segunda-feira, 30 de maio de 2011

INTOXICADOS PELA IGNORÂNCIA REINANTE...



Lá vamos nós com o bê-á-bá para maconheiro

28/05/2011
 às 6:53
Eita! Lá vou eu arrumar pra cabeça com a maconheirada… Uma gente chaaata!!! Eles realmente acham que queimar mato é uma categoria de pensamento. Huuummm… A Justiça proibiu mesmo a tal “Marcha da Liberdade”, que é só a Marcha da Maconha enrolada numa sedinha diferente. Os valentes dizem que a Justiça não está com nada. Eles discordam do juiz. Quando maconheiro discorda de juiz, o que deve fazer? Pois é… Em Salvador, a Justiça tomou decisão idêntica. Em Campinas (SP), a proibição foi decidida já na quinta.
Um monte de gente pode se juntar lá no vão do Masp e deitar falação em favor da liberdade de expressão, sem apologia das drogas e a incitação ao consumo de substâncias proibidas? Ah, isso pode! Não é o que turma costuma fazer. Como eram mesmo alguns refrãos antes da tropa de choque espantar a esquadrilha da fumaça? Lembrei:
1: “Ei, polícia, maconha é uma delícia”;
 
2: “Polícia sem-vergonha/ seu filho também fuma maconha”;
3: “Legalize já, legalize já/ uma erva natural não pode te prejudicar”;
4: “Dilma Rousseff,/legalize o beck”
Os organizadores já haviam conversado com a Polícia antes  da nova proibição. Garantiram que não haverá alusão às drogas. Ouvido depois um advogado do grupo, ficou claro que ele não pode garantir nada. Entendo!
É liberdade de expressão?É chato, para alguns ter de recorrer ao bê-á-bá do estado de direito para explicar certas coisas. Mas a outros se faz necessário. No dia em que, numa sociedade democrática, a defesa do que é considerado crime for liberdade de expressão, então é grande a chance de a liberdade de expressão virar crime. O resultado pode ser trágico: mais crimes com menos liberdade de expressão.
Pessoas podem ter opiniões favoráveis à descriminação da maconha. Consta que o ex-presidente FHC, de quem sou habitualmente um defensor entusiasmado, dará uma entrevista em breve num programa de TV para tratar do assunto. Nas vezes em que o vi falar a respeito, faz uma abordagem de caráter político, sociológico e até estratégico. EU DISCORDO RADICAL E DEFINITIVAMENTE DELE NESSE PARTICULAR. Mas não! Ele não está fazendo apologia das drogas, como fizeram os marchadeiros na semana passada.
Ora, se esses caras querem debater, que promovam debates. Mas o que vai naqueles refrãos é incitamento a uma prática considerada criminosa, ora essa; ao consumo de uma substância proibida. Fim de papo. Não há contra-argumento possível: caso se permita, em nome da liberdade de expressão, que se instigue esse crime — desde que não se fume maconha na rua —, por que não os outros? Por que não a pedofilia, por exemplo? Ou o roubo?
“Ah, você está comparando as duas coisas! Que absurdo!” Calma, neném! Apague a bagana e leia com atenção! Há comportamentos tipificados como crimes. O regime é democrático. As instituições funcionam. Incitar o crime é… crime! Não cabe a cada um de nós definir quais são “incitáveis” e quais não são. Estruturalmente, segundo o que pode e o que não pode, eles são iguais, ainda que alguns tenham uma gravidade estupidamente maior, como a pedofilia.
É falaciosa a tese de que, então, não se pode debater nada! Eis aí: o próprio FHC está debatendo. Em breve, estréia um filme a respeito do assunto, com depoimento seu — “Quebrando O Tabu” (acho que isso). Não há tabu nenhum evidentemente. O título é pomposo para emprestar à obra certo charme de resistência e modernidade. Não vi a fita. Quem viu diz que é inequivocamente favorável à descriminação da maconha sem fazer a apologia da droga, à diferença dos marchadeiros. “E se fizesse? Poderia ser proibido, ou a liberdade de expressão garantiria a exibição?”.
Olhem, a liberdade de expressão não é um direito que anula outros direitos e que fulmina a ordem jurídica.
Lamento o mau jeito da pergunta, que deixará muda muita gente doidinha para bater boca, mas lá vai: “Um filme que incentivasse a discriminação racial deveria ser tolerado?” Aí grita alguém de novo: “Mas são coisas diferentes!” Claro que são! Mas não me cabe escolher qual ação caracterizada como crime pela sociedade democrática me cabe evitar e qual não me cabe. OU MELHOR: EU AINDA SOU LIVRE PARA EVITAR OU NÃO, MAS HÁ CONSEQÜÊNCIAS.
Os sites que patrocinam os marchadeiros não cometem, ao menos, o pecado da hipocrisia. São, sem reservas, apologistas da maconha. Alguns até anunciam apetrechos para fumar a droga com mais conforto e estilo. Há até uma estética maconheira. Os caras se levam a sério e se querem apenas gente sincera em defesa de uma causa.
Gente sincera que, ao exercer o seu vício e estimular que outros o façam, põe um revólver na mão de um moleque na próxima esquina.
Ah, sim! Este blog não publica opiniões favoráveis à descriminação das drogas. Ainda que venham enroladas na seda da liberdade de expressão!
Por Reinaldo Azevedo


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Retirado do blog de Reinaldo Azevedo - colunista da Veja.


Galera, vasculhando na internet, caí no blog do cidadão e gostaria de compartilhar o post dele com vocês.
Sem entrar no mérito da discussão legalização/não legalização, o que de fato está em jogo é quão este tipo de texto pode influenciar a opinião daqueles que o lêem, pegando facilmente os mais desavisados...


Só pra demonstrar o que eu estou falando... Comentário de um leitor sobre o texto: "Reinaldo, um brinde à sua inteligência. Eu, a princípio, cria que a marcha era exercício de liberdade de expressão. Após ler seu artigo, fiquei convencido e mudei de opinião. Excelentes argumentos, como sempre. Vai ter bom senso assim lá na Jamaica !!!! Meus cumprimentos e minha admiração à sua inteligência e discernimento."


Acho extremamente válida a discussão e penso que é sempre bom tentarmos ver uma situação de todos os ângulos possíveis...
No entanto, a argumentação utilizada pelo cidadão é, ao meu ver, falha... apenas uma para exemplificar:


"No dia em que, numa sociedade democrática, a defesa do que é considerado crime for liberdade de expressão, então é grande a chance de a liberdade de expressão virar crime"
Primeiramente, de que sociedade "democrática" estamos falando? Uma democracia que impede que os cidadão saiam às ruas com direito à voz? Marcha da Maconha liberada sem se pronunciar a palavra Maconha? (seria cômico se não fosse trágico). Marcha pela Liberdade que deve ter autorização do Estado e da Polícia? 
Fora isso, o apego ao argumento de que "o que é considerado crime" - como se este fato não possibilitasse uma discussão acerca do assunto... É crime, foi considerado crime um dia... não há o que se discutir.... como se a sociedade fosse estática, como se esta não passasse por transformações que necessitam reavaliar o tempo todo sua forma de organização, inclusive no que já foi estipulado um dia (continua sendo) como crime...


Fica aí o post pra discussão...







14 comentários:

  1. olha a liberdade de expressão reinando novamente ^^

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. pra quem quiser dar uma olhada "pessoalmente" no blog: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

    Amanda.

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  4. Um dia, uma mulher de calça era um absurdo! e no entanto saíram, e queimaram sutiãs.

    Um dia, fazer greve foi crime - e no entanto foi feita.

    um dia sair às ruas para criticar a ditadura foi crime - e no entanto, saíram.

    A sociedade não tem por lei a lei da natureza, mas a lei dos homens - falha, e que portanto, minimamente deve ser posta a prova o tempo todo.

    sócrates - crime; cristo - crime; gandhi - crime; luther king - crime; assange - crime... ainda bem que temos criminosos para nos salvar!

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  5. Reinaldo Azevedo claramente não é jornalista, assim como a revista Veja não é fonte de informação.

    Não é de hoje que esse sujeito escreve idiotices em suas colunas, atacando de forma ditatorial aos que se opõe ao moralismo de direita.

    Esse colunista já atacou com ofensas que chegaram ao cúmulo da infantilidade jovens e pessoas que batalham por seus direitos na sociedade (especificamente falando, MPL-SP).

    Quem já leu outras colunas dele bem sabe que não se pode dar crédito. Nunca apresentou argumentos palpáveis. Pelo contrário, a cada escrita dele, mais fica explícito o quão vazio ele é.

    A descriminaçäo das drogas, se analisarmos, é uma maneira de diminuir e muito o impacto que a proibição sempre trouxe à sociedade. Mas há um grande interesse do Estado em manter isso como algo criminoso. É assim que surgem propinas, é assim que se fortalece a máfia Estado.

    Observação: eu não uso nenhum tipo de droga. E defendo que não usá-las é uma maneira de manter a consciência. Porém não acredito que se deva proibir nada. Isso é controlar a vida de outrxs.

    Enfim, isso dá muito debate ;)
    (Debate é algo positivo)

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  6. Concordo contigo em muitos aspectos, Mao; mas a questão é que mesmo ele sendo um babaca, fala através de uma rede de mídia gigantesca e que atinge não só a classe média como muitxs daquelxs trabalhadorxs que, buscando melhores condições de vida e identificando a saída através da informação, peca na malescolha de uma fonte como a Veja.

    Detalhe que chegaram a dizer que graças ao "pensamento" desse energúmeno, pessoas (?) deixaram de apoiar a Marcha - e talvez um dia venham a apoiar a extrema-direita, direta ou indiretamente.

    Não precisa ser alguém inteligente para ser um formador de opinião, basta dizer o que a grande mídia quer e vc terá acesso à milhares de casas & casebres pelo Brasil.

    também não uso drogas, e penso no mesmo viés que vc nesse aspecto.

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  7. Claro! Entendo que o post aqui do blog tem como intuito revelar as entrelinhas prejudiciais do colunista em questão.

    O meu comentário foi só uma forma de dar ênfase nisso (e colocar minha sincera opinião). ;)

    E, realmente, infelizmente pessoas são manipuladas através de colunas como essa e também através da televisão, dos telejornais tendenciosos, do jornalismo sem ética, das propagandas machistas, das empresas gananciosas, etc.

    Quero parabenizar o coletivo por fazer essas denúncias e por aguçar o livre pensamento das pessoas através de informações, reflexão e estrutura independente. Acredito que essa troca de informações livre de manipulações aos poucos surtirá um enorme efeito positivo na sociedade.

    Beijos para tod@s! À luta!

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  8. É justamente o que foi escrito no post acima: "Não precisa ser alguém inteligente para ser um formador de opinião, basta dizer o que a grande mídia quer e vc terá acesso à milhares de casas & casebres pelo Brasil"... é só dar uma passeadinha pelo blog do autor pra se ter noção dos absurdos que ele escreve...
    e como foi citado pelo Mao Punk: "Não é de hoje que esse sujeito escreve idiotices em suas colunas, atacando de forma ditatorial aos que se opõe ao moralismo de direita" - é isso mesmo, de forma DITATORIAL, pois utiliza de argumentos que beiram ao absurdo... vide seus mais recentes posts...

    A questão não é O Reinaldo Azevedo, mas quantos ReinaldoS AzevedoS da vida estão aí publicando a torto e a direito em mídias que possuem um grande alcance... e a quantidade de pessoas sendo influenciadas por ele...

    Aproveitando Mao Punk, o Coletivo (me permitir falar em nome dele) é que agradecemos pela sua participação das discussões... É sempre bom sangue novo para aguçar o debate.
    ps: o Coletivo também é você já que há uma identificação com as discussões.

    Amanda.

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  9. corrigindo erro gramatical: o Coletivo é que AGRADECE (hauahuah)

    Amanda.

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  10. Que horror! Reinaldo Azevedo é o fim!!!!

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  11. Não é de hoje que a cegueira que as leis causam se tornaram banais.
    Pois se é lei (e muitas delas falhas, afinal é feita por homens de poder) então TEMOS que obedecer. Já pararam pra pensar quem dita as regras? De todo o interesse por trás? Denunciar a extrema violência dos policiais contra os manifestantes a Veja não quer. Porque será?
    A mídia exerce muita influência em quem não sabe questionar, é por isso que vemos muita coisa escrita contra os maconheiros como se a descriminalização da erva fosse APENAS para "os maconheiros fumarem" e não houvesse tantas outras questões envolvidas.
    Enquanto o latifúndio informativo (Veja, Jornal Nacional) deter o poder das informações, é esse tipo de argumento Ctrl C Ctrl V e vazio que ouviremos ao nosso redor.

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  12. O pior de tudo é que é um colunista da VEJA. Infelizmente, a VEJA é a GRANDE manipuladora da direita. Isso quer dizer que esse cara tem uma grande influência não só dos leitores da Veja, mas também dita uma ideologia e a opinião dele é respeitada. Triste realidade.

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  13. Justamente... é um colunista da revista VEJA. Cabe lembrar que a citada revista tem tiragem SUPERIOR A UM MILHÃO DE EXEMPLARES... ou seja, é uma das revistas que tem maior alcance no Brasil...

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  14. vamos ver algumas das "revistas" que a editora abril, a mesma da veja, publica:
    apoio escola
    superinteressante
    aventuras da história (há!)
    contigo
    men's health (a revista que todas as capas são iguais)
    playboy (a revista que todo o conteúdo é igual)
    Voce RH
    Voce S/A
    Guia do Estudante (aimn!)

    e a que tem mais cara da Abril:

    Vida Simples.

    Não importa onde vc vá, sempre vai topar com esse time "de primeira" da informação nacional. daí voce liga a televisão e topa com William Bonner e toda sua corja que chamam descaramente o publico médio de Homer Simpsom (http://intensivo.wordpress.com/2009/11/05/de-bonner-para-homer/); no rádio, só música & distração... nessas horas eu digo, vivas aos blogs! que publicam sem rédeas!

    infelizmente, ainda é uma minoria que tem acesso à internet para - garimpando muito - encontrar uma linha de crítica ao que passa na televisão, no rádio, ou que aparece nos jornais e revistas...

    cabe à nós transformar a crítica em modo de viver e nos transformar em transformadores ambulantes - pelo menos acho que é válido tentar!

    sigamos em pé, e força!

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