quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sobre a traição

Irã suspende morte por apedrejamento após onda de críticas, diz embaixada

O Irã parece ter voltado atrás nesta sexta-feira na decisão de apedrejar até a morte uma mulher de 43 anos condenada por adultério, em um caso que mobilizou a opinião pública internacional. O advogado de Sakineh Mohammadi Ashtiani, no entanto, disse que ela ainda pode ser executada por outro método.
"Segundo a informação das autoridades judiciais competentes no Irã, [a condenada] não será executada por apedrejamento", informou a embaixada do Irã no Reino Unido, em comunicado divulgado na noite de quinta-feira e publicado na íntegra hoje pelo jornal britânico "The Times".

O texto não diz em nenhum momento que a pena de morte foi revogada. O advogado de Ashtiani, Mohammad Mostafavi, disse que sua cliente "continua na prisão" e que não foi informada de nenhuma decisão das autoridades iranianas de suspender a sentença.

"Não diz se a pena foi anulada, se foi trocada por outra, se será solta ou se haverá um novo julgamento", disse o advogado.

O mundo se mobilizou para a libertação da iraniana condenada a morte por apedrejamento no Irã, uma coisa positva, mas, a mobilização ocorreu A) porque a pena de morte é algo escroto; B) porque a pena de morte por apedrejamento é muito cruel, devendo ser substituida por outra C) adultério não é um crime grave.

A) Gostaria muito que o mundo se mobilizasse contra algo tão tenso como a pena de morte, mas infelizmente, dos países envolvidos nas críticas à condenação da Iraniana, muitos deles, como (alguns Estados d) os EUA, praticam este absurdo.

B) A morte por apedrejamento realmente é um tanto quanto cruel, e deve causar horríveis minutos finais de vida. No entanto, o resultado final é a morte. Se a luta desses países e grupos for apenas pela suavização da causa mortis não consigo entender o que se passa na cabeça de tanta gente para se mobilizar durante meses por um resultado final de alguns minutos. A mulher terminará morta de qualquer maneira (ao que tudo indica).

C) Agora, se toda essa pressão internacional for pela "ocidentalização" do Irã, para que esse, como nós, passem a considerar o adultério como uma coisa corriqueira, aí sim, a palhaçada chegaria ao extremo.
A traição, em todos os sentidos, é o pior crime que um ser vivo pode submeter outro. Seja ela a traição entre parentes, amigos ou cônjuges.
Ao pararmos para analizar friamente o que é a traição, percebemos que ela não poderia ser cometida por nenhum outro animal, apenas pelo mais escroto entre eles, o homem.
Julio César, no momento de sua morte, não se surpreende pelo fato de estar sendo assassinado, a dor da traição lhe é mais forte que a dor de sua morte iminente.
"Até tu Brutus?"
E como este, podemos buscar outros "n" exemplos.

Muitas espécies de mamiferos, como cachorros, elefantes, ratos e homens, são seres sociais, preferem a vida em bando. Na vida em bando, os animais de um determinado grupo fechado realizam suas atividades de maneira conjunta e por um bem coletivo, seja essa atividade a caça, a proteção ou a migração. Os animais acabam confrontando outros grupos de mesma espécie, acabam também ocorrendo confrontos pela liderança dos grupos e isso faz parte do código de ética destes animais. Dentro desses grupos, os mais dificeis de se entender são os formados por homens, pois, alguns homens, criam determinados acordos, estabelecem níveis de confiança com outros homens e justamente quando estes outros homens estão mais vulneráveis são enganados pelos primeiros. O que há de errado com nossa espécie? Será que uma porcentagem de nós está fadado ao apodrecimento de algum instinto natural?

O adultério e todos os tipos de traição, na minha humilde opinião, são um sinal de apodrecimento, não moral, mas do instinto. Hoje, não somos obrigados a participar de grupos, não somos obrigados a ser amigos de alguém, não somos obrigados a namorar, noivar ou casar com alguém e não somos nem obrigados a mantermos nossos laços familiares se não quisermos. No entanto, existem pessoas que criam laços de amizades com o fim de "tirar vantagem" a partir da confiança e fragilização do outro; existem pessoas que juram fidelidade (algo desnecessário já que há a possibilidade de relacionamento aberto) e fingem uma relação monogamica quando na verdade ludibriam seu cônjuge; existem pessoas ainda que se mantem unidas à familia para receber divisões na herança.

Essas pessoas ainda podem ser chamadas de animais?

Acredito que não.

Retomando o fio da meada...

Acredito que a pena de morte não deve ser aplicada em nenhum caso e, por isso, sou contra a aplicação desta à iraniana. No entanto, o adultério, como qualquer tipo de traição, é um crime horrível, pois é um crime praticado sempre contra alguém fragilizado, pois, traição só existe quando há quebra de confiança, e quem confia jamais espera ser traído. A traição dói, marca a alma do traido a ferro e é capaz de alterar os valores deste indivíduo. Pena que ela seja tão difundida com as ideologias liberais.

E agora? Junto-me ao movimento pela libertação da iraniana, sabendo que ele na verdade mais se assemelha a alternativa C, coisa que sou definitivamente contra, por ser a causa final a mesma da A?
A dúvida me consome

4 comentários:

  1. Qualquer que seja a resposta para a mobilização internacional contra a pena de morte dessa mulher, estaremos mexendo no campo cultural do país. Não sou a favor da pena de morte porque acho que muitos inocentes morreriam injustamente. De acordo com a cultura iraniana, o adultério é um crime grave; eu já não o considero digno de um apedrejamento, e nem nenhum país ocidental. Julgar outras culturas, não nos assiste. Achar um absurdo a pena de morte em países do Oriente Médio - e, acima de tudo, tentar impor nossa cultura nos mesmos - seria uma espécie de preconceito cultural.
    O presidente Lula ofereceu asilo à condenada e foi criticado pela revista Veja. Na minha opinião, a atitude dele foi coerente e sensata: não é justo nos mobilizarmos para destruir um traço cultural tão forte, mas podemos oferecer rotas alternativas, como, por exemplo, o exílio.

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  2. Escrevi um milhão de textos pra postar aqui e apaguei todos....

    As vezes a necessidade de um debate acaba tornando uma discussão virtual insuficiente.

    Desculpe.

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  3. [tio.taz] tá faltando debate até hoje... (26.04.11)

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