sábado, 11 de dezembro de 2010

Não ver o que não quer

E dia nove rolou passar três curtas na praça. Distribuímos alguns panfletos para chamar as pessoas que lá estavam para que vissem os vídeos, minimamente polêmicos, diga-se de passagem: Ilha das Flores, Causes e Dancem Macacos, Dancem!
Mas nos diga quem, quem irá parar para ver vídeos que criticam aquilo que elas foram (com tanta vontade e planejamento) fazer em pleno mês de NATAL? Foram para consumir e consumir é a palavra de ordem, mesmo que sejam aqueles trambolhos que jamais usarão e sabem disso, mas oras... Custava apenas "um e noventa e nove"! . -"Tão baratinho que eu não resisti, e daí se não vou usar?! Deixa lá naquele cantinho que depois eu jogo fora". Consumir é tão bom, gastar sem precisar. Só não se esqueçam que há custos para isso tudo (e você diz: -“Mas é óbvio que sim”) e eu lhe digo que não se tratam apenas de custos monetários trata-se dos custos das vidas (muitas vezes crianças exploradas e você mal sabe e se sabe...) que trabalham tantas horas para obterem um salário tão miserável que muitas vezes dá só para comer (e olhe lá!). Custos de materiais que, lembrem-se, vêm de algum lugar e esse lugar inicial chama-se NATUREZA. Tudo é extraído dela em forma bruta e volta para ela de modo totalmente alterado. Volta de modo que a corrompe e a destrói. Custo de vistas que de se perdem na busca de tais materiais em sua forma bruta para serem depois “refinados” e vendidos, vidas animais que desaparecem e ninguém nota sofrem e temem como humanos e então esses invadem seus locais naturais para usurpar aquilo que nem é necessário.
Necessidade: palavra distorcida atualmente. 
Você, sim VOCÊ “precisa” daquele carrão novo que foi lançado no mercado essa semana. Não tem dinheiro? Oras, empréstimos pra que te quero?! Hum? Talvez para fazer dívidas escabrosas só para dizer aos outros macacos :-“olhem, macacos, eu tenho o carro do ano e vocês não”. Essa falsa necessidade tem consumido a sociedade consumista. Quanto mais se tem mais se quer ter. Saiba: você não será aceito caso não se “vista bem” e não tenha bens de consumo assim tão necessários a sua sobrevivência, tão necessários que antes de eles existirem a humanidade era tão triste e mal funcionava, não é? Não conseguimos mais pensar em viver sem certos “brinquedinhos” como se fossem a extensão de nossos próprios corpos. Sempre dá “pra se virar” com aquilo que se tem não se deixe levar e não se engane, certos objetos são apenas bugigangas que você jamais usará.
Quanto aos vídeos...
Enquanto passávamos os vídeos esperávamos espectadores... poucos tímidos viam e saiam, sem ver, sem ouvir e sem entender. Poucos foram os que se interessaram, e que bom que  ainda há quem veja algo além de todo o "óbvio". E para os que não vêem estamos aí, tentando abrir os olhos de todos os alcançáveis.


12 comentários:

  1. Antes de mais nada, parabéns a todos aqueles que participaram do evento, seja como organizadores, seja como espectadores.

    Mas vamos lá...

    Este post identifica problemas, problemas que todo mundo sabe que existem, mas não nos dá nenhuma solução...

    Sabemos que vivemos em uma sociedade de consumo. Alguém tem alguma dúvida disso? No entanto, nós estamos aqui em nossos computadore, nossa internet de banda larga, em nossas casas, com nossos tênis, nossas roupas, nossos cobertores, nosso chuveiro aquecido, nossos talheres, nossas louças, nosso requeijão, nosso, nosso, nosso, NOSSO!
    E QUAL A SAÍDA?? Por que me mostram o problema mas não me mostram soluções???

    Talvez este seja também o problema dos vídeos! Estamos todos cansados de problemas, queremos soluções.

    Esse post me deu a leve impressão de que seu escritor se coloca acima dos demais, sente-se melhor do que os que não paravam para ver o filme. Pareceu-me um iluminado.
    No entanto, este, devia se sentir inferior, abaixo do alienado. Pois sabemos que o alienado não muda por não conhecer o problema. E nós? Por que não mudamos? Nós conhecemos o problema! Sabemos que vivemos em uma sociedade de consumo e mesmo assim trocaremos presentes de natal.

    Querem uma solução?
    Vamos nos propor a não comprar NENHUMA lembrança de natal para NINGUÉM e RECUSAR todos os presentes? Mas RECUSAR mesmo, nem pegar na mão, não agradecer, simplesmente RECUSAR.

    Essa é uma solução, é um começo, pois é aos poucos que se muda a cabeça das pessoas.

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  2. Eu não tinha me atentado se parecia ou não superior quanto aos outros e peço desculpas por ter feito isso. Tive uma postura desatenta mas não quis criticar apenas aos outros, critico a mim mesma porque as mudanças são feitas aos poucos em todos, em mim também. E sim, eu deveria ter trazido propostas, soluções e não apenas mostrar problemas.
    E concordo quanto a não comprar os presentes de natal, seria uma boa alternativa pra se começar algo.
    Agradeço a crítica.

    Monique.

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  3. [tio.taz] Buriti, acho que uma coisa nao exclui a outra. na verdade, acho que a participação nessa "nuvem de idéias" é mto boa por isso, acabamos influenciando uns aos outros. Sei que certamente depois deste post mtas vao se questionar sobre os presentes por exemplo (os que dão e os que vão receber...). Isso nao impede que questionemos sem apresentar as "soluções" se eh que elas existem.
    Pensamos na exibição dos vídeos como uma maneira das pessoas os conhecerem e também com a possibilidade de discutirmos e ainda divulgar o blog aos interessados. Infelizmente não rolou como planejamos... mas é uma construção. a proxima dará mais certo.
    outro ponto é que nem todos estamos cansados de problemas. Na verdade eles são minhas motivações pessoais! quero solucioná-los, claro, mas sei que não posso sozinho. Bom que o post não traz soluções, me obriga a pensar nelas TAMBÉM. E acho que "lá fora" são poucos os que enxergar o que se apresenta como realidade como "problema". Dessa vez acho que foi vc quem se pôs acima. Mas não se preocupe. Fazemos isso o tempo todo sem perceber. Como eu agora.

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  4. Monique, é assim mesmo! As vezes, quando notamos o desinteresse dos outros em participar das nossas ações, acabamos por culpá-los. Critiquei sua postagem, justamente para continuar construindo, para que o dia nove não acabasse em si mesmo. Para que à partir de agora, tentemos buscar soluções. (Você não precisa pedir desculpas por nada! Se se sentiu culpada por isso, imagina como eu devo me sentir culpado por não estar atuando em NADA???)

    Taz, não critiquei a ação de vocês: "Antes de mais nada, parabéns a todos aqueles que participaram do evento, seja como organizadores, seja como espectadores", critiquei a postagem, por motivos já mencionados.

    Gostaria por fim que você postasse entre aspas a frase em que eu me pus acima de alguém! Pois não vejo como posso me por abaixo e acima ao mesmo tempo!
    "No entanto, este, devia se sentir inferior, abaixo do alienado. Pois sabemos que o alienado não muda por não conhecer o problema. E nós? Por que não mudamos? Nós conhecemos o problema! Sabemos que vivemos em uma sociedade de consumo e mesmo assim trocaremos presentes de natal."

    E eu continuo propondo meu caminho para a solução, já que este foi ignorado pelo Taz...
    Refrigerante e cerveja são desnecessários, portanto consumismo, podemos parar, presentes em aniversários e dias santos são consumismo, dia dos pais, das mães, consumismo. Se quisermos começar algo diferente, algo que vá contra a sociedade de consumo, precisamos dar o exemplo! É difícil, não sei se irei conseguir, não sei se podemos conseguir, mas está lançada a sugestão! Gostaria de debater sobre ela!

    Sinto falta também dos demais participantes do Krisis comentando em TODAS as postagens...

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  5. o negócio é buscarmos ver o que fazemo todos os dias e mudar aquilo que achamos não estar de acordo com nossos discursos. Se não conseguirmos, paciência, aprendi que não é possível mudar do dia para a noite o que vale é tentar, não desistir e mostrar isso aos outros. Trazê-los conosco.

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  6. [tio.taz] Nao buriti, nao ignorei nao, desculpe se pareceu uma crítica gratuita. Na verdade sigo mais ou menos o que vc disse, também acho que o consumismo deve ser constantemente repensado em nossas açoes. Eu por exemplo considero o consumo de carne e derivados também uma forma de consumismo desnecessária e portanto estou caminhando rumo ao veganismo. Passo esse exemplo pra quem está a minha volta, para que persiga ideais de "como é o ser humano de um mundo perfeito e o que vc pode fazer para alcancá-lo nesse mundo [supostamente] imperfeito?". Como pode ver, eu concordo contigo sobre a questao do consumismo, apenas nao reiterei, uhauhau...
    quanto a parte da aspas, de verdade, nao entendi... mas realmente nao quero que soe como um ataque gratuito, pois nao é.

    Nique, seu comentário resume bem o que penso tambem...

    Buriti, tb sinto mta falta da galera respondendo e postando na comuna, propondo ideias, e agindo no site... Espero que estejam agindo off-line, mas só posso "ter fé"nisso...

    ABXXX a todos!!

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  7. Talvez não saibamos ainda exatamente quais são as soluções. Os problemas são muitos, é fato, e a maioria das pessoas já sabe sobre eles. Mas a primeira coisa a se fazer é mesmo denunciá-los, que é o que o Krisis primeiramente se propôs a fazer. É mostrar que são, sim, problemas graves, e que é necessário que todos ajudem para que haja uma solução. Será muito difícil que apenas poucos façam valer as soluções. Primeiramente, devemos colocar pessoas do nosso lado; aí sim, poderemos discutir as soluções. Ainda somos leigos no quesito "solucionar". Por enquanto, o que podemos fazer é denunciar.
    Não quero dizer que nossa proposta seja somente essa, até porque não faria sentido algum. É que talvez as pessoas não saibam que podem ajudar, tão acostumadas que estão de colocar a culpa no governo e nos "ricos".

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Se tem algo que preciso dizer é que esse post que eu mesma escrevi tá sendo visto de outro modo por mim mesma depois de toda essas discussão aqui. Agora eu entendo certas coisas que vieram com os comentários. Espero que seja sempre assim, a crítica não com intenção de julgar, mas sim de aprendermos com os outro

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  10. Li todos os comentários acima e me sinto contemplado!

    Obrigado.

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  11. [Nívea] Gostaria ainda de dizer algumas palavras...

    Por mais que a exibição dos filmes não tenha saído como esperávamos (com uma participação mais ativa do público), foi extremamente válido termos realizado essa atividade, afinal um coletivo não se faz só de idéias.

    De fato, é difícil concorrer com as compras de natal, mas encaramos o desafio e não ficamos calados e conformados. Por ser nossa primeira grande atividade, para mim foi muito construtivo, pois conseguimos nos organizar de uma forma horizontal, e faremos dessa experiência uma maneira de repensarmos quais os meios mais efetivos de atingirmos as pessoas.

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  12. Queria aproveitar a ultima fala da Nívea pra fazer meu comentário sobre a apresentação. Eu não esperava mesmo que fossem parar e nos olhar. E MUITO provavelmente não fizemos nada significativo para alguém além dos participantes da apresentação. E também, a grande maioria das atividades elaboradas que fizermos, terão muito pouca percepção. Mas isso não torna inválido que as realizemos. Pelo contrário, o desinteresse é mais um motivo. Façamos o que precisamos fazer, mas não podemos esperar resposta nem reconhecimento por isso. E isto não significa um fazer mal feito, já que a necessidade de fazer supre essa questão, mas um fazer realista.

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