domingo, 5 de dezembro de 2010

A coisa e o valor



Coisas podem ser descartadas, trocadas, compradas, vendidas, manipuladas.
Coisas que possuímos, desejamos, buscamos.
Coisas têm um valor ou não. Esse valor que lhe coube não tem um valor real, apenas valores impressos em notas de real.
Uma coisa não tem sentimento. Uma coisa não sofre, não sente. E se sofre, e se sente, pouco importa, afinal, é apenas uma coisa.
Coisas não são importantes.

...

Mas o que é coisa para um, para outro talvez não.
Existem coisas que não são coisas, mas foram coisificadas.
E quando falo de coisificação, não me vem à cabeça outro exemplo se não a própria vida. Humana ou não, a vida perde seu valor. E que valor? Do real impresso? Não. Esse é o valor do qual foi-se empregado. Mas esse não é o verdadeiro valor.
A carne no açougue, a prostituta na esquina, a mão de obra escrava, a mutilação em nome da beleza. Essa coisificação do ser. É essa e unicamente essa que têm valor. Mas esse tipo de valor a mim não se aplica. O valor que a mim se aplica é a descoisificação do ser.

3 comentários:

  1. E voltamos a velha problemática Ser/Ter

    E haverá desapego?
    Desapego ao conforto? Geladeira, água quente...

    Apostaria no tudo ou nada. Sem exceções, desapego total, viva o nada, chega de internet banda larga, danoninho e cobertor.

    Mas sou fraco. Somos fracos. E brindemos com um copo do mais industrializado chá de cevada e um espetinho de carne, (pros vegetarianos, que coisificam os vegetais, uma batata).

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  2. (Amanda) sim, voltamos à problemática ser/ter...

    Não acredito no desapego radical, contudo, quando passamos a pensar no que realmente é importante para nossas vidas (sim, subjetivo), nos desapegamos de coisas que antes considerávamos importantes... (exemplo: no meu caso, televisão)...
    Portanto,podemos ser fracos sim. Fracos, porém persistentes...

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  3. Uma pessoa um dia me disse que o ser humano está cada dia mais burro... questionei, bati os pés, mas, depois de pensar um pouco, vi que é verdade. Solte um homem urbano na selva, e ele nada fará. Precisa das "coisas". Caminhamos para a superespecialização, e cada vez mais nossa mente se torna estreita.

    Porém, se soltássemos uma criança na selva, ela cresceria e sobreviveria. Digo, antes de saber que existem tantas "coisas". Essa é a minha esperança.

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