domingo, 8 de abril de 2012

Sem Coração

Brillaba el cielo, había luna llena
brillaba la luna, clara
como el sol por la mañana
yo iba siguiendo el corazón calle arriba
y no sé por qué,
empecé a romper retrovisores
de los coches aparcados
¡Fuego al Clero!
Incendié una catedral
y destrocé una sucursal
del Banco de Santander...

¿por qué?, ¿por qué?, ¿por qué?
porque no tengo corazón,
que es que no veis que no,
que yo no tenía corazón.
 Era uma vez um menino que pensava que era mau. Todo dia ele saía pra rua (depois eu conto o que ele fazia dentro de casa) e bancava o malvadão. Só para vocês saberem a malvadeza que era ser esse menino, um dia desses ele viu um homem com o dobro do tamanho dele jogar uma garrafa dessas de refrigerante no chão do metrô. A gente sabe que qualquer pessoa boa faria alguma coisa - pegaria a garrafa, ou falaria uns palavrões, ou mesmo daria um soco no sujeitaço. Mas o nosso menino mau, não... esse era muito mau, e por isso, não fez nada. 
Não vou dizer que ele é de todo mau, por quê no fundo ele ainda pensou em algo para fazer, mas logo parou e pensou Ahh... e voltou aos pensamentos habituais. Coisas 'más'.
Outra vez ele estava no ponto de ônibus e uma senhora muito feia caiu bem na sua frente, derrubando sem querer todas as batatas que com tanto esmero tinha escolhido no mercadinho careiro de duas quadras pra lá (o mais perto de onde estavam). Pois nosso menino exemplarmente mau... sequer olhou. Sabia que estava acontecendo alguma coisa, mas sabia também que se olhasse, teria que fazer alguma coisa (isso me faz pensar que ele não era tão mau assim). A pobre senhora feia catava as batatas em meio às poças de água e às ondas que alguns carros arremessavam contra ela. Uns outros e outras aproveitavam a cegueira da cidade e davam risadinhas. Um cancro, esse ponto de ônibus.

Mas ele era um exemplo de maldade era em casa. Era o diabo, praticamente. Se trancava em seu quarto e passava dias e noites inventando feitos na internet. Tinha uma outra personalidade, a virtual, e essa era uma maldade digna de grandes malfeitores. Lá dizia tudo que não era, aumentava as pequenas coisas que imaginava que tinha feito, era rude, duro, corajoso e belo. E toda rede social virtual estava contaminada. Todos eram maus e más. Um ou outro ser humano se salvava, mas quase não aparecia, ocupado que estava tentando fazer alguma coisa. 

Um amigo lhe disse que ele era mais mau que o hitler. Porque o hitler matava as pessoas pensando num mundo melhor (que era melhor para seu grupelho assassino), mas ele, o nosso menino mau, era mau, por quê sequer pensava num mundo melhor, só pensava no seu próprio umbigo, era um inerte. O menino sorriu algo confuso - ser pior que o hitler não era para qualquer um. O amigo apressou-se em justificar que hitler era mau, muito mau, que assassinou milhões de pessoas, e que era mau e mau e mau, mas tinha um sentido pelo menos. Esse amigo também não era bom da cabeça, por isso eram tão irmanados.
Às vezes esse menino até sentia vontade de fazer alguma coisa, quando via alguma situação que era capaz de ajudar. Mas sempre pensava Me falta coração... e preferia então ser mau.

mas no fim, não era tão mau... acho que no fim
era só um babacão, covarde e preguiçoso.

 

hay que organizarse
hay que organizarse
hay que organizarse
hay que organizarse...
[a música é Corazón, do Albert Pla]
eita mundão de meu deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário