Gosto da idéia de vários comparsas arquitetando e afinando suas quintas-cordas. Co-autoria é uma coisa que sempre mexe com concepções há muito arraigadas em minha mente. duas mãos e várias faces, ou uma face e várias mãos!
Mas não gosto da institucionalização que alguns coletivos acabam promovendo. Começam como indivíduos em uma empreitada, e logo se tornam corporações. Entendo: muitos coletivos têm receio de que pessoas estranhas ao grupo alterem a linha de pensamento habitual (isso é um efeito colateral mínimo) ou mesmo que prejudiquem o grupo, seja denunciando as atitudes ilegais que alguns coletivos trabalham eventualmente (efeito colateral dos brabos...), é compreensível, sim. Por isso gosto dos coletivos instântaneos, pena que nem sempre conseguimos dar um nome nesse filho tão bonito que tão rápido sai pro mundo.
Fiz parte de vários coletivos instantâneos, invisíveis... convocações espontâneas, absoluta voluntariedade, sem pressão, sem forçar a ideologia de cada um... fantástico, comunitas.
Encontrar compadres, eis a dificuldade... é preciso gerar confiança, e não só esperá-la dos outros. compartilhar as ações é um bom modo de ver quem está afim da ação de fato.
por isso é bom que seja espontâneo. A única coisa que sei sobre a índole de meus compadres (para com meus ideais) é o que acabaram de realizar. Se vou fazer uma ação e conclamo um compadre, ele pode ser covarde ou preguiçoso até o último segundo; então, só quando tá tudo lá, pronto, é que sei quem esteve ao meu lado. Mas tudo se repete na próxima ação. O mesmo disso tudo vale para mim: imagino que todos que me chamam para a ação, possuem imediatamente uma memória do que eu represento, mas que só se confirma no exato segundo em que não há mais perigo.
exigência do social
não deveríamos perder as oportunidades de trocar idéias, mesmo que não seja apenas com nossos comparsas. As vezes da pior conversa de buteco que se imagina brotam as flores mais coloridas de nossa criatividade. Mas é preciso estar atento, é preciso estar sempre ativo, consciente: lapidar as pérolas foscas. Sem contar que muitos compadres "surgem" numa conversa e de repente, alguém que você nunca imaginou está mexendo a panela de farinha e água.
Se você nunca encarou uma psicotopografia noturna, nunca mexeu com tinta, nunca planejou uma invasão, um incêndio, fique atento: tem sempre alguém propondo algo nas entrelinhas. E de repente, esse alguém é você mesmo.
sair pela tangente e dançar em cima de um poste, só não vai quem já morreu - ou quem nunca viveu!
Faça você mesmo tudo com as próprias mãos - e várias faces! Juntemos-nos!! Coletivizemos-nos!! vivas aos piqueniques noturnos, sob os olhos de éris!
[retirado de www.resistenciaheterodoxxxa.blogspot.com]
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