quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O 1964 nunca acabou!


No último dia 26 morreu mais uma vítima da Copa do Mundo de 2014. Uma criança de 14 anos foi executada por militares do exército que ainda ocupam a Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. De acordo com os assassinos, a situação se deu em uma ocasião de resistência. No entanto, não foram apresentadas armas e elas nunca serão, assim como as justificativas - se é que há - para o saque às casas dos moradores também nunca serão dadas.

A despeito da imagem mítica que a mídia nacional tenta passar da ocupação (chamada, ironicamente, “pacificação”), essa é mais uma página execrável de nossa história: trata-se da consolidação da segregação pautada, principalmente, pela força. É o mesmo que aconteceu na África, que acontece no Oriente Médio e na fronteira entre o Império e o México.

Não se engane, embora o pano de fundo seja racial e as justificativas estejam sob a égide do bom mocismo, os motivos são torpes e de ordem classista: assim como o mexicano Carlos Slim (proprietário da Telmex) não tem problemas em entrar nos Estados Unidos, você nunca vai ouvir que o “rei” Pelé teve sua porta arrombada por policiais. Aos ricos, tudo!

É difícil conceber como uma realidade dessa natureza pode se instaurar justamente durante o governo de uma ex- guerrilheira de orientação comunista que conhece muito bem a realidade de um povo sitiado, que sabe o que é passar horas na companhia de militares e que goza de relativa admiração por parte de estadistas que tanto criticam ações como as de Israel contra palestinos.

Ainda mais difícil é entender como um evento pode ser organizado a tão duras penas em um país e seu povo simplesmente acatar e aguardar ansiosamente pelo desfecho deste evento que, ainda que sua idoneidade não fosse questionável, não teria importância se comparado com a realidade social de seus observadores.

A única coisa fácil de entender nessa história é como essa realidade de perpetua. Minha angústia se acaba com o meu ponto final, a sua com o ponto final do seu comentário – quando muito – a dos moradores das áreas ocupadas não passa. Ela renasce com o sol e acorda com o luar e, assim, juntos, mantemos a [verdadeira] democracia distante: inconformado, eu a espero de vocês e, sentados, vocês esperam-na de mim. [e fim dos meus lamentos]

5 comentários:

  1. [tio.taz] excelente texto APESAR da realidade.

    sobre Dilma, bem dito - ex-guerrilheira. Hoje trabalha como marionete.

    sitiado sim, o brazil vai pra frente! Viva a ditadura militar! Viva a ditadura travestida! Viva o Império e eu também quero mentir!

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  2. Às vitimas, um consolo, daqui 2 anos a copa passa, um novo babaca, digo, presidente é eleito e todo mundo se esquece das favelas.

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  3. Vendo essa imagem, me fez lembrar que no Japão devido a grande frequência dos abalos sísmicos naquela região do globo, eles fazem um belo trabalho de prevenção com uma molecada pequenina como essa. E pelo que posso ver os Capangas do Estado, já estão fazendo o mesmo por aqui. A diferença que aqui o Terremoto são os próprios Capangas do Estado.

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  4. [tio.taz] - Terremoooootooo!
    - não, é granada pacificadora!
    - ah bom.

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  5. E nesse exato momento, enquanto estão todos se preparando para o grande momento de virada, algumas famílias choram a morte de suas crianças. Não se importar não pode ser normal. Não pode!

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