Todo mundo sabe que está na moda
falar sobre “capitalismo sustentável” e “economia verde”. Todas as empresas se
apresentam como sendo ambientalmente corretas e socialmente responsáveis e o
termo sustentabilidade é a bola da vez.
O problema é que conciliar a
conservação do meio ambiente e a produção capitalista de bens de consumo parece
impossível. Além disso, as empresas e países têm resistido ao debate, já que
preservar significa custos e consequentemente diminuição no lucro.
Até agora, pelo menos, a única
perspectiva de debate que vamos assistir será a Rio +20 que acontecerá no Rio
de Janeiro e pretende atualizar os protocolos de intenções dos países que vão
ter um papel mostrando que se preocupam com o meio ambiente. Possivelmente nada
farão na prática, assim como foi com Kyoto.
Mas surgiu uma luz para as
empresas: E se ao invés de limitarem a produção em prol do meio ambiente,
porque não fazer dos próprios recursos naturais mais uma forma de lucro? Surgiu
assim o debate para a venda de créditos de carbono [conhecido pela sigla REDD -
Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação].
A proposta é que ao invés de
diminuir o seu próprio impacto diminuindo a produção a empresa pode “colaborar
com o mundo” comprando uma floresta. E os países que ainda têm floresta não
precisaram se sentir culpados por não terem acabado com suas florestas, porque
receberão dinheiro por isso.
No momento, propostas de projetos
assim já começaram a surgir, mas todos ainda aguardam uma regulamentação global
da prática para que possamos produzir poluição e degradação e trocar por rios,
ar e quem sabe, até povos tradicionais.
Mas isso é sustentabilidade ou
economia verde? O conceito de sustentabilidade está associado a pensar no
futuro, produzir para que se possa continuar produzindo. Mas a lógica
capitalista de produção não funciona dessa forma, já que quanto mais escasso é
um produto, mais valioso ele é. Como já
explicou em um artigo Camila Moreno, coordenadora de sustentabilidade da
Fundação Heinrich Böll, a Economia Verde carrega uma grande contradição: ela só
produz riqueza quando há escassez dos recursos naturais. Afinal, se houvesse,
por exemplo, água para todos, alguém precisaria pagar por ela?
A proposta em discussão que temos
significa somente a mercantilizarão da natureza. Não estamos caminhando para um
mundo mais justo, com mais produção de alimentos e que assegure os recursos
mínimos para sobrevivermos. Estamos assegurando somente a manutenção da
economia vigente e com novas palavras que impulsionam o marketing. Estão
pintando uma economia já velha de verde.
Destaco que um dos temas do
evento Rio +20 é a erradicação da miséria. Mas os debates sociais que englobam
também a proteção dos povos originários ficaram de lado, e serão debatidos em
um evento paralelo, chamado Cúpula dos Povos, que ainda precisa conseguir
autorização para o local. Afinal, não acharam que iriam reunir todos os líderes
do planeta pra discutir esses detalhes, não é?
É importante pensar no meio
ambiente. Mas que ele não seja só mais um meio para viabilizar o capitalismo.
Mesmo que seja pintado de verde, ainda é capitalismo.
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