domingo, 23 de outubro de 2011

Visão crítica: revelada a rede capitalista que domina o mundo

Visão crítica: Revelada a rede capitalista que domina o mundo

Da New Scientist - 22/10/2011
[Retirado de http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-capitalista-domina-mundo&id=010150111022#.TqRvUDgBiCo.facebook ]


Além das ideologias

Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.

Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.

A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.

[Este gráfico [à direita] mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da economia mundial. O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma.[Imagem: Vitali et al.]


Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.
"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."

Rede de controle econômico mundial

A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.

O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.

Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.

O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.

A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.

Poder econômico mundial

Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.

Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.

Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.

E isso não é tudo.

Super-entidade econômica

Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.

"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.

E a maioria delas são bancos.

Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.

Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.

Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.

A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.

Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
  1. Barclays plc
  2. Capital Group Companies Inc
  3. FMR Corporation
  4. AXA
  5. State Street Corporation
  6. JP Morgan Chase & Co
  7. Legal & General Group plc
  8. Vanguard Group Inc
  9. UBS AG
  10. Merrill Lynch & Co Inc
  11. Wellington Management Co LLP
  12. Deutsche Bank AG
  13. Franklin Resources Inc
  14. Credit Suisse Group
  15. Walton Enterprises LLC
  16. Bank of New York Mellon Corp
  17. Natixis
  18. Goldman Sachs Group Inc
  19. T Rowe Price Group Inc
  20. Legg Mason Inc
  21. Morgan Stanley
  22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
  23. Northern Trust Corporation
  24. Société Générale
  25. Bank of America Corporation
  26. Lloyds TSB Group plc
  27. Invesco plc
  28. Allianz SE 29. TIAA
  29. Old Mutual Public Limited Company
  30. Aviva plc
  31. Schroders plc
  32. Dodge & Cox
  33. Lehman Brothers Holdings Inc*
  34. Sun Life Financial Inc
  35. Standard Life plc
  36. CNCE
  37. Nomura Holdings Inc
  38. The Depository Trust Company
  39. Massachusetts Mutual Life Insurance
  40. ING Groep NV
  41. Brandes Investment Partners LP
  42. Unicredito Italiano SPA
  43. Deposit Insurance Corporation of Japan
  44. Vereniging Aegon
  45. BNP Paribas
  46. Affiliated Managers Group Inc
  47. Resona Holdings Inc
  48. Capital Group International Inc
  49. China Petrochemical Group Company
Bibliografia:

The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.5728

[ artigo retirado de: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-capitalista-domina-mundo&id=010150111022#.TqRvUDgBiCo.facebook ]

4 comentários:

  1. Se chegar aos nomes das EMPRESAS que devem ser combatidas por nós já é tão difícil e complexo, na realidade do Capital Financeiro, as chamadas "Sociedades Anônimas" tornam mais difícil ainda descobrir quem são as PESSOAS que devem ser combatidas. Ou o Capital deve ser combatido apenas no plano teórico? Se sim, até quando?

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  2. [tio.taz] pois é Evandro, essa é uma duvida cruel que tenho para comigo... essas pessoas - donas e mandatárias do grande capital financeiro - poderiam de alguma forma mudar de ideia com relação ao que fazem? As vezes penso que não, que elas estão tão imbuídas da lógica do capital que não faria sentido mudar suas posturas - apesar de todos os protestos e evidencias que estão causando o mal, acabam sempre achando uma saída lógica que os faz pensar que estão fazendo o bem de algum jeito, e que portanto vale a pena. Outras vezes penso que sim, que elas são capazes de mudar, ainda mais se a maior parte do ambiente a volta dessas pessoas não mais respeitar a lógica que elxs impõem... mas para mudar todo esse "ambiente" é preciso justamente lutar contra a lógica que elxs controlam, ou seja, é uma luta sem fim, essa de co(n)vencer com as pessoas para mudarmos todos de opinião e atitude frente ao capital - é muito cômodo continuar na merda! Muito complicada essa questão. É evidente que não se trata apenas de uma resposta isolada (tipo "sim" ou "não" ), pois cada resposta traz implicações drásticas em campos éticos muito mais amplos tipo "não, essas pessoas não vão mudar (isso tecnicamente vale para todxs as pessoas... se alguém matou outra pessoa, pena de morte para ela, já que ela nao vai mudar), ou ainda "sim, essa pessoa pode mudar" (então temos que aumentar a pressão indefinidamente até que ela mude de ideia, o que pode ser que não aconteça nunca)... tenho algumas impressões norteadoras, mas vou esperar pra ver se alguém complementa.
    Fora isso, lutar contra o capital (opiniao pessoal) começa na atitude frente a própria vida - e isso vai muito além do campo teórico... mudar a si não é nem o primeiro passo para poder mudar os/as outrxs (porque não mudamos os/as outrxs), mas é concomitante ao desejo de transformar a sociedade... e espero que fique claro que mudar a si mesmo quer dizer - para mim - expandir-se nas lutas e tomar a frente em tudo aquilo que é possível ser usado como forma de ataque e defesa contra o sistema capitalista.
    ficou confuso?

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  3. Taz, sobre a libertação pessoal vou escrever uma metáfora que acabou de me ocorrer e você me diz se eu entendi o que você quer dizer.
    Já montou um quebra cabeça grande? daqueles de 2mil ou mais? Antigamente eu fazia isso e usava o seguinte método:
    Primeiro eu separava todos os cantos (as peças que tem uma parte reta e as 4 peças que tem duas partes retas). Acontece que quando eu estava separando os cantos, as vezes eu achava peças de mesma cor que montariam alguma figura no interior do quebra cabeça. Eu não conseguia desprezá-las. Apesar de continuar montando primeiro os cantos, ficava feliz cada vez que encontrava uma peça daquela cor e via se encaixava na figura que começava a se formar. Quando eu terminava de montar os cantos eu já tinha várias figuras internas prontas e o quebra-cabeça ficava pronto mais rápido.

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