A pessoa talvez defende a liberdade sexual e o amor livre, mas a não-pratica do sexo nem passa pela sua cabeça, e se acontece de não praticá-lo isso é um fardo absurdo. Discute-se a possibilidade dos parceiros, o aborto, os tipos de relacionamento... mas praticar sexo é tido como inquestionável.
Não estou defendendo o celibato. Mas não tem um que de O SEXO é o ópio do povo nisso tudo? E a gente pode falar sobre isso? Sobre aquilo? Sobre esses tabus... nossos de cada dia... que envolvem dinâmicas hipocritas/preconceituosas antes, durante e depois do sexo... até mesmo na escolha d@(s) parceir@(s) ... como lidamos com as ditaduras dos padrões estéticos nesses momentos?... Nesses momentos de exposição, você tira a roupa? Você apaga a luz? Você tem coragem de expressar o que quer e o que não quer? Você se acha bonit@? Você gosta?
Cada vez mais cedo começam as pressões para que os jovens comecem a "vida sexual", e ai o bullying corre solto nas escolas, universidades, no trabalho (e na própria mente!)... e "ááái" de você se for virgem aos 11 anos de idade!!! Ai de você que não tem nenhum caso pra contar pr@s amig@s nessa segunda-feira! "Problemas no relacionamento? Eu? Não! Nenhum. A gente está super bem... sim, sim, lógico, pelo menos 4 vezes por semana!"... SEI! ¬¬ Talvez a frequencia está ai, mas o que isso significa... ai eu já não sei. Você é monogamic@ (acredita nessas coisas de alma gêmea, metade da laranja, alguém que te completa, ciumes/possessividade...) e é adulter@, ou queria muito ser (ama mais de uma pessoa de maneiras distintas... mas não se permite, acha que isso é errado).
Você tem um relacionamento aberto (e isso talvez é não se envolver a fundo com ninguém) e ainda tem que administrar o apetite sexual pra aguentar ficar com mais de uma pessoa...)...
Você foi pro carnaval e atingiu o "score" de 15 pessoas num dia... perfeito! Ou não ficou com ninguém e vai ter que mentir... legal heim?! Ou ficou em casa vendo o desfile pela televisão e se masturbando (o que? Não pode falar disso aqui?)... Acadêmicos do Tabus-Ai NOOOOOOTA DEEZZ!
Você é mulher, acha/fala que os homens são todos iguais e acredita que sair e "pegar geral" numa festa é justo, é liberdade sexual. É liberdade sexual coisificar e usar as pessoas para satisfazer as (supostas) necessidades naturais do seu corpo? O senso comum de que mulher naturalmente aguenta mais a abstinência sexual e que os homens naturalmente são mais "afoitos"/chegados/necessitados, é um capítulo a parte. Capítulo esse que muitas vezes é usado pra justificar a prostituição como algo natural, afinal, é importante que exista a moça-puta e a moça-de-família. Não é? Capítulo esse que muitas vezes é usado pra justificar estupros/assédios sexuais. "Ela fica usando saia curta... e roupas insinuantes...", a vitima é colocada como culpad@ pelo crime que sofre(u).
E eu me pergunto o que passa pela cabeça d@s ginecologistas e urologistas, especialmente os dos sistemas de saúde públicos... as histórias bizarras que aparecem e/ou as DSTs. Tem gente que acha que não existe DST "pra que camisinha ne, se eu tomo pilula...?!" Grande parte dos casos de DSTs acontece entre universitári@s . E isso é falta de informação? Há também um alto indice de "contaminação" em mulheres que "receberam" a doença do esposo com quem está junto a mais de 10 anos. Os dois frequentam o "encontro de casais da igreja" sempre, tem um casal de filhos... e tai : Tem um relacionamento que envolve casa/comida/roupa lavada, comunhão/separação de bens (meu bem vs meus bens...) , (às vezes) sexo, mas não envolve conhecer @ parceir@ , o que faz ou quer fazer da vida; seus desejos, suas vontades, suas práticas...
E vale a pena levar a diante a monogamia hipócrita? Ou uma heterossexualidade hipócrita? Ou uma homofobia hipócrita? O cara se faz de machão, xinga, fala, mas sai com travestis... pode ser o mesmo cara que espanca um(uns) travesti(s)... O cara morre de vontade de fazer algo, mas prefere pagar pra um(a) garot@ de programa porque talvez não tem coragem de admitir pr@ próprio parceir@... ou talvez nunca vai fazer, porque é machão e não quer ser chamado de (ou pensar que é) "viado".
E ai voltamos a algumas condutas, um hábito difundido entre os homens de expor depreciativamente a(s) sua(s) parceira(s)... bom, na hora de desfrutar, desfruta e depois precisa humilhar @ outr@. Mas ai voltamos aos tabus, e os porques de não se poder falar sobre algo se todo mundo faz (ou quer fazer) algo. O problema não é que falem, é como falam. É a necessidade de colocar a mulher no papel passivo, de "comida", de subjugada. Poderiamos rever isso de ser o passivo da história ser algo ruim... Voltamos ao "mandar as pessoas tomarem no cú" como um xingamento. Voltamos a algumas concepções machistas que admitem que numa relação entre dois homens: o "passivo" é gay/viado/boiola, o "ativo" não, o ativo está comendo, então ele é homem/macho. É assim? Ou vocês nunca ouviram isso?
No caso ALGBT talvez o problema seja o contrário. É poder ficar com alguém(ns) mas não poder comentar isso fora de um circulo restrito. E ai a gente escuta que "eu sai com uma pessoa... eu estava com alguém ontem" sem poder contar que é alguém do mesmo "sexo"... E também acontece do pseudo-machão acordar de manhã e dizer pro cara que está do lado dele que "isso nunca aconteceu... eu estava bêbado... se você contar pra alguém eu te mato..."... E casal homoafetivo de mãos dadas na praça é um atentado ao pudor!!! "Vai segurar a mão dessa pessoa num motel! Que eu não sou preconceituos@, mas também não sou obrigad@ a ver isso!".
Voltando à urologia e a ginecologia ("porque é preciso tocar nesse assunto"!) pensemos no simples fato (será que simples?) de ver orgãos genitais o dia inteiro ("novos", "semi-novos", em "bom estado" ou em "mau estado" de utilização... coisas? Assim, friamente?)... e quando essa pessoa chega em casa? Cada caso é um caso... não creio que tod@ médic@ reaja da mesma maneira... mas isso bem que vale um estudo antropológico! Se alguém conhece algum, comenta ai!
E eu me pergunto também sobre esse tanto de sexologos e pseudo-sexologos por ai (e por aqui também) "em casa de ferreiro, espeto de pau"?... E o tanto de receita de sexo em banca de revista, na televisão, no rádio, na internet, (no blog...)...E em banca tem revista "de mulher pelada" (esse é o termo comum) pra homem, e de homem pelado pra gays? Eu não quero comprar, mas não haver algo para mulheres diz algo a resPEITO da sociedade, não?
O sexo é visto como fricção/contato envolvendo necessariamente pênis e/ou vagina, anus. OOs seios também costumam se enquadrar nessas visões limitadoras; e dedos, mas dedos nos orgãos genitais... e as "preliminares" são vistas como um "mal necessário", "pre-requisitos" pra coisa em si. O objetivo é a seta no alvo, é a penetração, o orgasmo e virar pro lado e dormir... as outras coisas são coisas de mulher/afeminado. Mulher/afeminado é que gosta de conversar, de carinho... será que é assim (mulher se comporta assim, homem de outro jeito...)? Será que tem que ser assim? Será que as relações estão necessariamente presas aos papéis de ativo-passivo?
Numa visão mais conservadora, é pênis na vagina, e uma lésbica não pode ser feliz (a menos que tenha um aparato que cumpra a função de penetração), porque pra ser completo e perfeito e orgasmico é preciso haver penetração! E ai aparecem também as teorias (nada menos que "suspeitas") de "inveja do pênis"...
Uma visão libertária não se liberta também dessas ditaduras de "isso é zona erogena... isso não"? Não abarca uma jornada de conhecimento da(s) outra(s) pessoa(s)? Não se liberta das pressões quantitativas? Porque também tem uma cobrança por PRODUTIVIDADE, como uma OBRIGAÇÂO, o sexo como rotina, com frequência, constância, rituais pre-estabelecidos...
E a "ditadura do sexo" também está presente. A pessoa TEM que estar com alguém, TEM que comentar isso... Alguns textos por ai até falam que depois da ditadura conservadora que privava as mulheres do orgasmo, agora apareceu a "Ditadura do orgasmo". Agora a mulher TEM que ter orgasmo sempre, o sexo TEM que ser sempre perfeito. O que é perfeito? Nós, reles mortais, não somos! A coisa photoshopiada da revista não existe, não é "isso" (essa criatura da foto) que com você na cama, na mesa, no banheiro (vai saber onde ne?!), ou pode ser que até seja a pessoa que saiu na revista, mas sem edição e como será que essa pessoa é? Perfeita?
E me parece que o sexo não é algo tão homogênio/claro/certinho quanto muitas vezes se supõe... E ai "o que você faz quando ninguém te vê fazendo? Ou o que você queria fazer se ninguém pudesse te ver?" é algo que fica como pergunta retórica, responde pra você mesm@, porque no fim das contas, é você que sabe o que te apraz, ou talvez nem sabe porque se limita tanto a um script, talvez até finge, não se conhece ou se obriga tanto a praticar algo "naturalmente", que nem sabe o que poderia aparecer de bom por ai...
(imagens de Carlos Latuff, disponíveis em http://twitpic.com/4pjt07 , sobre Monogamia e propriedade privada - #Charge para Rede Relações Livres @relacoes_livres e http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff sobre as charges em geral... E valeu Batata!, pela indicação )
ué, cade os outros posts?? oO
ResponderExcluir[tio.taz] esse é o estilo maria de postagens viu-quem-viu...
ResponderExcluirInteressante o texto. Ainda estou digerindo...
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