uma tarifa de R$ 2,80 e reclamando do transporte coletivo oferecido pela empresa Guaianazes, a população de Indaiatuba não compareceu ao movimento marcado para sábado, às 10h, que protestou contra o aumento da tarifa e a precariedade do transporte público no Município. Poucas pessoas compareceram ao ato de repúdio, que nasceu dentro das redes sociais, como Facebook e Twitter, mas não avançou nas ruas da cidade.

“O brasileiro é acomodado, reclama, sofre, mas no momento em que é chamado para um ato como esse, não aparece; mas nós não vamos desistir”, lembrou um dos participantes do protesto.

Munidas de faixas e cartazes, cerca de 20 pessoas dos movimentos ‘Coletivo Edukator’ e ‘Krisis’ se reuniram às 10h, em frente a sede da Guaianazes, localizada no Centro de Indaiatuba. Em seguida, percorreram algumas ruas centrais e fizeram uma movimentação nas praças Prudente de Morais e D. Pedro.

Para os participantes, o transporte coletivo oferecido pela Guaianazes é horrível; não cumpre horário; não respeita a população; é caro; tem ônibus velhos e quebrados, que vivem lotados e atrasados; só conta com terminais no Centro, e não oferece cobertura nos pontos. Ainda assim, a empresa é uma das mais lucrativas do município.

O grupo diz que não vai resistir, pretende fazer reuniões pontuais, montando um grupo permanente de discussão, além de marcar outros movimentos como o desse sábado (14/01), em que tentará envolver novamente a população.

Com membros do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), o grupo também chama a atenção para necessidades de melhorias no transportes de Indaiatuba, como passe livre para estudantes, gestantes e desempregados; municipalização do transporte; integração entre as linhas com carência de 5 horas (hoje são 15 minutos) e mais qualidade e respeito no serviço prestado a população.

Durante a manifestação, os participantes do movimento ainda tentaram a adesão de quem andava pelas ruas ou corria para pegar os ônibus coletivos. Na próxima, a ideia é ter mais participação da população.

Para isso, no entanto, o grupo vai precisar tirar as pessoas dos bancos duros dos coletivos lotados e caros, e trazê-las para as ruas, único local em que – pelo atual estágio de relacionamento entre Prefeitura e Guaianazes – é possível nascer alguma mudança! O ano (de eleição!) é propício!


Fonte: Quanta notícia - Indaiatuba.


Só uma observação: a autora do texto errou na digitação em " O grupo diz que não vai resistir", onde deveria estar escrito "o grupo diz que não vai desistir". Não vamos desistir, e esperamos que os indignados com os abusos da empresa Guaianazes saiam dos sofás.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Manifestação contra o aumento da tarifa do Transporte Público de Indaiatuba

Abuso - Pague caro pelo que não lhe convém



Imagine-se tendo que comprar uma roupa íntima, imagine que só exista uma marca de roupa íntima, portanto, você não tem escolha... Agora imagine que esta marca utiliza pó-de-mico na confecção desta roupa íntima, e pra melhorar... O preço dela aumentou abusivamente...

É assim que a população de Indaiatuba se sente em relação ao transporte público oferecido pela empresa Guaianazes.

Falar que o serviço é porco é uma ofensa a todos os porcos. Falar que o serviço é uma merda é mascarar a falta de qualidade do mesmo. 

Existem poucos ônibus, portanto, são todos lotados e o tempo de espera é enorme.
Eles são velhos e quebram
Existem muitos pontos de ônibus descobertos, expondo o usuário a sol e chuva
A integração é de 15min, ou seja, não existe, posto que o tempo de espera entre os ônibus é maior que isso
Não há terminais fora do centro da cidade

Como se já não bastasse para as pessoas estarem putas da vida, a tarifa aumentou para R$2,80!!!!

No sábado 14, cidadãos inconformados realizaram uma manifestação contra este abuso. A manifestação promete ser a primeira de muitas.

O Coletivo Krisis esteve por lá.

Em breve mais notícias

sábado, 14 de janeiro de 2012

Coletivos Instantâneos - para aceitá-la, continue na linha após a identificação.

Gosto de Coletivos.

Gosto da idéia de vários comparsas arquitetando e afinando suas quintas-cordas. Co-autoria é uma coisa que sempre mexe com concepções há muito arraigadas em minha mente. duas mãos e várias faces, ou uma face e várias mãos!

Mas não gosto da institucionalização que alguns coletivos acabam promovendo. Começam como indivíduos em uma empreitada, e logo se tornam corporações. Entendo: muitos coletivos têm receio de que pessoas estranhas ao grupo alterem a linha de pensamento habitual (isso é um efeito colateral mínimo) ou mesmo que prejudiquem o grupo, seja denunciando as atitudes ilegais que alguns coletivos trabalham eventualmente (efeito colateral dos brabos...), é compreensível, sim. Por isso gosto dos coletivos instântaneos, pena que nem sempre conseguimos dar um nome nesse filho tão bonito que tão rápido sai pro mundo.

Fiz parte de vários coletivos instantâneos, invisíveis... convocações espontâneas, absoluta voluntariedade, sem pressão, sem forçar a ideologia de cada um... fantástico, comunitas.

Encontrar compadres, eis a dificuldade... é preciso gerar confiança, e não só esperá-la dos outros. compartilhar as ações é um bom modo de ver quem está afim da ação de fato. 


por isso é bom que seja espontâneo. A única coisa que sei sobre a índole de meus compadres (para com meus ideais) é o que acabaram de realizar. Se vou fazer uma ação e conclamo um compadre, ele pode ser covarde ou preguiçoso até o último segundo; então, só quando tá tudo lá, pronto, é que sei quem esteve ao meu lado. Mas tudo se repete na próxima ação. O mesmo disso tudo vale para mim: imagino que todos que me chamam para a ação, possuem imediatamente uma memória do que eu represento, mas que só se confirma no exato segundo em que não há mais perigo.


exigência do social

não deveríamos perder as oportunidades de trocar idéias, mesmo que não seja apenas com nossos comparsas. As vezes da pior conversa de buteco que se imagina brotam as flores mais coloridas de nossa criatividade. Mas é preciso estar atento, é preciso estar sempre ativo, consciente: lapidar as pérolas foscas. Sem contar que muitos compadres "surgem" numa conversa e de repente, alguém que você nunca imaginou está mexendo a panela de farinha e água.

Se você nunca encarou uma psicotopografia noturna, nunca mexeu com tinta, nunca planejou uma invasão, um incêndio, fique atento: tem sempre alguém propondo algo nas entrelinhas. E de repente, esse alguém é você mesmo. 

sair pela tangente e dançar em cima de um poste, só não vai quem já morreu - ou quem nunca viveu!
Faça você mesmo tudo com as próprias mãos - e várias faces! Juntemos-nos!! Coletivizemos-nos!! vivas aos piqueniques noturnos, sob os olhos de éris!

[retirado de www.resistenciaheterodoxxxa.blogspot.com]

A batalha instaurada - parte II

Mobilize-se de alguma forma. Repasse informações e, para quem tem a possibilidade, vá até lá, engrosse as camadas populares e faça história:

A batalha instaurada - parte I

Pinheirinho é um bairro de São José dos Campos, formado em 2004, com a ocupação de uma área de aproximadamente 1 milhão de metros quadrados que pertencia ao Grupo Selecta, pertencente ao especulador Naji Nahas (informe-se sobre ele AQUI). O bairro formou-se a partir de movimentos de ocupação. Agora, quase 8 anos depois da ocupação, quando as famílias estão estabelecidas e investiram tudo o que podiam na área, a juíza Márcia Loureiro, ignorando pedidos do governo federal, manteve a decisão de reintegração de posse da área.
Os moradores, identificando os seus, unem-se e organizam-se para, não mais reivindicar (como é praxe nos movimentos sociais), mas conquistar, através da luta, o mínimo necessário para uma condição de vida digna.
Surge, assim, um estalo de consciência e da ação através dela. Veja o vídeo abaixo e observe que a organização em muito se assemelha aos chamados black block europeus:


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Até quando você vai levando? - versão Piauí

Assista ao vídeo abaixo, onde a Tropa de Choque da Polícia Militar dilui uma manifestação de estudantes. Repare que existe uma tática não muito simples executada pelas forças do Estado: policiais avançam em direção aos manifestantes. Distraídos pela ação da polícia, eles não percebem que a tropa de choque toma formação atrás. Após isso, os policiais recuam e, depois de determinado espaço, abrem caminho para a tropa de choque.
Esta ação, na verdade, esconde dois propósitos da polícia. Um é o logístico: o espaço físico não permitiria a formação do grupo de policias daquela forma na presença dos manifestantes. Eles reagiriam antes de a tropa se alinhar.
Outra intenção que pode ser inferida é a que conta com o abalo psicológico. Em um primeiro instante, os manifestantes sentiram-se acuados, resistiram e venceram. Quando do ecstasy da momentânea vitória, surge, como efeito surpresa, a tropa de choque que, finalmente, dissolve o movimento. A dissolução só se deu de forma tão liquida porque a sensação de derrota é maior quando ela se dá em um contexto de vitória e, naturalmente, a fuga é a melhor forma de se preservar aquele sentimento. Essa, talvez, seja uma reação instintiva e nada racional, mas cujo domínio permite à PM oprimir com mais eficiência.
Uma lição deixada àqueles manifestantes pela PM é a de que, não importa o quanto você acredite, o Estado sempre terá uma carta na manga e quanto mais forte sua investida, mais forte será a reação do Estado, até que você desista.
Isso não é verdade, o Estado não tem tantas cartas na manga. Mas é isso o que eles querem te fazer acreditar. E, na prática, conseguem! E conseguem porque o aprendizado se dá de melhor forma quando ele se dá depois de uma descarga de adrenalina. É o Estado utilizando seus instinto de sobrevivência para te controlar.
Nada disso, na verdade, é novidade. A única incerteza, de fato, é: até quando iremos enfrentar homens com escudos, armas de fogo e cassetetes com a mão limpa? Até quando nos colocaremos na situação de vítima da violência policial? Até quando acreditaremos que impedir o trânsito em uma rua irá mudar alguma coisa no sistema? Até quando vamos levando?




A militância em Star Wars

Este vídeo é a indicação de um leitor, Janos, e dispensa apresentações.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Apartheid Tupiniquim - parte II

Como vimos, parte da política que mantem o Apartheid tupiniquim é isolar aqueles que não querem ser incomodados com a "gente diferenciada" que insiste em resistir à fome e a todas as adversidades (desestrutura, enchentes, falta de moradia, etc.) para continuar viva.
Mas essa ação não basta, afinal, como convencer a gente diferenciada a permanecer em seu lugar, sem incomodar os demais? A Polícia Militar do Estado de São Paulo, em sua excelência na ação de manter a ordem a qualquer preço deu o seu recado: a política utilizada para conter os dependentes químicos da cracolândia será a política da "dor e do sofrimento" (leia "O Apartheid Tupiniquim - parte I" AQUI). Para os mais otimistas, o vídeo abaixo mostra que, ao contrário das expectativas, não se tratou de força de expressão:

As prioridades de Dilma Rousseff são: Educação - Cultura e Meio Ambiente

Ou não... Talvez as prioridades dela sejam: Empresas, economia, crescimento... Igual ao Serra!!!



Segue o comentário retirado do Consciencia.vlog.br



Comentário em Krisis:

Diminuem-se os impostos para as empresas, aumentam-se os gastos dos trabalhadores. Aumentam os lucros da empresa, o salário mínimo permanece mínimo... E o aluguel? Este sobe bem!!!
Favorece as empresas, e só se favorece ao trabalhador quando este favorecimento será melhor para as empresas...

Este é o Brasil... Um Brasil sem miséria... Que tipo de miséria? Um Brasil sem gente pobre do bolso? Mas, cada vez mais miserável na alma? ganha-se dinheiro? Quanto? Saúde, Educação, Cultura, Meio-Ambiente... Isso é supérfluo...

Oração para antes de dormir:

"Se quando eu ficar velho eu for virar um lambe bunda de empresário, como a Dilma, Deus, por favor, me arrebate antes. Amém"


Até quando você vai levando?

O vídeo abaixo tem circulado por redes sociais como Twitter e Facebook, mas nem por isso deve ser ignorado. O papel dele é de denúncia dos abusos cometidos pelos policias (o que soa quase como um pleonasmo), mas não devemos nos entregar ao ato passional e simplesmente nos indignar com a atitude do policial. É necessário mais que isso e nos questionar por que motivo os outros militantes daquele movimento ficam inertes diante dos abusos. Questionar até quando a população calar-se-á diante dos atos de violência daqueles que, de uma ou outra forma, cumprem com sua função dentro da sociedade capitalista que é justamente conter dissidentes.
Assistam ao vídeo e reparem que a única coisa que os - teoricamente - aliados do agredido fazem é pedir calma, dizer que não é assim e evocar os direitos de proteção contra o abuso de autoridade (instituído nos moldes do Estado democrático de Direito, diga-se de passagem). Até quando vamos lidar com a violência desigual dessa forma? Até quando ficaremos de braços cruzados vendo nossos algozes massacrando quem luta ao nosso lado? Até quando seremos omissos e recorreremos ao facebook como instrumento de denúncia?
Quem se omite também agride e não podemos agredir companheiros de luta!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Segunda Fase da Fuvest


O que a charge não mostra é que quem faz escola e cursinho particular cai direto no meio do funil, quem faz escola pública, se não estiver de asa delta, não chega nem perto do largo do funil.

sábado, 7 de janeiro de 2012

O Apartheid Tupiniquim

Não existe nenhuma dúvida de que o tratamento dado ao viciado de droga, em especial do crack, no Brasil está longe de ser o que se devia. O problema da dependência não deve ser visto como uma questão criminal e, sim, de saúde.
Este problema de saúde se dá por "n" questões que ainda são investigadas pelos diversos ramos da ciência, mas é sabido que a questão social contribui em muito para o vício, principalmente em drogas pesadas. Na região de Ribeirão Preto, por exemplo, onde, anualmente, dezenas de cortadores de cana morrem por exaustão, o uso do crack é bastante comum. Nas metrópoles, o abandono do indivíduo, as dificuldades econômicas, agravadas pela desestruturação da família (e nem falo aqui da família nuclear, paternalista) e a exclusão, em seu sentido mais amplo, têm sido fortes fatores que, se não levam, recrudescem o problema do vício. O crack é a droga mais barata e com efeitos mais fortes. Portanto, ele passa a ser o grande vilão da história.
Na cidade de São Paulo, o problema sempre esteve concentrado em uma região: a cracolândia. Todos sempre souberam o que se passava ali, ninguém nunca se incomodou! Nunca houve uma política de assistência que pudesse ser levada a sério e considerada como uma política de assistência de fato.
Em 2005, lança-se um programa chamado "Nova Luz". Por este programa, foram fechados alguns hotéis, bares e estacionamentos cujos proprietários mantinham algum tipo de relação com o tráfico. Além disso, a prefeitura concedeu incentivos fiscais (em relação à cobrança do IPTU) aos proprietários que efetuassem reformas nas fachadas de seus prédios. Como a própria situação sugere, o que se fez foi de fachada...
Agora, na última semana, a Polícia Militar, preparando o terreno para os possíveis turistas de 2014, decidiu intervir. A estratégia da polícia, nesse e em todos os outros casos em que ela age, é cuidar do viciado pelo método da dor e sofrimento (leia sobre AQUI). É recuperar o viciado, mostrando que a droga o causa dor, assim como calavam dissidentes pela tortura durante o regime militar (que para muitos não acabou). Essa é a lógica da polícia: a dor e o sofrimento purificam a alma!
Evidentemente que, se o problema não é policial e não é a uma ou outra cacetada que cura viciado, a tática da polícia não resolveu muito. Sim, a cracolândia foi esvaziada, mas os viciados continuam viciados, continuam excluídos e sem assistência. Como sua vida não mudou, eles somente migraram, passaram a perambular pelas ruas de São Paulo e isso tem incomodado muita gente.
Dentre os lugares pelos quais passam o roteiro dos dependentes inclui a região de Higienópolis. Os moradores de Higienópolis já foram centro de uma polêmica envolvendo a construção do metrô (relembre, clicando AQUI) e é claro que moradores de um bairro nobre e tão tradicional como Higienópolis não costumam ser contrariados. Acontece que os moradores de Higienópolis não queriam tal construção para evitar a presença de pessoas "diferenciadas" (leia-se pobres) no bairro (a autora da frase nega tudo AQUI).
Mas os pobres, principalmente os não adequados, cujas barreiras ideológicas foram enfraquecidas pelo isolamento social causado pelos efeitos do crack, não conseguem compreender que não são bem vindos. Assim, os moradores de Higienópolis começam a se mobilizar contra a Polícia Militar com o intuito de protegerem a tradição de seu bairro (mais informações, aqui e ali) e a mídia, como vimos nos links, expressa sua preocupação.
O fato é que, se não retiram o lixo da porta da sua casa, você chama o lixeiro. Se o lixo ainda respira, polícia nele! E é assim que o Apertheid brasileiro se faz: às avessas, ou seja, não isola-se o indesejado. No lugar disso, criam-se áreas de intocabilidade, à qual ninguém tem muito acesso se não for para limpar privadas, transformam bairros em condomínios fechados, regiões em feudos e o ser humano em descartável. No fundo, não é importante se determinada pessoa precisa de assistência, o importante de se assistir... é só mesmo o BBB.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Far West brasileiro V - Jovem demais para morrer

Criança de 8 anos queimada viva tem menos repercussão que cachorrinho morto à pancadas.

Talvez as prioridades da mídia estejam um pouco equivocadas...

Nem em filmes de Bang bang como o "Jovem demais para morrer" atos como esse são praticados.



Madeireiro joga álcool e ateia fogo em indígena de 8 anos no Maranhão
Por Diana Serra
06/01/2012

SÃO LUÍS-MA: Um crime bárbaro chocou o município de Arame-MA nesta semana. Um madeireiro ainda não identificado está sendo acusado de derramar álcool e atear fogo em um indígena de apenas 8 anos. Conforme as primeiras informações, a vítima sofreu queimaduras em mais de 80% do corpo e foi morto consumido pelo fogo.

A informação foi publicada pela internauta Alice Pires, uma das coordenadoras editorial do Vias de Fatos, após comentários em seu Facebook. A internauta conta ainda que, ao saber da notícia não conseguiu mais dormir. “E quando os Guajajaras me ligaram ontem dizendo que o índio que os madeireiros jogaram álcool e tocaram fogo e ficaram assistindo ele queimar até morrer, tinha só uns 8 aninhos de idade não consegui mais dormir”, postou Alice na rede social .

O indígena que ficou irreconhecível depois de ser completamente consumido pelo fogo, era da etnia Awá-Gwajá, da reserva de Araribóia, município de Arame no Maranhão.

Outros fatos relatados anteriormente em relação aos quilombolas e a Marinha, que também estão sofrendo ameaças e sendo mortos, como o descrito neste ofício publicado no Vias de Fato:

OF. Nº 01/2012 CPT-MA São Luís, 03 de janeiro de 2 012

A sua Excelência o Senhor

Dr. Gercino José da Silva Filho

MD. Ouvidor Agrário Nacional

Senhor Ouvidor,

A Comissão Pastoral da Terra, através dos subscritores do presente ofício, vem relatar mais um ato de violência covarde que abate quilombolas do território Aldeia Velha, zona rural de Pirapemas, Maranhão.

Em 03.01.2012, às 15 horas, 5 quilombolas do Território Aldeia Velha foram ouvidos pelo Delegado Regional de Itapecuru-Mirim, Dr.Leonardo Diniz, para instauração de Inquérito Policial que irá apurar os diversos crimes cometidos contra famílias quilombolas dos diversos povoados que integram o território de Aldeia Velha, dentre os quais Salgado e Pontes( ameaças de morte, incêndio de roças, envenenamento de água de poço, matança de animais, pistolagem, etc).

Durante toda a oitiva dos quilombolas, este asseveram que sentem medo de sofrer atentado contra suas vidas ou de algum familiar, que não andam mais sozinhos e que não saem mais pela noite. Os relatos foram atentamente anotados pelo Delegado Leonardo Diniz, que instaurou o Inquérito, depois de diversas denúncias realizadas pela CPT, Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA e Anistia Internacional.

A oitiva se encerrou por volta das 17 horas e os trabalhadores quilombolas retornaram para Aldeia Velha.

No momento do retorno, por volta das 19 horas, quando se aproximava do povoado Pontes, no território, o quilombola João Batista foi perseguido por dois homens numa moto, sendo que este quilombola teve que se esconder no mato, para não ser morto pelos perseguidores. Durante alguns minutos, os ocupantes da moto rondaram a área que se escondia João Batista, anunciando que “ não escaparia”. Depois de 20 minutos, o quilombola saiu em disparada ao povoado Salgado, comunicando o fato aos demais trabalhadores presentes na localidade e imediatamente uma das lideranças ameaçadas, Sr. José Patrício, entrou em contato com os subscritores, que comunicaram imediatamente o fato ao delegado regional Dr.Leonardo.

Este fato comprova que a violência está descontrolada na região de conflito.

Tememos por mortes dos quilombolas, que estão sendo anunciadas em plena luz do dia!

Padre Inaldo Serejo – Coordenador da CPT/MARANHÃO

Diogo Cabral- OAB/MA 9.355- Advogado CPT/MA

Vejam a que ponto está chegando a violência no nosso estado do Maranhão. E o governo nada faz, Os representantes da Justiça nada fazem. Os representantes do povo nada fazem.

Cadê a comissão de Direitos Humanos? Ela só existe para marginais? Será mais um crime para estatística?

É preciso que o mundo saiba o que acontece no Maranhão. Terra sem lei para os detentores de dinheiro e poder. Alguns, verdadeiros marginais, onde ainda resiste o coronelismo.

Aí, se o povo se revoltar contra esses algozes? O que farão? Povo do Maranhão, acordem!!

Retirado de: http://gd-ma.com/2012/01/06/madeireiro-joga-alcool-e-ateia-fogo-em-indigena-de-8-anos-no-maranhao/

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Mas religião não se discute, né?

Duelo de Gigantes

A questão do S.O.P.A já foi bastante discutida aqui. Acontece que, ao contrário de nós, as grandes empresas afetadas pela medida não ficam só no debate: seja por interesse ou por melhores condições de fazê-lo.
Dentre as medidas tomadas pelas grandes empresas afetadas, a primeira é a criação de um site que visa aglutinar todos aqueles que são contrários à tal medida, chamado NETCOALITION. Você pode visitar o site, clicando AQUI.
Além deste site, as gigantes da comunicação (listadas na ilustração ao lado) se reuniram e redigiram uma carta aberta ao congresso estadunidense, apresentando suas críticas à medida. Você pode ler a carta, em inglês, clicando BEM AQUI.
No entanto, não se iluda. Para cada peixe, uma isca: para te pescar, falam em liberdade de expressão, para pescar o governo estadunidense falam em segurança da informação. Mas está bem claro que a real preocupação destas grandes empresas (de ambos os lados da batalha) é a pura manutenção de seus lucros colossais.
Para jogar um pouco de lenha nisso tudo, cabe lembrar que as grandes empresas envolvidas no movimento "anti-SOPA" já foram alvo de uma reivindicação de direitos autorais imposta, não pelas grandes empresas (como Disney ou Warner), mas por pessoas normais que foram colaboradoras destes. A campanha mais notável foi a "Hey, Arianna, pode me dar um centavo?" feita contra a venda do Huffington Post, um site de notícias baseado no conceito de "web 2.0", para a gigante AOL. Leia a matéria sobre o caso (e outras reflexões), clicando AQUI.
Cada um destes links é importante para a compreensão das reais intenções dos gigantes da internet. Finalizo deixando claro que não se trata de um recuo no sentido de prestar apoio ao S.O.P.A, mas de uma reflexão do óbvio: seja qual for o desfecho da polêmica, as coisas não vão mudar, ou seja, quem vai continuar pagando a conta no final do almoço é você!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O primeiro bebê indaiatubano de 2012

Em 2012, o primeiro bebê que nasceu em Indaiatuba é filho de mãe boliviana. No entanto, o que a notícia não menciona, é que isso significa o crescimento da população em regime de trabalho escravo no interior de São Paulo, como podemos conferir na notícia abaixo.



Denúncias de trabalho escravo em confecções crescem 30% em Campinas


Pelo menos 100 mil bolivianos vivem no interior do estado de São Paulo e trabalham ilegalmente em oficinas de costura, segundo levantamento do MTP.

O número de denúncias de prática de trabalho análogo ao escravo recebida pelo Comitê de Prevenção do Tráfico de Seres Humanos, aumentou 30% entre maio e agosto comparado com os primeiros meses do ano na região de Campinas. Um grupo têxtil espanhol, responsável pelas encomendas, está sendo investigado. Cerca de 50 trabalhadores da área de confecção foram encontrados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal vivendo em situação irregular.

"Se não forem tomadas medidas próximas, a situação vai piorar muito", afirma a procuradora Catarina Von Zuben.

Pelo menos 100 mil bolivianos vivem no interior do estado de São Paulo e trabalham ilegalmente em oficinas de costura, segundo levantamento do MTP. Entre as cidades da região que estão na lista que mais recebem estrangeiros ilegais estão Americana, Nova Odessa, Sumaré e Indaiatuba. De acordo com balanço do comitê, 10% são Peru e do Chile e outros 90% da Bolívia.

A maioria sem carteira assinada e sem direito trabalhista e morando em alojamentos precários. Segundo a presidente do comitê que atua em 24 cidades da região, Maria Ivone Aranha, os bolivianos recebem um salário mínimo. "Porém nesse salário eles tem que pagar alimentação e moradia", diz.

Notícia retirada de: www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1185112


Você nasceu sabendo, mas esqueceu...

Se o homem nasce bom eu não sei. Fato é que a sociedade o corrompe!
Este vídeo ilustra bem como uma criança reage às injustiças... Quando será que começamos a esquecer do que sabemos quando pequenos?






Capitão Nascimento, seja bem-vindo


Este post iria unicamente cumprir com uma função social que todo meio de irradiação da informação deveria. No entanto, ele não irá se ater somente a isso - embora tente fazê-lo também.
Na verdade, a ideia deste post começou quando seu autor se depara com uma denúncia de violência policial praticada nas proximidades da Unicamp - um bairro relativamente abastado, diga-se de passagem -, na cidade de Campinas, interior de São Paulo. A denúncia é bastante séria e trata-se, na verdade, da descoberta por uma pessoa daquilo que pessoas das classes mais baixas aprendem desde cedo: a polícia é violenta. Você terá acesso a ela clicando AQUI.
Eis que após ler a denúncia, decidi dar uma olhada nos comentários. Queria mesmo saber o que se pensava sobre o fato num país onde, [bem] teoricamente, o Estado Democrático de Direito está estabelecido. Minhas notícias não nos agrada (aliás, veja você mesmo clicando no link sugerido e descendo a barra de rolagem).
Pode-se, à bel prazer, questionar a classe social de cada um dos comentaristas mas isso, na verdade, pouco interessa. Defendo: pouco interessa porque não importa a classe social, os princípios básicos de uma sociedade (no caso, apoiada na égide do Estado de Direito) deve repudiar toda e qualquer demonstração de violação do tal Estado de Direito. Ora, as classes dominantes, ainda que repugnantes nas práticas, não o costumam ser no discurso e não se trata de hipocrisia. Trata-se, no lugar disso, de auto legitimação de sua posição numa dada relação de dominação. Não gosto de citações, mas Thompson diz algo de muita valia para esta discussão: "Se a lei é manifestamente parcial e injusta, não vai mascarar nada, legitimar nada, contribuir em nada para hegemonia de classe alguma" e José Jobson completa que: "Ideologia não é mera hipocrisia. Mesmo os dominantes necessitam sentir-se legítimos no seu poder(...)". Ou seja, defender punição aos exageros do Estado (ou de seus representantes) é mais que uma luta de caráter classista, é um dever mesmo dos que são privilegiados pelos excessos dos representantes do Estado.
Parece que pelas bandas tupiniquins ainda mantemos os hábitos da ditadura e não estamos muito preocupados em legitimar poderes ou parecer justo. Talvez as "ondas de aplausos" nos cinemas durante cada tortura perpetrada pelo Capitão Nascimento tem algo a nos dizer sobre nós mesmos e isso vai bem além da identidade festiva do brasileiro. O que você acha?

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A internet não representa nada?



Tradução:

SOPA CABANA
Dan Bull

Eu nasci faz tempo, em 1986;
Agora já sou velho, mas,
ainda me lembro de como as coisas costumavam ser;
E agora meus netos me perguntam:
Avô - eles me dizem -
Você pode nos dizer como era nos tempos da internet?
Você sabe, antes do S.O.P.A.
E eu os digo:
Deixe me ver, quando foi isso?
Algum tempo atrás;
no início do século XXI
Lembro-me de quando a internet era livre
Atrás do meu teclado, as pessoas me deixavam ser
Havia uma coisa que se chamava "liberdade de expressão"
Tínhamos a liberdade de ensinar, de pregar
Tínhamos a liberdade de compartilhar cultura e de trocar ideias
Sem que o Estado tentasse interferir
Assustamos, assustamos
Perdemos essa liberdade
Não uma liberdade como "cerveja grátis"
Mas sim, a liberdade de sermos livres de medo, inclusive aqui
na Inglaterra e o fato de eu ser aqui da Inglaterra,
não é a questão que importa para os novos mestres e reis
Eu era do tipo que podia cantar e distribuir a minha música
E cidadãos como eu podiam escutá-la;
Eu não podia pagar uma orquestra
Eu era um mal intérprete, em vários sentidos
Então, eu pensei em uma fórmula alternativa
Reinterpretei a mídia a meu redor
Satirizando os líderes com as batidas encontradas
Falar por cima de um sample de uma banda de rock
Costumávamos, pelo menos...
Até que o RAP foi proibido

Com o S.O.P.A.
S.O.P.A. Cabana
O lugar onde o S.O.P.A.
S.O.P.A. pode te proibir

Estamos em S.O.P.A.
S.O.P.A. Cabana
O lugar onde o S.O.P.A.
S.O.P.A. pode te proibir

Você não precisava agir de maneira subversiva
 para que seu traseiro fosse parar na lista negra
bastava cutucar um grande negócio e ser esmurrado
Tinham interesses criados no congresso
Se alguém se metia com eles, era um a menos
Nossos representantes nunca representaram merda nenhuma
Então a Internet virou história, esse foi seu fim
Eu ainda me lembro como se fosse ontem
Acho que nesse dia eu era muito preguiçoso para investigar
as travessuras de um governo de outro Estado
Agora nós teremos que pagar;
Porque esta aliança que eles assinaram naquele dia
foi firmada como lei
Fechando nossas bocas e levando nosso apetite por mais

Agora não tem mais o que possa ser feito
mas, se pudéssemos voltar atrás e mudar as coisas
A verdade é linda
Pelo menos, costumava ser
E se você está em desacordo comigo
Então, você pode me processar
Neste meio tempo, eu vou continuar usando o Youtube
Até que eu tenha que encontrar um novo meio
IRC trevas
Agora o digital cai, agora?
Agora usaremos pombos e sinais de fumaça

Paremos o S.O.P.A.
S.O.P.A. Cabana

O lugar onde o S.O.P.A.
S.O.P.A. pode te proibir

Os cartazes finais que não fazem parte da letra da música:

Pare o S.O.P.A - A internet é nossa

Unidos pela nossa Internet

A Internet é Nossa

A censura do governo te protegendo da realidade

S.O.P.A. - Não me agrada

Se criticamos a China por sua internet, para que censurar a nossa?

Paremos a guerra sobre a Internet

Você não tem o direito de censurar o que não é seu - Pare o S.O.P.A.

A internet é para o povo e pelo povo

Pare a lei de privacidade da internet (trocadilho com a sigla S.O.P.A. no original)

Internet livre e aberta para o povo

S.O.P.A. é contra a humanidade

Evitar que compartilhemos é o mesmo que evitar que falemos

Todas as suas internetes nos pertencem

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ocupe, ocupe, ocupe



O New York Times volta a falar do lugar que a palavra “ocupar” [#Occupy] passou a ter nos movimentos sociais que se multiplicaram esse ano em todo o planeta. E propõe que se colha a oportunidade para “ocupar a linguagem” e refletir sobre como damos nomes às coisas e às pessoas – em especial aos estrangeiros.

Em outubro passado, parti de San Francisco, sobrevoando os portos da costa oeste dos EUA paralisados pelo movimento Occupy Oakland, antes de chegar à Alemanha, em meio aos tumultos provocados por Occupy Berlin. Hoje, só resta constatar que o movimento Occupy transformou, não só o espaço público, mas, também transformou o discurso público.

Occupy[1]. Hoje, já é praticamente impossível ouvir essa palavra, sem pensar nos militantes instalados nas praças e ruas do mundo.

Até o célebre lexicógrafo Ben Zimmer estima que Occupy tem grandes chances de ser escolhida “a palavra do ano” pela American Dialect Society. O vocábulo já conseguiu modificar os termos do debate, tirando de cena “teto de endividamento” e “crise orçamentária”, substituídos por “desigualdade” e “ganância”.

A ironia da palavra “ocupar”, para designar uma corrente social progressista que visa a redefinir o debate em torno das noções de equidade e democracia, certamente está bem visível. Afinal, na linguagem corrente, só países, exércitos, polícias, “ocupam” territórios, praticamente sempre pela força. Sobre isso, aliás, os EUA nada têm a aprender.

E em apenas poucos meses, o movimento Occupy mudou completamente o significado da palavra “ocupação”. Até setembro, “ocupar” significava operação militar. Hoje, “ocupar” é sinônimo de luta política progressista [e quem, no ocidente, queira falar do que Israel faz na Palestina, ficam com a tarefa revolucionária de buscar, ou de inventar, palavras mais adequadas para o que Israel faz na Palestina: invasão pela força, com violência, ilegal, contra a razão democrática e civilizada do mundo (NTs)].

Hoje, “Ocupar” é denunciar injustiças, desigualdades, abusos de poder. E em nenhum caso se trata de apenas impor-se num espaço: hoje, ocupar significa também transformar os espaços. Nesse sentido, o movimento Occupy Wall Street ocupa literalmente a língua, e é hoje autor [não proprietário (NTs)] da palavra OCUPAR!

A primeira vez que a palavra “ocupar” apareceu em inglês, associada a manifestações sociais, remonta aos anos 1920s, quando operários italianos decidiram ocupar as fábricas em que trabalhavam, até que suas reivindicações fossem satisfeitas. Já foi uso muito distante da origem da palavra. O Dicionário Oxford English ensina que, na origem, “occupy” significou “ter uma relação sexual”. Hoje, a mesma palavra, já ressignificada, serve para preencher [ocupar?] muitos vazios gramaticais do discurso.

E se mudássemos mais uma vez o significado da palavra “ocupar”? Mais exatamente, e se pensássemos no “discurso do movimento Occupy” não mais como discurso dos militantes de Occupy, mas como movimento total, ele todo, de Ocupar a Linguagem? E o que desejariam esses “ocupantes da linguagem”?

“Occupy a Linguagem” [ing. Occupy Language] bem poderia inspirar-se, ao mesmo tempo, no movimento Occupy – que nos faz lembrar que as palavras sempre significam e que a língua não é estática, fechada – e dos movimentos locais que contestam os usos locais da linguagem e fazem lembrar que a língua pode ser tanto ferramenta de libertação quanto ferramenta de opressão; tão potente para unir, quanto para segregar.

O movimento portanto poderia começar por refletir sobre ele mesmo. Em recente entrevista, Julian Padilla, do People of Colour Working Group [Grupo de Trabalho das Pessoas de Cores], convocava os militantes a examinar as próprias escolhas lexicais: “Ocupar significa tomar posse de um espaço, e acho que ver um grupo de militantes anticapitalismo tomar posse do espaço na Rua do Muro [ing. Wall Street] é um símbolo muito potente. Mas gostaria que eles se dessem conta da história dos povos nativos, dos peles vermelhas e dos peles negras e dos pele amarela do imperialismo em todo o mundo. E que passassem a chamar o próprio movimento de “Descolonizar a Rua do Muro” [orig. fr. “Décoloniser Wall Street”]. Ocupar um espaço não é necessariamente ação negativa. Tudo depende de o que se faz, como e por quê. Quando os colonizadores brancos ocupam um país, eles não vêm para ficar, vêm de passagem, vêm para pilhar e destruir. Quando descendentes de tribos nativas dos EUA ocupam Alcatraz (entre 1969 e 1971), é ato de contestação.”

O movimento “Occupy Language” também poderia fazer campanha para impedir que os veículos de mídia continuem a usar o adjetivo “ilegal” aplicado a imigrados sem documentos. Os que defendem essa causa explicam que o adjetivo illegal em inglês [em português do Brasil, em termos jurídicos precisos, TAMBÉM (NTs)], só se aplica a ações e objetos inanimados. Usar o termo “os ilegais” [ing. illegals; fr. les illégaux) aplicado a pessoas, opera portanto, em primeiro lugar, a des-humanização das pessoas às quais se aplica.

Mas o New York Times só recomenda aos seus jornalistas que evitem as expressões “estrangeiro ilegal” [ing. illegal alien; fr. étranger illégal] ou “estrangeiro sem documentos” [ing. undocumented alien; fr. sans-papiers]. O New York Times nada diz sobre não usar a palavra “os ilegais” [ing. illegals].
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[1] A palavra Occupy [nas redes sociais, sempre #Occupy] é, sim, um belo achado, uma bela invenção internacionalista, dos muitos que se dizem, nós-vós-vóz-de-nós-mesmos: “ocupai/ocupar/ocupemos!”
Em português, há aí também um traço performativo de palavra-de-ordem: “Ocupai!” – modo imperativo, 2ª pess. do plural, do verbo ocupar, como “falai!”, “cantai!”, “sentai!”, “andai!”, “marchai!”, “manifestai!”, “ocupai e não arrasteis o pé daí, nós-vós-vóz-de-nós-mesmos, os 99%”. Em inglês, há aí, o traço declarativo (tb performativo, portanto) do infinitivo (“ocupar”) que ecoa, também para os bilíngues, com inglês, em todo o mundo [NTs].

Tradução: Coletivo Vila Vudu
Texto publicado no NYTimes. Original aqui
Fonte: http://www.revistaforum.com.br/

domingo, 1 de janeiro de 2012

Bom Princípio de Ano Novo!!!

O Coletivo Krisis deseja que neste ano

- A crise mundial se agrave;
- as manifestações populares se intensifiquem;
- movimentos como o Occupy Wall Street tornem-se fortes e globais;
- o consumo e, consequentemente, o mercado, decline;
- novas propostas de sociedade, ou sistema, surjam;
- a liberdade individual e coletiva comece a flamejar nos corações;
- você tenha um papel ativo em toda a mudança!