quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Capitão Nascimento, seja bem-vindo


Este post iria unicamente cumprir com uma função social que todo meio de irradiação da informação deveria. No entanto, ele não irá se ater somente a isso - embora tente fazê-lo também.
Na verdade, a ideia deste post começou quando seu autor se depara com uma denúncia de violência policial praticada nas proximidades da Unicamp - um bairro relativamente abastado, diga-se de passagem -, na cidade de Campinas, interior de São Paulo. A denúncia é bastante séria e trata-se, na verdade, da descoberta por uma pessoa daquilo que pessoas das classes mais baixas aprendem desde cedo: a polícia é violenta. Você terá acesso a ela clicando AQUI.
Eis que após ler a denúncia, decidi dar uma olhada nos comentários. Queria mesmo saber o que se pensava sobre o fato num país onde, [bem] teoricamente, o Estado Democrático de Direito está estabelecido. Minhas notícias não nos agrada (aliás, veja você mesmo clicando no link sugerido e descendo a barra de rolagem).
Pode-se, à bel prazer, questionar a classe social de cada um dos comentaristas mas isso, na verdade, pouco interessa. Defendo: pouco interessa porque não importa a classe social, os princípios básicos de uma sociedade (no caso, apoiada na égide do Estado de Direito) deve repudiar toda e qualquer demonstração de violação do tal Estado de Direito. Ora, as classes dominantes, ainda que repugnantes nas práticas, não o costumam ser no discurso e não se trata de hipocrisia. Trata-se, no lugar disso, de auto legitimação de sua posição numa dada relação de dominação. Não gosto de citações, mas Thompson diz algo de muita valia para esta discussão: "Se a lei é manifestamente parcial e injusta, não vai mascarar nada, legitimar nada, contribuir em nada para hegemonia de classe alguma" e José Jobson completa que: "Ideologia não é mera hipocrisia. Mesmo os dominantes necessitam sentir-se legítimos no seu poder(...)". Ou seja, defender punição aos exageros do Estado (ou de seus representantes) é mais que uma luta de caráter classista, é um dever mesmo dos que são privilegiados pelos excessos dos representantes do Estado.
Parece que pelas bandas tupiniquins ainda mantemos os hábitos da ditadura e não estamos muito preocupados em legitimar poderes ou parecer justo. Talvez as "ondas de aplausos" nos cinemas durante cada tortura perpetrada pelo Capitão Nascimento tem algo a nos dizer sobre nós mesmos e isso vai bem além da identidade festiva do brasileiro. O que você acha?

Um comentário:

  1. [tio.taz] viva o homem cordial! auhauhuahuha

    a imagem festiva, boa gente do brasileiro é evidentemente um constructo forçadíssimo. Somos violentos, passionais, estúpidos e adoramos um culto à loucura. mas tudo isso às escondidas.

    Opa, acho que descrevi o lado demens do ser humano e não só o brasileiro!

    civilizações são apenas diferentes formas de maquiar o demens e enjaulá-lo, enquanto superposicionamos um suposto sapiens, que é uma criança nerd mimada e orgulhosa. Ela adoraria ser ludens, mas não pode, tem muito dever de casa para fazer, e se não fizer... apanha.

    Pais demens, filhos sapiens, essa é a capa da próxima Veja.

    Esquizofrenia é a arma do negócio!

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